Páginas

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Coisas que acontecem em dezembro

Sempre gostei dessa época do ano. Lembro-me que na infância ficava encantada com as luzes, os presentes, as histórias de natal, as festinhas... Tudo era tão encantador que ainda é.
Essa época me despertava (e desperta) um sentimento diferente, algo como uma transição. Fim de um ciclo, início de outro. Acabo ficando mais sensível e pensativa, o que me faz tomar algumas atitudes que não tomaria em outras épocas. Por exemplo: esse ano escrevi uma carta para aquele ex-sempre-grande-amor e realmente pretendo enviar ainda. A carta é simples mas bem sincera, quero por um fim nessa história toda. Além disso entrei em contato com aquele amigo, até então querido, que sumiu. Bom, fiz um tremendo papel de trouxa uma vez que fui falar com ele toda humilde e com boas intenções e ele me tratou com desdém e rispidez. Acontece, né?! eu tentei mas nem sempre as coisas saem como queremos. Doeu saber que toooda aquela amizade não passou de um belo 'Nada' para ele, mas prometi que não permitiria que isso me abalasse ou mudasse minha relação com meus amigos, e estou conseguindo cumprir bem. Outra novidade desse ano: manhã de natal, nublada e de temperatura estranhamente amena, ser surpreendida com abraço e beijos no pescoço estando nesse estado de abstinência, é um verdadeiro teste de residência. Sinceramente, foi difícil dizer "sai fora!" quando se quer o contrário.
Pois é, eu fico bem sensível nessa época e acabo esquecendo alguns limites. Quando dei por mim já estava dando abertura para mais beijos no pescoço e com dificuldade para manter os olhos abertos. Por sorte (ou não) a névoa passou e ele apenas riu (com o tempo que levei para mandá-lo se afastar, certamente).
Bom, mas quem recusaria tal tipo de presente numa manhã de véspera de natal?
Ah, outra coisa que me acontece muito no natal é sonhar *-*. Fico muito sonhadora e esperançosa, não que eu seja pouco no restante do ano, mas em dezembro eu fico uma verdadeira criança com relação a isso (e que bom!) No momento não sonho mais com brinquedos ou viagem para a disneylãndia, mas me encontro sonhando acordada (e estudando nas horas vagas) para uma prova muito importante, para cursar algo que quero muito. Se depender de energia positiva a vaga já é minha (Sorry, concorrência!).

Então é isso. Assim é assim que me sinto em dezembro. Espero que o Natal seja para a maioria das pessoas um momento de reflexão e de comunhão com aqueles que queremos bem. Que haja comemoração, festa e fartura na vidas doa menos afortunados (no que refere-se a bens materiais). Que aquele encanto infantil caia sobre todos e que a ideia de paz para o ano seguinte não seja só mais um desejo vazio. Feliz natal! (Muitos beijos no pescoço hahaha)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Bacharéis

Eu juro que não estava prestando atenção na conversa daquela senhora com o fotógrafo, juro. Mas ficar sentada diante uma tela escolhendo fotos me distraía vez por outra, ainda mais porque não levei meus fones.
Olhar aquelas fotos me fazia lembrar dos momentos exatos do flashes e ora eu ri, ora enchi os olhos com tudo que estava diante de mim. Mas a voz daquela senhora preenchia a pequena sala sem som e foi inevitável não ouvir. Pelo que pude notar ela estava resolvendo umas fotos do filho que estava terminando Direito na mesma faculdade que me formei. Ela disse ainda que queria que incluíssem o Victor nos demais eventos mas que não era mais possível. O fotógrafo sugeriu que ela falasse com o pessoal da comissão. Ele disse que o presidente da comissão era um ótimo rapaz, muito simpático e desenrolado que talvez pudesse ajudá-la. O presidente da comissão era aquele cara. Sim, aqueeele cara. Quando o fotógrafo disse o nome dele, L., eu logo liguei os pontos e percebi que era o mesmo cara que entrou naquela faculdade na mesma época que eu, que ia e voltava das aulas comigo, que ia estudar na biblioteca a noite só pra me fazer companhia.
Passou um filme rápido na minha cabeça e eu ri. De todos os assuntos, de todas as pessoas, logo o nome dele foi dito ali, e tão bem falado. Eu sei que tudo que o fotógrafo disse é verdade, L. sempre foi um cara fantástico, alguém que faz bem ter por perto.
Percebi que o tal Victor, filho daquela senhora, era também colega de turma daquele que um dia foi meu melhor amigo. Por má vontade ou ironia do destino nos perdemos um do outro e a amizade se foi. Agora dois dos caras mais importantes da minha vida estão se formando naquilo que escolheram desde a infância (lembro dos dois falando que seriam juízes na época em que aprendíamos expressões numéricas). Fico muito feliz por eles mas lamento que tenhamos nos afastado tanto e não poder estar com vocês agora. Lembro que fizemos vários planos quando entramos na faculdade, pensando nesse tempo que estamos, nas comemorações, nas músicas...
Espero, profundamente ouvir mais vezes os nomes de vocês por aí, assim como hoje, aleatoriamente. Quero ouvir as pessoas falando bem de vocês, de como são profissionais excepcionais e pessoas tão boas quando eu sei que são. Que o futuro de vocês seja cheio de luz e que sejam profissionais comprometidos com a verdade e a justiça. Espero que consigam ser juízes ou desembargadores, eu sei que podem. Os amo, viu?! Sucesso!

domingo, 29 de novembro de 2015

Bebo porquê... Porquê... Ora, porque sim!

Meu primeiro pensamento do dia foi "nunca mais beberei". Sentia-me tonta e sem apetite, ou seja, a velha ressaca, uma lembrança que extrapolei na noite anterior.
Tenho um suave probleminha quando bebo: esqueço algumas coisas que faço ou digo e geralmente são coisas que eu não faria ou diria em um estado normal. Claro que os amigos me zoam por isso e acabo com uma ressaca moral também, mas já não me importo com esse tipo de coisa. Não tanto quanto antes pelo menos. 
E assim passei o dia me perguntando porque raios bebo. 
O álcool sempre foi presente na minha casa e na história da minha família. Meus pais bebem desde que me entendo por gente. As vezes é irritante e por mais que tentemos não acreditar, a verdade é que meu pai é um alcoolista e isso já se tornou um problema de saúde na minha casa. Meus tios bebem, um deles, inclusive, foi uma vítima fatal do alcoolismo e não pode acompanhar o crescimento de sua filha. Meus avós também bebiam e, atualmente alguns primos também bebem. Enfim o álcool faz parte, mas isso não é o meu motivo. Achei que fosse, mas não é. A maioria dos meus irmãos cresceram no mesmo meio e são aversos ao consumo de álcool e fico realmente feliz por isso.
Por quê bebo? Já passa do meio dia e a resposta não me vem. Talvez lembrado do começo possa responder.
Lembro que durante o ensino médio umas amigas e eu íamos estudar e acabávamos provando as bebidas que nossos pais armazenavam em casa por pura curiosidade de saber o que os atraía tanto no álcool. O gosto era horrível e queimava a garganta enquanto descia, ainda assim continuamos para provar uns aos outros que éramos resistentes (coisa de moleques, concordo). Nessa brincadeira de quem aguenta mais vieram vários porres e ressacas violentas, mas sobrevivemos para contar histórias (as melhores por sinal). Depois de passar muita vergonha e de, de certa forma, envergonhar meus pais, tornei-me mais moderada quando aos efeitos do álcool em mim.
Passei um bom tempo sem beber e então voltei, só que desta vez mais regrada e seletiva. Não saio bebendo qualquer coisa ou com qualquer pessoa. Meu nível de consumo de álcool depende de onde e com quem estou. Hoje me sinto mais responsável e consciente de tudo com relação ao álcool e isso com consegui conquistar depois de quebrar muito a cara (e a moral).
Mas então, por quê bebo? 
Acho que descobri.
Quando bebo descanso a mente, dou folga à algumas partes do meu cérebro que trabalham incessantemente. Eu penso demais, em tudo, à todo momento. As vezes viajo muito em meus pensamentos, passo muito tempo com ideias fixas e por vezes já me perguntei se tenho algum problema por ser assim. Quando bebo me desligo um pouco. Perco metade dos meus inúmeros filtros. Quando bebo meus riso fica mais solto, meu corpo fica mais leve e eu danço sem me importar com o que falarão, fico mais engraçada e faço piadas ridículas. Aliás, falo o que me vem a boca antes mesmo de pensar sobre. Beijo sem me importar se estão olhando... Me permito fazer tudo que meus mil pensamentos não deixam. 
Eu sei que isso as vezes é mal interpretado, me traz alguns vexames mas, como posso ficar realmente chateada se fui eu mesma? Quando bebo sinto-me mais eu porque não me sinto oprimida nem do lado de fora nem no de dentro. Só penso em me divertir e por isso mesmo hei de continuar, sem tornar isso um vício mas me permitindo ser uma versão minha sem filtros de vez em quando.
Por isso bebo. 
E assim vou vivendo até mudar de opinião.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Luz que me traz paz



