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terça-feira, 31 de julho de 2018

Casa

Acordei no horário habitual, li algumas notícias e levantei para me cuidar para ir pro trabalho e resolvi caprichar um pouco, só para chegar diferente. 
Coloquei uma playlist que gosto e deixei no aleatório, até que tocou aquela música, aquela, e me trouxe a discussão de ontem com meu namorado por causa da minha mãe, da discussão com ela há alguns dias, e do tempo ruim.
Trata-se de uma música cristã que questiona Deus como pode nos amar tanto mesmo sendo o que somos. Ela sempre me emociona muito e hoje não foi diferente, fui as lágrimas.
Lembrei do tempo que frequentava casa dEle como visitante, claro. Nunca foi minha morada também. Lembro que no tempo ruim eu gostava de ir lá, orava, chorava, cantava e me sentia bem, preparada para a semana pelo menos. Minhas válvulas de escape já não eram suficientes e eu me sentia uma senhora de 89 anos quando tinha apenas 15, 16, cansada como se carregasse o mundo nas costas (e era mais ou menos isso mesmo, meu mundo, o que eu conhecia, dependia muito de mim). 
Em casa haviam muitos problemas e cada um lidava como conseguia, eu assumi características permanentes como um ar de independência que chega a incomodar e dificultou algumas coisas na minha vida. Como não teria essa característica se eu tinha q assumir responsabilidades, se não tinha como contar com outros, para quem justificar? Pai, mãe? Não eram opções. Irmãos mais novos? Eu era a referência...
Frequentar a casa dEle me fez bem e eu até chamava minha família e até que eles foram algumas vezes, mas... o problema do meu pai com álcool me afastou de lá. 
Ele começou a ficar diferente, querendo ser todo certo mas n conseguiu vencer o vício então deixou de frequentar. Na igreja começaram a me perguntar por ele, porque ele não estava indo e até comentando que o haviam visto (eu bem sei o estado que ele estava quando o viam baseando-me pela forma que ele chegava em casa) aí eu parei de ir. Não quero parecer ingrata após ser acolhida mas  sentia-me envergonhada por ele ter chamado tanta atenção e logo saiu, por todos olharem para mim perguntando por ele.
Passei muito tempo sem entrar em uma igreja novamente e das vezes que entrei não me senti bem como antes. Não culpo minha família também, eu não quis mais ir no fim das contas, mas, ali na cozinha ouvindo aquela música enquanto fazia vitamina e chorava me lembrou da igreja e da sensação de estar lá e me senti abraçada a todo instante. Acolhida, consolada em paz. Mesmo que tivesse que voltar correndo para casa ou passar a noite acordada num hospital, imaginando uma diferente, ou lembrando coisas.
O que somos hoje é consequência de uma série de erros e acertos, escolhas, pessoas e situações. 
Como pode me amar, Deus?
Fui para o trabalho pensativa e acho que agora, após escrever, acalmarei um pouco minha mente.

 A música: 

Como pode me amar, Deus?
Conhecendo o meu pecado
Sabendo o que eu faço de errado
Como pode me amar assim?

Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu sou falho
E que o meu coração já não bate
Mais como já bateu?

Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu fugiria
Se a porta estivesse aberta
Como pode em mim confiar?

E ainda me pega quando estou caindo
E me abraça quando estou chorando
E segura as minhas mãos
E me leva pra perto das chamas de amor
Que ardem em Teu coração e não se podem conter

Como uma flecha que estoura em meu peito
E me traz de joelhos enquanto eu choro
Tenha o meu coração
Minh'alma soluça
Quando eu percebo o contato de Seus olhos com os meus

Como pode me amar, Deus?
Sabendo o que eu diria
Sabendo que eu me frustraria
Como pode me amar assim?

Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu Te culparia
Pelo que não foi como eu queria
Como pode me amar assim?

Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu me fecharia
Quando Você quisesse entrar
Como pode em mim confiar?

E ainda me pega quando estou caindo
E me abraça quando estou chorando
E segura as minhas mãos
E me leva pra perto das chamas de amor
Que ardem em Teu coração e não se podem conter

Como uma flecha que estoura em meu peito
E me traz de joelhos enquanto eu choro
Tenha o meu coração
Minh'alma soluça
Quando eu percebo o contato de Seus olhos com os meus

Me leva pra casa
Eu quero voltar
Pois longe de Ti
Não é o meu lugar

Eu corro depressa
Pra Te encontrar
De braços abertos
Como alguém que esqueceu

Me leva pra casa
Eu quero voltar
Pois longe de Ti
Não é o meu lugar

Eu corro depressa
Pra Te encontrar
De braços abertos
Em meu lugar

Me Leva Pra Casa - Israel Subirá

Adulteci?

A palavra é nova, o corretor do google não reconhece mas o significado não é difícil de imaginar. Em essência a maioria das pessoas acima de 20 anos, entende.

Adultecência é uma fase da amadurecência que vem depois da adolescência, compreendeu? Parece nome de doença, mas não é. Adultecer significa acordar já pensando no almoço e já ir tirando algo para descongelar porque o dia vai ser corrido; é sentar para calcular as contas do mês, fazer planilha e planejar a semana; é acordar uma hora mais cedo para escrever um texto como esse e ainda tomar café durante o processo para não se atrasar; adultecer significa que, não importa o quanto você chore, mês que vem as contas chegarão, bonitinhas como sempre.

