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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Apenas dance

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Nos tempos de escola, todos os alunos eram obrigados a realizar duas atividades extracurriculares à tarde. Em alguns anos entrei no jornalismo, xadrez, capoeira, vôlei, teatro e dança. Nenhuma das escolas teve vida longa. Amei a capoeira e ainda penso em voltar, mas quase todos os anos eu entrava na dança, embora desistisse depois de várias faltas.
Tudo bem, ainda fiz algumas apresentações, mas nunca tive muito jeito... Odeio coreografias. A dança é o corpo cantando. Não se regra o canto, apenas o solta.  Liberta-o. A dança é a expressão não-falada do que a música faz. Passos afinados, giros soprados, piruetas combinadas ao solo de sax. Tudo faz parte de uma atmosfera à parte, só quem ama a música entende.
Image result for dança expressivaNão dá pra entrar na música, entrar de verdade, sem cantar, sem sentir ou se mexer. Nem que seja a cabeça pra frente e pra trás, ou os dedos batucando a mesa ou as mãos num solo incrível que sai de uma guitarra invisível. Há de se sentir.
Ainda não aprendi a dançar, mas não resisto a uma boa batida. Danço, não por saber, mas por sentir e precisar expressar mais do que sorrindo, cantando. Preciso vibrar com tudo que tenho e admiro que consegue isso com mais graça e desenvoltura do que eu. Um dia, quem sabe, eu aprendo uns passinhos ritmados mas, até lá continuando dançando, assim, do meu jeito meio sem jeito.


''Fui me perguntar, mas perguntar pra quê? eu só consigo sentir... Não tem nome, só tem sentido,"
Saulo Fernandes

sábado, 9 de maio de 2015

Cabelo, cabeleira


Há uns dias estive em uma atividade de estágio envolvida com crianças. O trabalho que fomos fazer não importa, mas um fato chamou minha atenção.
Havia crianças de vários tamanhos, cores de pele, cabelos... E todas só se importavam em brincar e aproveitar o banho de mangueira.
Uma das crianças era uma menininha linda, com um nome diferente, olhos um pouco puxados, voz baixa, pele clara e um black power. Sim, ela usava black. (Um retrato perfeito da miscigenação, mostrando que todo brasileiro veio de uma grande mistura.) As crianças aparentemente não se importavam, ela não se importava... Só queriam aproveitar o dia de sol, mas, algumas das pessoas que estavam comigo se importaram e isso me incomodou.
Uma coisa é você não gostar de algo e guardar para si, afinal, não somos obrigados a nada. Mas o que me irritou foram as piadinhas a respeito do cabelo da menina. Porra, qual o problema? Pessoas, no papel de profissionais de saúde, agindo de forma tão, tão... Nem sei como definir tal comportamento. Por causa de pessoas desse tipo que crianças sofrem bullying. Filhos de pessoas assim vêm em casa o comportamento dos pais e o refletem fora de casa. Por causa disso, as crianças deixam de se importar com a diversão e se preocupam com a aparência, em se encaixar, ficar parecidas com os demais e mudam. 
Eu posso está viajando mas para mim isso tudo e muito real. Não é difícil ver meninas por ai alisando o cabelo, mudando sua essência por que "são feias". Elas acham mesmo isso ou foi imposto de alguma forma que aqui é feio, cabelo ruim, pele escura. Ruim porquê? Ruim pra quem?
Eu mesma cresci ouvindo piadinhas por ter um cabelo denominado crespo, rebelde, sem jeito, estressado, nervoso, indisciplinado. Qual é, é um cabelo ou um paciente mental? Apesar de tudo, de todas as criticas, mantive meus cachos, porque sempre gostei de ser diferente mesmo e de desafiar os outros, que olhavam com uma cara estranha, como se eu tivesse um bicho na cabeça. Ah, como me fizeram rir!
Cabelo, pele, características físicas e psicológicas nos fazem ser quem somos e a diferença entre as pessoas é linda e enriquecedora. Imagina que louco seria se todos fossem iguais, um protótipo perfeito e idêntico da pessoa ao lado. Wow, que viagem!
Tudo bem que você não queira ter um black power na cabeça, até porque isso é um presente para as pessoas de estilo e atitude, mas precisa mesmo zoar a menina? Quem é imaturo afinal?



"Fique atento, endo um cabelo tão bom, cheio de cacho em movimento, cheio de armação, emaranhado, crespura e bom comportamento, grito bem alto, sim! Qual foi o idiota que concluiu que meu cabelo é ruim? Qual foi o otário equivocado que decidiu estar errado o meu cabelo enrolado? Ruim pra quê? Ruim pra quem?
Infeliz do povo que não sabe de onde vem. Pequeno é o povo que não se ama, o povo que tem na grandeza da mistura o preto, o índio, o branco, a farra das culturas.
Pobre do povo que, sem estrutura, acaba crendo na loucura de ter que ser outro para ser alguém. Não vem que não tem, com a palavra eu bato, não apanho"


Milionário do Sonho - Emicida

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Feliz Aniversário, maninho!