As vezes vejo umas pessoas tão más (isto é, em situações tão complicadas) que penso em ajudar. Conversar, fazer rir, essas coisas, tenho esse dom, vai por mim. Eu tenho uma queda pelos que precisam de algum apoio, principalmente pelos fracos, excluídos e oprimidos. Não me pergunte como ou porque exatamente, nem eu sei. Apenas sei que sinto muita empatia e tudo que quero é colocar no colo, tirar toda a dor dali até que não sobre mais nenhum problema pelo caminho. Acho que é algo que sempre esteve comigo. 
Sempre gostei de pensar que posso fazer diferença na vida das pessoas. Que posso ser alguém que melhore a vida deles de alguma forma. Isso é tão presente na minha personalidade que escolhi minha profissão com esse propósito: ajudar, fazer diferença, melhorar vidas. Não poderia ser diferente no resto da minha vida não é?

Acho que gosto de cuidar, cresci cuidando. Ser cuidada é um pouco estranho pra mim, mesmo que esse cuidado venha dos meus pais inclusive. Mas lá em casa sempre fomos assim: gostamos de cuidar e de ajudar, tanto uns aos outros como aos que nos rodeiam, Somos assim. Acho que este foi um dos melhores ensinamentos que meus pais me passaram. Desde sempre os vi doar alimentos, roupas, oferecer empregos e fazer favores. Acho que a gentileza mais sincera que podemos fazer é para àqueles que não possuem bens ou influência, sabe? Pessoas simples que não nos oferecem (e sem esperar) nada em troca, nada além de um sorriso, amizade e gratidão. Aquele super clichê "Gentileza gera gentileza" é o mais correto que há.  
Fazer o bem à alguém sem pedir nada em troca me causa uma sensação tão boa! É como se uma luz crescesse dentro de mim, sinto-me grande, bem e em paz. É tão bom receber o sorriso acompanhado de "obrigadx" que torna-se um vício (um vício muito bom, diga-se de passagem). E não pense que gosto de ver os outros em situações ruins só para poder ajudar, pelo contrário: Quero todo mundo bem para que possam ajudar outras pessoas. O que quero para mim, quero para todo o universo. 

(Bem sonhadora né?! Eu sei, eu sei... Mas o que será de nós nesse mundo sem os sonhos?)

Filhos? Melhor não, obrigada!

Eu acho que seria uma boa mãe. 
É, acho que eu seria sim. Seria daquelas que conversa numa boa, sem diminuir os filhos contando com o grande argumento "eu-sou-sua-mãe-ponto". Iria brincar como se tivesse a mesma idade, estimular a leitura e, principalmente, ajudaria a desenvolver o pensamento crítico e reflexivo. Acho que eu conseguiria formar homens e mulheres de bem e de valores afinal.
Mas não, decidi há algum tempo que não quero filhos. Se eu encontrar algum cara que me faça querer dividir a vida com ele, espero que também não queira espalhar seus genes por aí. Não é uma questão egoísta, eu até queria mesmo ter algumas crias (isso mesmo, no plural, todo mundo tem que ter irmãos), mas acho injusto e desumano condenar alguém propositalmente para viver nesse mundo. Temo o que será da minha vida nos próximos anos: Escassez de água, empregos, calor excessivo, violência crescente, descaso com educação e saúde, fanatismo, corrupção, alienação... São tantos absurdos que não consigo aceitar uma "mini-mim" solta e desprotegida por aí, sem a liberdade de ser feliz como se deve ser. Quero que este Ser seja tão feliz que não quero que venha e encontre esse mundo doente de tudo.

Parece que abriram a caixa de Pandora e perderam a tampa. 
Ter filhos é de uma responsabilidade tão grande que desde já não cabe em mim, não posso garantir liberdade, segurança e saúde para uma pessoinha nesse mundo que vivemos, infelizmente. Nessas horas penso em meus sobrinhos, nos filhos dos meus primos e nos dos meus amigos... Quero tanto bem a essas crianças que sou/serei uma tia fantástica. Todo amor, carinho e proteção que não usarei com os filhos que não espero ter será revertido para esses anjinhos que não saíram de mim mas que também serão motivos dos meus sorrisos.
Sei que ser mãe não é só parir. É criar, cuidar, proteger, pensando assim já poderia ter vários filhos mas, acredito que gerar um ser é uma experiência à parte. Saber que fecundei, desenvolvi, pari, eduquei e vi crescer uma criança que saiu de mim é algo que não posso sequer imaginar a sensação. Saber que o mundo que estamos deixando para as próximas gerações é tão caótico e absurdo que não posso conceber a ideia de passar meu DNA, o DNA da minha família à diante. No que depender de mim, acaba aqui. Vou cuidar dos meus sobrinhos (de sangue ou postiços), vou criar animais, talvez até adote algumas crianças que não tiveram culpa por nascer e por algum motivo não terem pais para cuidar delas. Vou orar para que o mundo seja um lugar melhor, não para mim, mas para os pequenos que estão vindo. Que o universo conspire à favor deles. Amém.

domingo, 22 de novembro de 2015

Me encontra ou deixa eu te encontrar

Ver imagem original

E sabe o que é mais engraçado? Pensar em você antes de dormir. 
Tá, não exatamente você, porque não sei quem és, mas fico imaginando quem será, se gosta de séries, se prefere praia ou campo, gatos ou cachorros. Fico imaginando se você também gosta de O teatro mágico e se é fã de Legião. Fico tentando imaginar como você é ou que tipo de perfume deve usar, afim de facilitar minha busca. Imagina só nos encontrarmos em um lugar bem corriqueiro e rolar aquela frase "cara, sabia que você gostava disso!"
Será que vamos ter afinidade imediata ou isso virá com o tempo? Não sei, são tantas questões que passo um bom tempo batendo esse papo com meu travesseiro, pensando se você também pensa em me encontrar por ai, Será que já nos encontramos em sonho? Será que já nos cruzamos por ai?
Será que demorará para nos encontramos de verdade?


