Hoje acordei com vontade de ser ainda mais negra. Após ouvir uma história africana e ter pesquisado um pouco mais no dia anterior (coisa de curiosa, não consigo me contentar com pouca informação) me vi cheia de sentimento pela mãe de todas as nações.
Ler a respeito das expressões, religião, costumes... Como é rico esse continente! Me enche de orgulho e tristeza. Se por um lado amo tê-lo em minha essência, através dos meus ancestrais, sinto muito por eles terem vindos cheios vigor e traficados, vindos à força para uma terra nova, sendo obrigados a trabalhar, esquecer sua língua, seus costumes e sendo maltratados. Dói imaginar o quanto sofreram, o quanto meu sangue foi derramado e quantas lágrimas ficaram pelo caminho. Dói ver que mesmo após tantos anos a população negra ainda é marginalizada e sofre tanto preconceito e racismo.
Nesse dia saí de casa com meu melhor turbante, com uma amarração diferente, coloquei brincos grandes e um batom vermelho. Nos fones ouvi uma playlist cheia de reggae, rap, samba e soul. Delícia de música. No caminho vi muita gente me olhar como se fosse coisa de outro mundo. Engraçado, um "pano" na cabeça chamar tanta atenção assim. Chega a ser cômico ver que a cultura negra é tão incomum e que elementos europeus ou norte-americanos fazem mais sentido por aqui.
Que viagem! A umbanda e candomblé serem tratados de forma tão pejorativa por todos, inclusive negros, devido a falta de saber, de conhecimento da própria história, a história do povo que de fato construiu esse país juntamente com os índios.
Acordei orgulhosa de ser quem sou. Feliz pela cor, pelo gingado, pelo cabelo, pela capacidade natural de superação. Coisa de preto (e todo mundo tem).
Acordei orgulhosa de ser quem sou. Feliz pela cor, pelo gingado, pelo cabelo, pela capacidade natural de superação. Coisa de preto (e todo mundo tem).
Quero mais cabelo crespo nas ruas, quero cachos livres das chapinhas, alisamentos e a porra toda. Quero cores, tambores, (capoeira!) riso solto e orgulho das nossas raízes. Quero respeito e expansão da cultura afrodescendente. Resistência.
Axé!
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