Nos tempos de escola, todos os alunos eram obrigados a
realizar duas atividades extracurriculares à tarde. Em alguns anos entrei no
jornalismo, xadrez, capoeira, vôlei, teatro e dança. Nenhuma das escolas teve
vida longa. Amei a capoeira e ainda penso em voltar, mas quase todos os anos eu
entrava na dança, embora desistisse depois de várias faltas.
Tudo bem, ainda fiz algumas apresentações, mas nunca tive
muito jeito... Odeio coreografias. A dança é o corpo cantando. Não se regra o
canto, apenas o solta. Liberta-o. A dança é
a expressão não-falada do que a música faz. Passos afinados, giros soprados,
piruetas combinadas ao solo de sax. Tudo faz parte de uma atmosfera à parte, só
quem ama a música entende.
Não dá pra entrar na música, entrar de verdade, sem cantar,
sem sentir ou se mexer. Nem que seja a cabeça pra frente e pra trás, ou os
dedos batucando a mesa ou as mãos num solo incrível que sai de uma guitarra
invisível. Há de se sentir.
Ainda não aprendi a dançar, mas não resisto a
uma boa batida. Danço, não por saber, mas por sentir e precisar expressar mais
do que sorrindo, cantando. Preciso vibrar com tudo que tenho e admiro que
consegue isso com mais graça e desenvoltura do que eu. Um dia, quem sabe, eu
aprendo uns passinhos ritmados mas, até lá continuando dançando, assim, do meu
jeito meio sem jeito.
''Fui me perguntar, mas perguntar pra quê? eu só consigo sentir... Não tem nome, só tem sentido,"
Saulo Fernandes
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