"Mas se você me ver, pode acenar pra mim
Já pensou que louco te encontrar assim?
Eu vou na boa, vou na fé, sei que vou te encontrar
E quando eu te encontrar nós vamos comemorar
Me encontra ou deixa eu te encontrar"
Me encontra - CBJr.

domingo, 15 de novembro de 2015

Liberdade, igualdade, fraternidade

Hoje acordei com uma sensação estranha. Não sei explicar bem como era, mas havia medo de perda, um medo muito forte, o sangue esfriou e senti algo esquisito em todas as minhas terminações nervosas. Ligo a televisão e encontro notícias absurdas, já a internet é mais explicita ainda e me mostra imagens que eu jamais gostaria de ver na minha vida. Rio tomado por lama, caos instalado em ruas, índios queimados, intolerâncias das mais diversas, fugas pela vida, armas nas mãos... vidas marcadas e destruídas. 
Isso me aflige tanto! Fico imaginando em quão absurdo a falta de amor ao próximo tem espalhado pelo mundo. Somos armas, tecnologia de ponta autodestrutiva, suicidas. A humanidade ao longo dos anos mostra cada vez mais que não precisamos de profecias, ETs, desastres naturais para o fim da nossa espécie, nós mesmo somos capazes de fazer isso. As vezes me irrito com a preocupação excessiva dos meus pais, mas em momentos de reflexão como esse percebo que isso tudo é um medo real, um reflexo causado pelas notícias com que nos bombardeiam diariamente. Há medo e sair e ser assaltada, estuprada, há medo do preconceito, há medo da morte. Isso tudo é real e impossível fingir que não é conosco. Pelo egoísmo a humanidade é capaz de matar friamente pessoas (sem se quer saber quem são ou suas histórias) apenas por estarem e determinado lugar ou terem um cultura diferente. Pela intolerância a humanidade é capaz de apedrejar, torturar e matar uma dezena ou milhares de pessoas apenas por não pensarem da mesma forma, ou deixar uma cidade inteira sem água para favorecer negócios particulares. 
Eu, que sempre considerei o lema francês como o mais fantástico do mundo, fico me perguntando onde foi que a humanidade se perdeu, quando foi que ela desenvolveu essa maldade tão... tão... não consigo encontrar uma palavra adequada para o que é isso. Mas ai eu se surpreendo com a resposta que me veio em seguida: desde sempre. Desde que o mundo é mundo a humanidade é o que é. Até mesmo a Bíblia mostra isso ao relatar a história de Caim e Abel, um irmão que mata o outro por ciúmes, o primeiro homicídio da nossa humanidade e depois disso não parou por ai. Depois disso vimos guerras por poder, poses através de mentiras, roubo de pobres para tornar uma minoria mais rica. 
Em dias como este sinto-me mal por ser parte dessa humanidade, tão triste que me cresce a certeza que não quero ter filhos. O sonho de (quase) toda mulher é ser mãe, eu já tive esse sonho também, ver a junção de partes do homem que amarei e minhas em um só ser, traços meus e dele em um serzinho que eu geraria em meu ventre mas, há alguns anos comecei a refletir mais sobre as notícias que leio e vejo. As pessoas parecem amortecidas com tudo isso e parecem achar normal, mas eu não acho, e digo mais: Não acho justo gerar uma criança e apresentar-lhe um mundo que ela não possa apreciar. Não quero que uma parte de minha já nasça com a sensação de medo e insegurança, que não possa confiar nos colegas de escola, que não possa brincar na praia devido ao risco de sequestro ou ataque de tubarão. Medo, medo, medo. Não quero entregar uma parte de mim para esse mundo tão caótico e cheio de ódio, egoísmo e maldade. Eu já amo demais esse pequeno ser para condená-lo à uma vida tão restrita.
Toda a lamentação que possamos sentir não seria suficiente, jamais conseguirei expressar o que sinto com toda a devastação que, infelizmente, somos capazes de causar. Nos destruímos, destruímos nossa terra, os animais e já não há valores suficientes para nos redimir. Não há respeito pela vida nem lágrimas suficientes para chorar tantas dores e tragédias protagonizadas por nós, e dói muito admitir isso, 
Liberté, Egalité, Fraternité.
Liberdade, Igualdade, Fraternidade, esse foi o lema da Revolução Francesa. O mundo precisa entender a significância dessas três palavras. Cada um deve ser livre para ser o que quiser e pensar como quiser; toda e qualquer pessoa deve ser respeitada por suas ações e escolhas, desde que isso não machuque ninguém; todos devemos nos respeitar como irmãos e não fazer nada mais, nada menos que o que gostaríamos para nós mesmo.
Não é porque o ataque terrorista à França me chocou que eu sinto menos pelo Rio Doce, ou pelas pessoas que morrem diariamente vitimas da violência, pelos refugiados da Síria espalhados pelo mundo ou pelos que passam fome. Isso tudo se acumula em mim em uma mistura de impotência, dor e raiva. Acontece que dói mais por ser algo muito direto. Pessoas de carne e osso levantando armas e bombas para matar outras pessoa de carne e osso. Pessoas que olham diretamente o sangue de outra pessoa abandonar seus vasos sanguíneos e espalharem-se em paredes e calçadas, líquido este tão vermelho quanto o sangue do atirador. Isso me choca profundamente, nem falo só da França, falo também dos mortos pelo tráfico, pelo descaso com saúde, pelas mortes gratuitas. Não adianta mudar sua foto do facebook, isso não é solidariedade. Solidariedade a fazer realmente algo a respeito.
Já não tenho esperanças que o mundo possa ser um lugar melhor, mas fazer o bem ao próximo é uma forma de ser melhor. Diariamente tento expandir meus valores, ser melhor e me cercar de gente assim. Gente que ame, que sorria e faça sorrir, gente que ainda sente inquietude quando ver absurdos, gente que faz sua parte para viver numa sociedade melhor. Eu sei que é um trabalho de formiguinha mas precisamos começar de algum lugar. Mudar a nós mesmos, mudar nosso bairro, a cidade. Não sei quando, mas um dia, talvez um dia, essas mudanças positivas possam nos tornar seres um pouco menos humanos. Quem sabe temos a sorte de ser um pouco como alguns animais, tipo os cachorros. Poderíamos aprender muito sobre o amor genuíno com eles.

Faço de mim
Casa de sentimentos bons
Onde a má fé não faz morada
E a maldade não se cria

Me cerco de boas intencões
E amigos de nobres corações
Que sopram e abrem portões
Com chave que não se copia

Observo a mim mesmo em silêncio
Porque é nele onde mais e melhor se diz
Me ensino a ser mais tolerante, não julgar ninguém
E com isso ser mais feliz

Sendo aquele que sempre traz amor
Sendo aquele que sempre traz sorrisos
E permanecendo tranquilo aonde for
Paciente, confiante, intuitivo

Faço de mim
Parte do segredo do universo
Junto à todas as outras coisas as quais
Admiro e converso

Preencho meu peito com luz
Alimento o corpo e a alma
Percebo que no não-possuir
Encontram-se a paz e a calma

E sigo por aí viajante
Habitante de um lar sem muros
O passado eu deixei nesse instante
E com ele meus planos futuros
Pra seguir

Sendo aquele que sempre traz amor
Sendo aquele que sempre traz sorrisos
E permanecendo tranquilo aonde for
Paciente, confiante, intuitivo



Morada - Forfun


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

B-day!


Rá! Eu sei que não é hoje mas, bem, me deu vontade de tentar te escrever alguma coisa, já que nunca te escrevi nada, então vai ser isso mesmo (espero que saia algo bom que possa ser enviado).
Essa é uma amizade recente e uma feliz surpresa (tá, não tão surpresa assim). Mesmo convivendo diariamente durante alguns anos nunca fomos próximos e essa proximidade só veio assim, no fim do ciclo, porém creio que seja uma daquelas permanentes, sabe?! Não sei... desde sempre achei que poderíamos ser bons amigos devido as afinidades óbvias: Temos um gosto musical muito foda e só isso já bastaria para sermos "BFF" hahaha. Admiro bastante sua visão de mundo e a forma que tenta levar a vida, de forma justa, leve e cheia de amigos. Não sei praticamente nada de sua vida, suas histórias, medos, neuras... mas sei que você tem um riso frouxo (rir até do vento que passa), sei também que você é um tipo de amigo que todo mundo precisa ter e, principalmente, que você é um cara que merece todo tipo de felicidade que o universo possa oferecer por ter esse caráter, essa postura ética e até mesmo pela tão falada cara de pau!
No dia do meu aniversário eu tenho o hábito de fugir um pouco da correria e comemorações (também porque não gosto muito de comemorar) e paro para refletir. Penso no ano tooodo que passou, as coisas que aconteceram, coisa que eu queria que acontecesse, enfim uma retrospectiva. Depois eu faço um plano mental para o novo momento da minha vida: minhas metas, desejos e pedidos de bênçãos. Se um conselho for bem-vindo, te presenteio com esse, é um exercício muito bom viu?!
No dia de hoje, com esse novo ciclo que se inicia na sua vida, te desejo nada menos que bons amigos, motivos para se manter a fé, gargalhadas de fazer chorar (e a barriga doer de tanto rir e, no seu caso, acrescente ficar vermelho também), amor, viagens inesquecíveis e crescimento (sempre ascendendo!). Continue sendo o bem, levando a luz ou se preferir o contrário sendo a luz, levando o bem.
Fique bem, comemore!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Sincera como não se pode ser