Eu adulteci? Sim, e foi tão natural que mal me dei conta. Custei a entender que isso chegaria e depois que era real, que almejei isso minha infância inteira e agora uma das minhas metas e ter uma casa ampla e planejada com um jardim e varanda gourmet.

Adultecer é compreender os esforços dos nossos pais, é valorizar as coisas pequenas não pelo valor em si mas pela representação dos nossos esforços. Se orgulhar de um carro velho ou apartamento pequeno? Só entenderão os que sabem quanto custa cada horinha trabalhada num mês.

Mas calma, adultecer não é só labuta, desculpa me expressar assim. Também tem várias partes agradáveis, a maioria na realidade é boa. Liberdade para fazer escolhas de acordo com o quanto você está disposto a se esforçar por aquilo, encontrar paz em uma tarde para hobbies ou em ouvir uma musica boa, cozinhando na sua casinha que tem sua cara. É uma delicia saber que os esforços até aqui lhe proporcionaram momentos assim, de alegria e plenitude, momentos que só lhe resta o sentimento de gratidão à tudo, inclusive aqueles perrengues para ir para a faculdade em dia de chuva e perder o ônibus, ou chorar por uma nota baixa, ou ter que aguentar aquele colega de trabalho chato.

Adultecer é atingir uma maturidade que te permite aproveitar mais a vida, a vida que construiu para si e se alegrar com cada pedaço dessa construção.

Não posso negar que foi e ainda está sendo ralado, tem dia que eu só queria sentar na frente da tv e assistir desenhos, mas não consigo imaginar alcançar o que tenho e ainda quero ter sem essa maturidade que venho conquistando. Na real só consigo agradecer por ter chegado até aqui bem e disposta a continuar em ascensão. Rumo a melhor idade!

(Ó Pai, agradeço por me permitir crescer à tua sombra, de acordo com seus planos que sempre são melhores que os meus [não canso de repetir]. Posso não ser filha mas sou uma criatura muito obediente. Obrigada!)


quarta-feira, 11 de julho de 2018

O abraço dele

Há tempos quero escrever sobre esse que considero um tema muito importante. Sempre que eu o encontro, o abraço apertado e as vezes ele fica sem entender o porquê, fica preocupado achando que tô chorando desesperada ou coisa assim, mas não (nem sempre, pelo menos) é só porque eu gosto do abraço dele.
A gente mora longe e isso por si só já é motivo suficiente para abraçar apertado, de olho fechado quando encontra, mas acho que entendo o motivo da surpresa dele quando isso acontece. Quando nos conhecemos eu não era essa pessoa que agora escreve, acho que ontem mesmo eu não era essa, pois evoluo dia a dia. No início eu era uma pessoa muito desprendida, do tipo que acha que nunca vai se apaixonar ou desejar tão desesperadamente ter alguém por perto, um alguém específico, ah menina boba!, só achava mesmo. Hoje sente, sente tanto que quando encontra tal alguém, não solta.
Amo tanto abraçá-lo! Abraço quando o encontro, quando estamos dormindo, quando ele esta fazendo o almoço, no supermercado, parada de ônibus... Não sou louca mas, em minha defesa, ele tem um abraço com cara de casa, entende?!
Ao abraçá-lo eu sinto coisas tantas coisas boas que nem minha melhor descrição seria fiel ao que sinto: uma paz ao ouvir os batimentos dele (vantagem de ser uma pessoa compacta), conforto (ele é macio), uma paz tão grande que as vezes da vontade de chorar, como se eu tivesse andado muito e já perdido a esperança de chegar, então cheguei, entende? Como se eu ansiasse por esse momento a minha vida toda, mesmo que só tenham se passado algumas horas que o vi. Nesse mesmo abraço sinto segurança acolhimento, amor. São braços quentes que quero que estejam ao meu redor o máximo de tempo possível. Quero tanto que mesmo quando brigamos eu o puxo para perto de mim e enlaço os braços a minha cintura, mesmo dormindo eu o quero perto, quero o abraço, quero estar no meu melhor lugar, minha casa.

Prelúdio

Eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor
Tristeza que vai
tristeza que vem
Sem você meu amor eu não sou
ninguém

Samba em prelúdio - Vinícius de Moraes


Eu tenho me sentido assim, como o Vinícius cantou há tantos anos, com relação à escrita. Ultimamente, sucumbida em uma rotina de trabalho, nas preocupações cotidianas, não consigo me dedicar a este que é muito mais que um hobbie, é minha terapia, meu momento de organizar as ideias, os sentimentos.
Tenho estado um tanto perdida, um misto de "hein?!" com "O que está acontecendo?!", nem sei mais escrever, não me sinto segura para tal e procrastino tanto! Há tantos assuntos relevantes para mim que não saíram da minha cabeça ainda... Tanto a dizer, refletir, desenvolver!
Fico na expectativa de logo mais ter algum tempo e me organizar melhor para ter uma rotina mais flexível para ter meu tempo de fato, mas vejo que quanto mais o tempo passa mais isso parece distante de uma realidade palpável. Isso me entristece tanto, fico perdida "Um barco sem mar, um campo sem flor". 
Quem sabe, depois desse, eu consiga empurrar mias algumas palavras, frases, parágrafos para fora (esses cativos de mim). Preciso gritar o que não cabe.
Espero conseguir.
Veremos.