"Ontem à noite eu conheci uma guria
Que eu já conhecia de outros carnavais
Com outras fantasias
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão"
Piano Bar - Engenheiros do Hawaii

Ah, Senhora, minha cabeça roda só de pensar em toda essa situação que você está. Evitei te falar muitas das minhas opiniões por não querer ser pessimista ou me meter demais na sua vida (sei que já tem muita gente fazendo isso e eu não queria ser mais uma). Sempre tive uma admiração ímpar por sua força e determinação, com todos os obstáculos e desafios você conseguiu terminar o curso que sempre quis e tem condições de trilhar caminhos brilhantes. Você tem um brilho próprio, a capacidade de levar alegria e causar sorrisos até nos rostos mais carrancudos que aparecerem no seu caminho. Você tem um coração enorme e isso é indiscutível. Mas tem um probleminha: Não sabe o que é ser dona de si.
"Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver

És parte ainda do que me faz forte

E, pra ser honesto

Só um pouquinho infeliz"



Giz - Renato Russo
Eu nunca ousaria dizer que sua mãe não te ama com tudo que pode e que não te apoiou em tudo, É impossível. Ela é una mulher que a vida obrigou a ser forte e criar sozinha três filhos. Ela quer e sempre quererá o melhor para você. Mas acontece que no processo ela acabou se apegando a vocês (em especial, a você) com tudo que pode e controlar seus passos e seus caminhos é quase que uma função permanente na vida dela. Você nunca pode experimentar nada novo sem a supervisão dela (não esqueço que ela nunca te deixou visitar minha casa, nem com meus pais falando diretamente com ela). Ela teme muito te perder e por isso te prende. Não quer te ver voar para longe dela. Por nada. Ai aparece esse homem. Vocês se apaixonam e você (sabe se lá como) consegue ir para perto dele. Viajou para o outro lado do pais por ele e agora está em uma das situações mais complicadas que já te vi.
Eu nunca te disse isso mas, acho que você anseia desesperadamente por liberdade, a tal ponto que deseja se casar em tempo recorde. Acho que é para se libertar da sua mãe e sei que o casamento é por conta da religião. Mas vai com calma amiga, pensa que eu esqueci daquele gastrônomo? Não digo que é a mesma situação agora, mas bem que parece. Eu queria te dizer que você não pode pensar casar para se libertar, porquê na real, não vai ser livre assim. Você vai mudar de um tipo de controle para outro. Vai passar da sua mãe para ele e nunca saberá o que é ter uma vida sua de verdade.
Eu queria que antes de casar você soubesse o que é ter uma casa sua, onde você pudesse arrumar do seu jeito, pudesse impor seus horários e suas regras e decidisse quem entra ou saí da sua casa e da sua vida. Eu queria que você tivesse a sensação de sair sem ter a obrigação de pedir permissão, avisar para onde vai, com quem e o horário que volta. Eu queria que você estudasse e fizesse algo por você e não pela obrigação de fazer os outros felizes através de suas conquista. Eu queria tanto que você soubesse o que é receber seus amigos em casa e decidir sair de repente com eles, conversar no volume que quiser, sem filtro nem nada. Queria que você conhecesse novas lugares, cidades e pessoas. Queria que você voasse até perceber que não há limites para suas asas. 
Queria tanto que você soubesse o prazer que é cortar o cabelo do jeito que você quiser e perceber o black te cai bem e os cachos podem te deixar linda também, você ia amar isso, vai por mim. Queria que você fosse você mesma e tivesse certeza de quem é afinal. Tenho certeza que você seria muito mais feliz num casamento se tivesse essas experiências antes. Acho que você se sentiria mais segura em casar, se prender â alguém pelo prazer da companhia e não pela obrigação determinada pela aliança. Sabe, se tivesse esse tipo de vivência você teria uma nova maturidade emocional e estaria pronta para a vida à dois. Como você pode ser metade de alguém se não sabe o que é ser inteira? Como pode se entregar em uma história se se quer pode fazer uma viagem de dois dias? Diga-me, minha amiga, como você pretende construir um futuro se o seu presente é tão incerto e atrelado a opinião alheia?

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

Chico Xavier
Você deve seguir rumo a sua felicidade, fazer o que você quer, mas o que você realmente quer fazer? O que você gostaria de fazer se não houvesse a interferência de sua mãe, sua irmã, seu namorado, seus amigos e os não~tão-amigos que te rodeiam? O que faria se fosse só você e você?
Foi uma loucura você ir para tão longe tendo essa estabilidade de castelo de areia mas, você pode consertar as coisas, eu sei que você pode assumir o controle de sua vida. Você. Pode. Acredite nisso também. Torço por cada vitória sua. Te desejo tantas coisas boas quanto desejo para mim. Eu sei que você vai dar a volta e descobrir como é bom ter uma vida e como a liberdade cai bem nas pessoas alegres ;)

sábado, 31 de outubro de 2015

Parede em branco

Eu sei que esse momento pede que eu seja dinâmica, competitiva, que "mostre serviço". Eu sei que todo mundo tá correndo atrás do seu espaço no mercado de trabalho e que todos estão se capacitando, fazendo sua clientela e seu nome. Eu sei de tudo isso e enquanto o mundo corre contra o tempo eu quero paciência, calmaria.
Aham, tô ligada que o mundo não pára para que eu conserte minha vida e que enquanto eu fico aqui encarando essas paredes meus colegas estão correndo atrás dos seus futuros, coisa que, inclusive, eu deveria está fazendo, mas como posso pensar no futuro se meu passado ainda se faz presente e o presente é uma desordem total? Como posso avançar uma casa se me sinto estancada?
Eu nunca parei, sempre fui uma pessoa elétrica que nunca para de estudar, sair com os amigos, cantar, escrever... sempre estou fazendo um milhão de coisas, quase sempre ao mesmo tempo, mas estando nesse momento de transição eu me dei o direito de parar. Me permiti parar para refletir e respirar e acho que foi a melhor coisa que fiz em anos.
Hoje acordei e dei uma boa olhada ao meu redor, vi duas pilhas de roupas no canto do quarto e penteadeira bagunçada, havia louça na pia da cozinha, sandálias e tênis na sala junto com bolsas e livros por todo o espaço. Os móveis estavam cheios de poeira e casa precisava ser pelo menos varrida há umas duas semanas. Vi que minha casa precisava de mim e estava tão bagunçada quanto eu.
Aquela desordem me incomodou e eu nem sabia desde quando aquilo estava assim então comecei a fazer o que precisava ser feito. Era um trabalho de formiguinha mas eu também não estava com pressa. Levei meu tempo para colocar cada coisa em seu lugar.
Comecei pela sala. Sendo minha casa tão pequena este espaço acaba sendo o multifuncional e ponto de recepção e reuniões com amigos, é o primeiro ambiente da casa. Tirei os objetos da estante, limpei cada peça, mudei os móveis de lugar, mudei tudo de lugar e depois limpei cada pedaço do chão e das paredes. Percebi a sala maior, ficou tudo muito mais claro e eu acabei ganhando uma enorme parede totalmente branca, que parecia estar esperando ser ornamentada e ganhar vida.
A cozinha foi a parte mais fácil. Lavar, organizar cada coisa em seu lugar, reabastecer os armários, isso me deu muito tempo para divagar em meus pensamentos e colocar algumas coisas no lugar. Depois das compras a casa parecia ser habitada novamente (por pessoas, não vampiros). De lá segui para o mais difícil: o quarto. Lá não havia só roupa espalhada, haviam lembranças. Respirei fundo e comecei.
Coloquei toda a roupa suja no cesto da lavanderia, toques os lençóis, organizei meus cremes, perfumes e bijuterias; abri o guarda-roupas e organizei as peças lá dentro. Abri algumas caixas escondidas e lá estavam, as lembranças. Havia um monte de coisa desorganizada, muitas que nem precisavam estar mais aqui. Olhei cada peça, cada papel, cada carta, cada foto. Haviam texto que escrevi e outros que recebi. Os que escrevi me lembraram quem fui, quem eu queria ser e quem eu era agora, vi que mudei muito (envelheci bastante com o processo). Revi tudo, lembrei dos detalhes da época... Algumas pareciam tão surreis, como se nunca tivessem existido, mas as recordações estavam ali, para provar que eram verdades em algum momento. Vi algumas fotos de pessoas que pareciam ser amigas, outras de pessoas que eu nem achava que era amigas mas que estão comigo até hoje. Vi fotos minhas da infância e ri do meu sorriso de criança. Eu era uma criança meiga e fofa, afinal, quem diria?! Revi o rosto dele em algumas fotos, fazia tanto tempo que não o via! E sabe o que acabei percebendo? Que já não havia emoção ao olhar o rosto dele. A lembrança era viva, a foto foi tirada no dia da pré estreia de um filme que fomos assistir. Durante toda a sessão trocamos carinhos, sorrisos e ele fazia questão de me dar pipoca na boca a todo instante. Ele era um bom cara. Guardei a foto.
                 "Tem umas coisas que a gente vai deixando de ser e nem percebe." 
                                                     Caio Fernando Abreu

Após duas horas apenas com aquela caixa, joguei muita coisa fora, partes da minha história que não se encaixavam mais. A caixa ficou meio cheia (ou meio vazia?), abrindo espaço para novas partes de minha história que estão por vir e isso me fez sorrir. Limpei tudo e olhei para o quarto, estava visivelmente mais leve e alegre e eu também me sentia assim.
Por fim lavei o banheiro e, após, me dei ao prazer de tomar um belo banho sem pressa (desculpa Terra, economizei o máximo que pude). Lavei e hidratei o cabelo e o rosto. esfoliei a pele, usei meu óleo de banho favorito. Ao sair da banho, ainda enrolada em uma toalha com cabelo pingando, olhei para minha casa: limpa, simples, organizada e apresentável. Era um espaço aconchegante e que me fazia sentir bem por estar aqui.
Enquanto penteava os cabelos, batendo aquele papo com meus cachos, percebi que minha casa é um reflexo de mim. Eu estava uma bagunça ambulante, me sentia mal e não tinha vontade de fazer nada. Colocar as coisas no lugar em minha casa me deram tempo e estímulo para colocar as coisas no lugar dentro de mim, faz algum sentido? Simultaneamente a ordem veio, junto com a alegria e leveza. Sinto me, pronta para sair por essa porta e seguir as metas que tracei há não muito tempo, sinto que posso fazer muitas coisas e viver tantas outras,
Agora só uma coisa me incomoda: aquela parede branca pedindo para ser alegrada. Seria ela meu novo estado de espírito? Uma tela prontinha para receber histórias, cores e amores? Ainda não decidi se colocarei prateiras coloridas, fotos ou uma pintura bem viva. Talvez todos.
Agora minha casa está pronta para receber amigos e família, agora eu estou pronta para receber sorrisos e afetos. E que venham os amores!





"Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora
A casa fica bem melhor assim"

Tendo a lua - Herbert Vianna

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Por mais pessoas que façam sentir (e não sentido)




"Se fiquei esperando meu amor passar. 

Já me basta que estava então longe de sereno.
E fiquei tanto tempo duvidando de mim. 
Por fazer amor e por fazer sentido."
Legião Urbana




Com esse mundo tão caótico e caminhando para ficar cada vez pior, encontrar pessoas que sentem algo é quase como acertar os números da loteria, sério, as pessoas perecem estar amortecidas com tanto absurdo, tanta dor, traumas e medos.
Há um tempo que agora parece muito distante, eu achava que sentir era coisa de gente fraca. Amor, paixão e medo não existiam para mim, ou pelo menos não deveriam existir. Minha vida era uma loucura naquela época e para uma adolescente vivendo em uma fase conturbada na família o não-sentir era a melhor opção para manter a sanidade (e as coisas funcionando em casa).
Mas o tempo passou e a evolução veio. Pude ver que sentir é na verdade um presente, mesmo que seja triste, mesmo que seja dramático, enquanto eu tiver emoções e puder senti-las estarei feliz. Isso atesta que ainda estou vivia e querendo viver mais. Sabe, as artes de modo geral (incluindo a linda sétima arte) são um verdadeiro presente para nossa existência. Através delas podemos encontrar partes adormecidas ou até inexistentes dentro de nós. Me sinto bem ao ler um texto ou livro que consiga transformar palavras em sorrisos, lágrimas, raiva, angústia, felicidade. Me encanta o poder que algumas pessoas tem de tocar outras com sua arte, seja ela qual for. É simplesmente mágico sentir através do prisma de outro alguém. Agora mesmo sentada nesse carro, olhando a vegetação nativa que passa veloz pela janela e ouvindo essa música com guitarras e tambores sinto felicidade e paz. Uma paz tão branda que parece que tocará a todos aqui, quem sabem até toque as pessoas nos outros carros que passam por nós, como se não houvesse um fim para ela.
Fazer sentir não é uma exclusividade dos artistas, não mesmo. Algumas pessoas tem o poder de nos fazer isto apenas com gestos simples. Uma amizade sincera, um abraço acolhedor, tudo isso nos faz sentir únicos e quero me cercar de gente assim, quem sabe até um amor. Não que eu passarei a vida esperando alguém perfeito mas, ficaria bem feliz se algum dia alguém me fizesse sentir só por ser quem é. Que me aqueça meu peito com um sorriso, sabe? Que me faça sentir como se os pés não tocassem o chão ao ouvir sua voz e as vísceras resolvessem dançar ao simples encontro dos olhos.
Me encantaria esbarrar com alguém em um lugar simples e corriqueiro e ali, entre prateleiras de supermercado por exemplo, eu consiga ver algo a mais em algum desconhecido e assim, torná-lo alguém para mim e vice-versa. Ter alguém que te faça sentir sem que precise mover céus e terras para isso deve ser gratificante, um verdadeiro presente.
Não que eu vá esperar eternamente mas seria bom que viesse por aqui algum dia, assim, só por vir mesmo. Até lá vou sentindo com as minhas artes, meus amigos, minhas paixões. Que venha o amor para fazer-me sentir mais. (Mais o quê? Descobrirei em breve!)
Com esse mundo tão caótico e caminhando para ficar cada vez pior, encontrar pessoas que sentem algo é quase como acertar os números da loteria.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Preciso me encontrar

Há muito tempo não me sinto tão bem, porém ainda não encontrei a paz que tanto busco. É certo que reencontrar àquela que tanto amei e ainda descobrir uma filha adorável foi um enorme presente em minha vida sem lembranças.
Não sei quem fui, não sei se tenho família. As memórias vêm das mesma forma que se vão, mas sempre lembro dela, minha amada. Não lembro bem como nos conhecemos nem quando, mas sei do que sentimos e isso é suficiente para que eu acredite nas palavras que ela me diz, embora eu ainda creia que há muito para lembrar, há muitas brechas, lacunas vazias.
Passei muito tempo em uma prisão requintada. Havia salas arejadas e limpas, jardins, porém eu não podia sair e era altamente medicado. Não lembro quanto tempo passei ali nem da vida que um dia devo ter tido. 
Consegui, após várias tentativas frustadas, sair daquele lugar mas, agora olhando essas grades enquanto caminho por este jardim tudo que sinto é o desejo de fuga. Não sei para onde mas preciso está do outro lado deste portão alto e enferrujado com correntes e cadeados enormes, querem me prender de novo.
Andando por entre as árvores, mato e folhas secas andei sem rumo, perdido em pensamentos tentando juntar as peças, tentando lembrar da minha vida, sinto que tenho tanto a lembrar...  
À frente encontrei uma lápide, não parecia abandonada embora estivesse tão longe de qualquer lugar. Havia um nome, duas datas e uma foto emoldurada. Sentei-me. Olhei a foto de um jovem, com barba e me vieram lembranças: aqueles rapaz com uma moça, ele argumentando com sua mãe sobre seu amor mesmo sendo tão moço e o mesmo rapaz sofrendo um acidente. As lembranças eram tão fortes e os sentimentos tão intensos que me pus a chorar. Ali, diante da lápide com meu nome (ainda que não soubesse se esse era mesmo meu sobrenome) eu chorei. Chorei por mim, por quem fui, quem era e por não poder ser quem eu queria. Aquela lápide era minha e tudo que eu queria eram as lembranças que parecem jazer ali. Senti raiva, angústia, medo, dor... era tanta coisa que as lágrimas acabaram sendo bem vindas. Ao menos eu descobri um sobrenome e lembrei alguns acontecimentos importantes ainda que dolorosos.
Sinto que cada vez mais me aproximo da junção deste quebra-cabeças que tanto me atormenta. Um homem sem memória alguma não tem raízes, não sabe quem é e nem mesmo para onde vai. Só quero me encontrar, me entender. Sentir paz.


*Inspirado em uma cena da novela "Além do tempo" 
exibido em 07.08.2015 pela rede globo."


"Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar"

Preciso me encontrar - Cartola

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Véia

Conheci muita gente durante a graduação. Gente de vários lugares, várias histórias e sotaques. No meio do curso apareceu uma mulher, um pouco mais velha que a maioria das pessoas da turma (tinha quase o dobro da minha e idade) e com uma vasta experiência de vida. Quando todos pensávamos em respostas óbvias para certos problemas ela vinha com uma visão completamente diferente, um ângulo que poucos utilizavam. Ela quase sempre era do contra mas na maioria das ocasiões pensava e defendia o melhor para pessoas que não estavam presentes mas era as mais interessadas: o paciente e sua família. Nós que escolhemos cuidar do próximo temos que ter essa visão geral, do melhor pro próximo, mas muitos se alienam com pensamentos egoístas de notas e reconhecimento. 
A visão humana sempre foi o que mais admirei na Véia (apelidos que pode não parecer, mas é bem carinhoso sim). Isso e sua força de vontade incomparável. Ela teve muitas oportunidades de abandonar seus objetivos mas mesmo assim foi em frente e nunca baixou a cabeça para ninguém. Atrevida que só ela, sempre defendeu as causas que achava justas e isso fez dela uma pessoa única. Alguém que de fato sabe o que é olhar para o próximo como se olhasse para sua mãe, filha ou neto. Alguém que quero levar sempre comigo como um modelo de amor ao próximo.
Faz pouco tempo que findou-se a convivência diária e já sinto saudade dela. Dela e de mais um monte de gente. Mas acredito que pessoas assim são sempre presentes, nas lembranças, em algum gesto. Sempre lembro dos meus amigos mas dela eu lembro sempre que vejo a almofadinha verde que fica frequentemente sobre minha cama. Um objeto cheio de significado e carinho, Uma lembrança que a faz sempre presente.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Black is Power, baby!


Sempre fui uma garota tipicamente negra. Desde a infância curtia meus cachos, me encantava pela história afro e tudo a respeito. (Já era uma nerd ligada em história muito cedo).
Na escola muita gente gostava do meu cabelo, elogiavam, diziam querer um. Outros diziam que era feio, pixaim ou coisas assim, porém nunca me importei muito. Mas eu não entendia muito bem as "molinhas" que eu carregava na cabeça. Queria elas compridas e elas sempre subiam mais e mais. Ai eu conheci a química. Ela fez os cachinhos descerem porém diminuíram também. Não havia volume e isso sempre me incomodava um pouco, mas logo ele voltava (junto com a necessidade do retoque) e foi assim por mais de 10 anos.
Mesmo com os produtos fétidos eu ainda tinha meus cachos. As vezes fazia tranças e me amava com elas, achava que exaltava minha cor, minhas raízes. Nunca os quis lisos, achava sem graça e não combinaria comigo de todo modo. Ainda assim pessoas vinham me perguntar porque eu não alisava de uma vez, que ficaria muito bonita ¬¬
O fato é que há cerca de um ano as coisas começaram a mudar. Fui numa reunião de cacheadas, crespas e afins e isso me abriu os olhos. Elas levaram músicas, textos, suas histórias e a história do povo negro. Isso tudo mexeu comigo. Também comecei a ouvir umas músicas novas para mim: Rap, novos reggaes. Como curiosa assumida que sou, pesquisei mais músicas, mais histórias, fui à Africa, EUA, movimento Black Power nos anos 60. Descobri que essas duas palavras não são só um estilo de cabelo, o cabelo é só uma representação. O movimento mesmo enfatizava o orgulho racial. E depois de tanto ler, tanto ouvir, tanto sentir, cara, que puta orgulho senti!Orgulho por ser quem sou, de trazer em meu DNA uma cultura tão rica!
Conhecer seu cabelo, assumi-lo como ele é significa se entender, compreender de onde veio e para onde pode ir. Sabe, depois que compreendi que meu cabelo pede volume, pede cuidados diferentes, isso me mudou. Ele tem naturalmente estilo e excentricidade, assim como eu. Sou um pouco rebelde, sempre fui meio contra a correnteza, gosto de agir conforme meus pensamentos e odeio que tentem me conter, me controlar. Se eu sou assim como posso querer "domar" meus cachos, "controlar" meu volume? Meu cabelo merece a liberdade e leveza que eu quero para mim. Ele grita para ser livre e tudo que posso fazer e libertá-lo. Libertar dos produtos mágicos, dos grampos e amarras. 
Ter o cabelo natural me fortalece a identidade. Não é só uma moda, é um movimento de compreensão, aceitação e liberdade de dogmas e esteriótipos e tendências da mídia. Empoderamento é a palavra. É gostar de si e parar de lutar contra uma essência. Um ato político, uma forma de enfatizar e fortalecer uma história e cultura cada vez mais esquecida, de um povo que muito fez e quase nada tem. Por mais que você mude, seu cabelo cresce mostrando que faz parte de ti e sempre será.
Nem sempre é fácil. Nem todo mundo entende, até mesmo a família e amigos mas, se você sentir essa necessidade dentro de você, não haverão argumentos que te impeçam de florescer tal como és. Entender que isso é uma forma de crescimento pessoal e evolução da sociedade (que cada vez mais tem pessoas assumindo raízes) é fantástico, é do caralh#! O black é power, bebê!


sábado, 3 de outubro de 2015

Traição, Posse e Modernidade

Há uns dois meses fui para uma festa com alguns amigos. De lá, todos bem embriagados, fomos continuar a festa em outro lugar (a noite é uma criança, né?) e acabou que entre uma dose e outra alguns acabaram em beijos e carícias. O álcool dá aquela coragem e as coisas rolam, acontece. O problema foi que alguns estavam "em relacionamento sério" com pessoas que certamente estavam em suas casas, dormindo. Nem preciso dizer a dimensão da polêmica que isso tudo causou.
Hoje em dia vejo que as pessoas querem não só o amor, mas sim posse. Querem ser donos do ser que dizem amar, invadem a privacidade, amizades... Estão em absolutamente tudo. É irritante. Sério, se você for um@ namorad@ ciment@ e/ou possessiv@ reveja seus conceitos, quer um amor ou um passarinho engaiolado?
Penso que a traição em si não é o grande "X" da questão e que pode ser perfeitamente compreendida e perdoada. Mas calma, não tão simples assim! Conversa e sinceridade são a chave da coisa toda. Acredito que o pior da traição é o motivo que levou o cara (ou garota) a trair, o grau de exposição e mentira (ou omissão). Se te traíram uma vez, porque havia bebido demais e isso não foi lá muito exposto não considero tão grave assim, suficiente para o fim de uma relação sabe?! Claro que dá para ficar com raiva porque o cara deu margem bebendo excessivamente e não respeitou a relação que têm mas o pior é não falar a verdade, esconder o fato. Isso sim é inadmissível. Me sentiria muito mais desrespeitada e exposta se fosse enganada. Prefiro saber qualquer tipo de traição e o porquê do que permanecer na ignorância de um relacionamento de contos de fadas.
E depois que ele disser o que aconteceu ainda pergunto como ela era, se era bonita, como foi, o quanto ele gostou. (sério, já fiz isso). Só não quero permanecer no escuro, nas dúvidas, suposições e receios. Vão dizer que sou doida, pra frente, insensível... Eu sei, eu sei, não importa, mas o saber é essencial para mim. Não suporto a ideia de ser enganada, carregar uma icógnita. Essa é a pior traição para mim. 
Obvio que essa é minha humilde opinião. Não diminuo dor e amor de ninguém dizendo que traição é algo simples. As vezes não é. As vezes o cara trai porque se atrai por outra, mais de uma vez, mente e isso sim é prova que o cara não está tão afim assim. Mas se tratando de um evento pontual, tendo a sinceridade de admitir o erro, mostrar todo o arrependimento e renovação do compromisso, acho justo acreditar mais uma vez, dar uma nova chance. Tropeços, erros e lágrimas fazem parte do amor, assim como o riso, acertos e perdão. O amor é muito mais complexo que tudo isso. E mais singelo também.

"Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim do que não
Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir"

Tempos Modernos - Lulu Santos

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Tan-tan

Adivinha só, tenho uma amiga que adora as bobagens que escrevo e gosta bastante das coisas que escrevi sobre um certo cara que passou por minha vida. É, "passou" é modo de falar porque mesmo ausente acho que ele nunca se foi.
Ao longo nos anos escrevi muitas linhas por ele e para ele então reli tooooodas as postagens desse blog e separei aquilo que refere-se àqueeele cara e outras coisas que eu gostaria que ele lesse. Claro que ele nunca lerá nada disso porque perdemos o contato e há anos não nos vemos.
Durante a leitura ri e refleti bastante. Vi que cresci muito, amadureci na escrita e no comportamento. Vi as nuances e oscilações dos sentimentos destinados à ele. Vi as contradições entre uma carta e outra e lembrei dos momentos que escrevi as cartas. Vi o quanto estive tan-tan da cabeça e do coração.
No começo era um sentimento confuso, incompreendido e novo. Sabe, criei esse blog inicialmente para postar o que escrevia para ele, na esperança de um dia mostrar. Depois, quando começamos a nos envolver mais, as cartas surgiram e nelas eu expunha todos os receios que vinham com o sentimento e das mudanças que estavam acontecendo que não eram poucas! 
E então veio a confusão toda que eu mal sabia explicar e tudo acontecia rápido demais de modo que o fim chegou. Aí os textos eram cheios de desculpas, mágoas e tudo mais. Essas duraram um bom tempo mas passaram, como quase tudo na vida passa.
Veio o tempo bom também. Escrevi cartas leves, sentindo saudade da sua amizade, falando de como estava minha vida e me perguntando sobre como estaria a sua. Descobri novas pessoas, vivi novas aventuras, escrevi cartas para novas pessoas e também para mim. Cresci muito mas ainda faço cartas para você. Já não peço desculpas nem quero que volte para vivermos alguma história semelhante mas, nas cartas relembro o que passou, lembro de nós e isso já não dói. Sabe, só acho estranho não poder falar com você, não saber qual seria sua reação se eu dissesse "oi" em alguma rede social ou até pessoalmente. Sei lá, só lembro. E é bom saber que tive uma história legal ainda que tenha sido imatura para vivê-la. 
Enfim, separei um cantinho só dele por essas páginas e honestamente espero não nutri mais essa marcação com tanta frequência, mas sinto que ainda haverão cartas por que histórias marcantes são fontes inesgotáveis e para uma pessoa que se inspira com tudo (e com nada) como eu... 

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Sobre nostalgias, amassos e mágoas











Esses dias uma amiga veio me falar da saudade que sentia de um cara que lhe marcou. Pedi que não fizesse isso, mas ela insistiu. Não tive escolha, guardei meus anseios no bolso e a ouvi, afinal, quando amigos precisam falar a gente segura as nossas pontas e escuta. Bastou ela começar para que eu inevitavelmente lembrasse dele e de nossas aventuras.
Naquele tempo éramos tão imprudentes e sonhadores... Era muito divertido está com você. Falando com ela lembrei dos nossos tantos beijos intensos. Lembrei das vezes que meu quarto, meus pensamentos e meu corpo eram tomados por sua presença. 
Lembrei dos nossos carnavais, viagens e planos. Lembrei de tantas besteiras que fizemos e que foram se acumulando até culminar no fim irremediável. Dividimos muita coisa e um sentimento (Paixão? Amor?) tão forte que é difícil crer que se quer foi vivido em sua plenitude. 
Apesar de desafinado, lembro de cada música, cada trecho que você cantou para mim. Ainda lembro do teu gosto e do teu cheiro. Não esqueci dos teus gestos e teu sorriso torto, nem do seu jeito confiante e esperto demais (e você sabia disso!).
Como será que você está hoje? Será que já se apaixonou de verdade de novo? Ainda lembra de mim as vezes? Ainda mora nessa cidade? hahaha você ainda tem aquela cadela perturbada? Sua mãe ainda faz aqueles bolos de se comer rezando? Ah, são tantas coisas que eu gostaria de saber sobre você, sua vida... Tanta coisa deve ter acontecido ai desse lado.
De verdade, eu não queria mais escrever sobre você ou se quer pensar em ti, mas a verdade é que não consigo. Deixo ali, guardadinhas numa numa caixa imaginária no fundo das minhas lembranças, mas ao menor sinal de romance ou saudade todas elas voltam tão vivas quanto as recordações do dia de ontem.
Eu queria poder gastar esse sentimento todo através dos textos que escrevo mas parece que ele vai sempre existir em mim, como um objetivo nunca alcançado, uma meta inatingida, um riso que não veio, um brinquedo de natal que nunca apareceu embaixo da árvore.
Queria poder rasgar, te arrancar de mim, só por me atormentar vez por outra. Por mais que minha vida siga, por mais que conheça outros caras e viva outras histórias, as nossas sempre são lembradas. Você sempre é lembrado. Mas, com o passar dos anos, uma coisa boa aconteceu: Já não dói pensar ou falar de você. Acabou se tornando uma lembrança boa. Como umas ondas sabe, que de vez em quando chegam na praia. Nossa história vai, mas sempre volta aqui para me lembrar que já vivi um sentimento forte, porém não realizado ou parcialmente realizado pelo menos. (Vai ver eu deva dar nome a esse sentimento forte, mas qual? Será que foi amor ou uma paixão avassaladora? Acho melhor deixar sem nome mesmo...).

Espero, de coração mesmo, que a vida tenha sido gentil com você mas ainda espero um dia ter aqueeele meu amigo de volta. Quem sabe você até leia as tantas cartas que te destinei. Seria uma viagem no tempo, certamente, mas também acho que apagaria muitas mágoas e confusões, lacunas que ficaram pelo caminho.


"Foi tanta força que eu fiz por nada, 
Pra tanta gente eu me dei de graça 
Só pra você eu me poupei 
Será que o tempo sempre disfarça, 
Tomara um dia isso tudo passa 
Desculpa as mágoas que eu deixei"

Dublê de corpo - Leoni

Se liga, mulher!


Olha, só você é capaz de mudar a vida que tem. E não é dando um fim. Você pode tomar as rédeas e mudar aquilo que não te traz felicidade. Mas para isso é preciso coragem. Basta coragem para aceitar e admitir que não está certo, e não jogar tuuuuudo para debaixo de um pano invisível. Você é capaz de fazer muitas coisas boas na vida ainda, (sem esse papo que tá velha, por favor) mas precisa se importar mais com si. Ser dona da sua vida. Se valorizar. 
Mude de vida se é isso que você quer mas não me venha com papo de "dá próxima vez não vai falhar", não seja uma pessoa covarde que foge dos problemas. Aprenda que não dá para fugir, você corre aqui e paga mais na frente (preço alto viu?!)
Eu sei que você pode fazer escolhas mais certas e nessas eu te apoiarei. NAS CERTAS! Se te maltratam é porque você permite (não permita!)
Só quero seu bem, tanto quanto você quer o meu então ponha-se no meu lugar, imagine-se lendo um texto tão deprimido e cheio de raiva assim, o que você faria?! 
Se mova! Faça o q te faz feliz! A vida é um presente, um presente tão lindo para ser desperdiçado com tristeza e aceitação dos problemas.
"Vamos viver nossos sonhos, temos tão pouco tempo" já dizia Chorão. Você pode fazer tantas coisas boas mas infelizmente não enxerga, não se vê capaz e só pensa em soluções negativas. 
Pense, pense, pense. Você tem um presente nas mãos e o poder de fazer com ele aquilo que desejar. Faça o bem, Confio em você.

"Oiiii, tudo bem?"

Ahhh merda, esse papo de novo não! É sempre assim e depois dessa parte clássica eis que a "conversa" pára. Sério, você também sente que não flui?
Por vezes esperei você falar comigo ou abri a janela para falar com você, mas ai eu parava e pensava: "Porquê?"
Sendo bem sincera, acho descobri porque sempre perdemos o contato. É essa nossa conversa que é muito, muito sem graça. É, sem sal.  Não sei se não estamos à vontade um com o outro ou se o papo não bateu mesmo mas o fato é q não é atrativo. Não dá vontade de continuar, de conversar mais e até de te ver. Sei lá, conversas (boas) me prendem sabe?! Atraem-me tanto quanto um sorriso bonito e muito mais do que músculos. 
Tá, você tem um sorriso lindo nas fotos, um queixo que me chama muito (nunca tinha me atraído por um queixo antes, juro!), tem também uma voz deliciosamente sedutora mas, eu preciso mais que isso para me atrair de fato por você. Isso só não basta para que eu te encontre, achei que sim, mas não basta. É que eu não sei me envolver pouco, gosto de conhecer, saber a história... Coisa que não descobri em todo esse tempo. 
Eu queria ter essa esperança que o encontro físico pudesse mudar as coisas, que ali rolasse aquela química toda tão desejada, mas não encontro essa fé. Pela nossa conversa digo que não renderemos e eu não gosto de ler um livro quando já sei o que esperar do final. Não é convidativo.


- Vou bem, e por aí, tudo certo?

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Sapiosexual

Alguém que,sente-se atraído  pela inteligência, pela maneira que o outro vê o mundo e por sua cultura. A palavra deriva do Latin Sapien, significando inteligência; e sexualis, que tem ligação com a palavra sexo.


Conheci um certo rapaz via redes sociais, faz um tempinho já e pretendemos nos encontrar em breve, mas agora já não sei se quero mesmo esse encontro. Não, não o vejo como um risco a minha segurança física mas sim como um sério risco a minha santidade, meu autocontrole emocional, sabe?! Porque? Porque ele é fisicamente atraente, engraçado, tem uma voz deliciosa e que sorriso é aquele, meu pai? Ele é a perdição do juízo de qualquer garota e eu não sou excessão a regra. Não mesmo.
Acontece que, no começo nos demos bem, conversamos um pouco, mas logo perdemos contato. Retomamos um mês depois e desde então temos conversas espaçadas. Já passamos mais de um mês sem nos falar.
Sim, ele é um cara interessante, mas percebo que nossa conversa é vaga, rasa, cansativa até. Não há fluidez, não existe aquela coisa de conversar sem perceber o tempo passar e é uma pena por que acho que não estamos nos mostrando de fato ou não combinamos mesmo no fim das contas.
Por mais que eu me esforce a falar de música, assuntos polêmicos, questões pessoais e outros assuntos corriqueiros, não sinto reciprocidade. Um "tudo bem" e "sou eclético" não me diz nada, é uma resposta vaga e tudo fica no zero a zero.
Ainda não compreendo porquê insisto nisso, de continuar com essa conversa, se vejo que não estamos falando a mesma língua. Talvez seja a curiosidade. Ou ainda a esperança que com o contato físico faça diferença e assim, fiquemos mais à vontade para nos abrir em conversas. Não sei bem, mas confesso que tenho pensado muito em deixar tudo de lado e esquecer essa história, pois, por mais que o encontro seja bom, ainda creio que será meio superficial.
Essa falta de afinidade mínima me deixa meio desmotivada para seguir com isso tudo,s sabe?! A verdade é que uma boa conversa me atrai tanto quanto um sorriso e muito mais que músculos salientes. E ele é um cara de um lindo sorriso e músculos saltantes, o que me complica.
Não sei o caminho que vamos seguir, se vamos nos ver ou não, mas eu queria pelo menos começar a entender esse cara que já está me tirando o juízo com tantas idas e vindas...

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Olhos fechados, mente aberta

Esses dias tantas coisas têm passado por minha mente que fica difícil acompanhar as ideias e mais difícil ainda, é fazer essa transição do pensamento para o papel. Novos caminhos, metas a traçar, angústias, medos... tanta coisa que o melhor seria escrever, porém não é mais tão simples assim.
Ultimamente minha visão tem estado pior, bem pior. É gradativo. Meus olhos têm me traído. O simples ato de enxergar essa tela me cansa a ponto de dificultar a escrita completa de um texto. Mesmo usando óculos constantemente preciso fazer caras e bocas para ler uma ou duas linhas e isso me cansa muito. Não só os olhos, mas a musculatura da face de modo geral e é claro, psicologicamente. E os amigos, muitas vezes sem querer, perguntam se eu tô vendo tal coisa numa distância ridícula de tão perto mas a reposta é quase sempre negativa, quase absurdo não vê algo tão evidente em uma distância tão pequena.
Tá, é bem engraçado, confesso. Todo mundo rir e eu, como gosto de fazer piada, escracho-me um pouco mais. Rio, mas no fundo sei que as coisas não vão bem.
Ok, pode parecer um auto boicote, não está desesperada procurando médicos com urgência. Mas... não sei. Minha família já tem tantas preocupações, minha mãe tem um psicológico tão fraco, que temo muito contar a real situação e ela surtar como em outras ocasiões. Eu sei que ela ama os filhos como uma leoa e sofre por antecipação. Claro que vou procurar um médico logo mas não desesperada, não parecendo frágil, causando pena. Odeio pena. Uma coisa é compreensão e empatia com problema do outro e outra bem diferente é pena. Sentir pena é ver a outra pessoa como uma coitadinha que não tem forças ou apoio (moral ou emocional). Pena diminui as pessoas. Já sou fisicamente pequena, não aceito que tente diminuir meu ser.
Sinto que meus olhos estão desistindo da luz. Por vez se fecham, vencidos pelo cansaço, embora eu não queira parar de tentar tão cedo. Vai chegando o momento que os outros sentidos se desenvolvem. Por vezes fecho os olhos para tatear, para cheirar e ainda para ouvir.
Fui para um show dia desses e meu óculos quebrou. Tudo bem, eu já não estava enxergando bem mesmo, mas ficou pior. Pensa que eu fiquei mal humorada por não poder mais ver o show? Não mesmo. Não desisti do meu show, fechei os olhos e me concentrei nas canções; Senti o arrepio causado pelos acordes, senti alegria. Sorri. Mesmo sem ver aproveitei tanto quanto pude e os amigos vez ou outra me chamavam para uma localização melhor, para ver o músico principal, mas na real, eu nem me importava. Ouvir era mais importante naquele momento.
Vejo tanta gente por ai em situações tão piores. Não, não penso que só por isso devo ignorar a dimensão do problema mas também não quero colocar esse problema como o centro dos meus dias, minha grande preocupação e objetivo de vida.
Por mais que faça essa pose de durona e tudo mais, me incomoda. É claro que me incomoda não poder ler meus livros como antes, ver alguém a distância, escrever... Porra, até flertar é difícil. Mas creio que há um tempo certo para todas as coisas.
No tempo certo encontrarei a solução e, quem sabe um dia, possa enxergar razoavelmente bem. Vai saber, né? Não é isso para isso (também) que a fé existe?