Ooooi moço! Vc sabe que não sou adepta da “rasgação” de seda, mas como estou de boa hoje e todo mundo merece seu dia de star (e hoje é o seu), lá vamos nós!
Primeiramente não esperava ganhar mais um irmão a essa altura! Haha Sério, haja irmãos... Não sei como, mas vc tem esse dom ai de cativar todo mundo com muita facilidade (me ensina cara :p) e com isso ultrapassa barreiras que nem sabe que existem. Sem contar a força de vontade né?! Que combustível é esse que não acaba nunca? Mesmo que o mundo diga que não dá você se mantém firme, porque você acredita (não deixe de acreditar em si, nunquinha). Sua força é, no mínimo, admirável. Tem um trecho de uma música que diz "Acreditar em si é vaidade necessária pra um mundo melhor", acho q combina com você. :)
O dia de hoje marca duas coisas: o fim de um ciclo e início de outro. Eu, com meu jeito autista de ser, costumo tirar um tempinho do meu aniversário para refletir. Penso em tudo q aconteceu no período de um ano, onde eu estava e onde estou agora. Vejo o quanto às coisas mudaram, amigos foram, outros chegaram... Penso também nos meus planos para o novo ciclo e onde quero estar no ano que vem. Traço metas. Aconselho, viu?! É um exercício bacana.
Só posso te desejar grandes amigos, gargalhadas (de fazer a barriga doer de tanto rir) e mais combustível para você ir bem longe, tão longe que você nem imagina que um dia chegará. Eu sei que você vai conseguir tudo que quer, sabe por quê? Porque é uma das pessoas mais teimooosas que eu já conheci e gente assim costuma não aceitar ficar no chão após uma queda, não acredita que as portas se fecham se sempre encontram um plano B, C, D... Z! (Mas encontram!).
Muita fé, muita luz, realizações e novos caminhos. Em resumo é isso q desejo.
(Rasguei mais seda do que eu esperava ><)
Pode contar comigo viu?!

Felicidades maninho, beijo.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sobre amor antigo e verdadeiro


 
Desde criança amo praia. No tempo em que eu levantava cadinho para assistir desenhos no sofá da sala, meus avós maternos levavam todos os netos para a praia nos domingos bem cedo (éramos 5 na época). Brincávamos como se nunca tivéssemos ido ali. Eu, claro, não queria sair da água.
Tal paixão pelo mar nunca me deixou e fico feliz por isso. O mar me causa uma sensação de leveza muito boa, me encanta. Sempre gostei de passeios de balsa, barco e tudo que envolva aquela água salgada. Sentar na areia de uma praia significa aprimorar meus sentidos e me desligar do mundo. O som das ondas quebrando, o sol refletido nas ondas, o gostinho salgado que fica na pele, o frio e o arrepio vindo da brisa... Tudo me deixa em outra estação, bem longe daqui, coisa que nenhum entorpecente consegue fazer. Acho que nossa relação de puro amor se intensificou desde o dia em que encontrei a plenitude pela primeira vez.
Eu tinha quase 18 e estava numa praia, famosa por sua beleza, com uns amigos. No fim da tarde do nosso segundo dia lá, fomos dar uma volta no calçadão e sentamos em uma escadaria que levava a areia da praia. Eram quase 17H e ventava bastante. Sentamos em silêncio e contemplamos. Logo os pensamentos cessaram e veio uma sensação boa, como se o mundo fosse perfeito e eu fosse inteira. Encontrei a paz. Não sei definir bem como, mas era uma sensação que dava vontade de gritar, cantar e ao menos tempo ficar quietinha. O sorriso era inevitável, assim como o arrepio na pele. A paz invadiu meu coração ali, naquela praia que fui pensando em bagunça.
A paz não é branca como dizem e divulgam por ai. Ela é multicolorida, um prisma lindo e tem um gosto salgado.
Depois dessa experiência, encontrei a plenitude mais duas vezes e todas elas foram de frente ao mar, então como não amá-lo? Como não tentar encontrá-la sempre que puder?


Meu refúgio, meu lugar, meu mar. Longe de ti fico perdida, vazia. Te ver e não me alegrar não faz sentido. Não te ver por muito tempo é absurdo, faz mal a minha saúde (física, biológica e mental). Me perco e me acho ali, diante de ti.

E depois?

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Há poucos dias de me formar penso em como será daqui para frente: trabalho, cegueira, viagem?
Não sei se estou pronta para assumir uma vida de tantas responsabilidades, com tantas pessoas contando comigo. Não quero uma vida de prisioneira com dias e horários regrados. Sempre quis algo que me completasse e me desse liberdade. Talvez eu não tenha feito boas escolhas afinal.
E se não fosse isso, o que seria?
Acho que me aventuraria no mundo dos artistas (que povo livre!). Invejo a liberdade que eles possuem para agir, falar, pensar, vestir e ser. Reconheço que não sei cantar, mas e Cazuza? Um artista sem igual de uma energia impar e um intelecto que marcou a música brasileira.
Escrever com a segurança e personalidade da Clarice Lispector, sem se importar com o que pensarão ou se acharão correto. Cada um possui sua verdade e quem escreve possui várias. Os dois mundos me encantam e talvez eu fosse outra se estivesse em um deles.
Na atual profissão que escolhi, temos horários fixos, uniforme e um extenso código de ética que nos rege. Por que eu entrei? Iludi-me, achando que poderia dominar meu tempo e que o fato de ajudar pessoas a terem uma melhor qualidade de vida a pena. Achei que seria alguém capaz de mudar completamente a vida das pessoas
 E até é assim às vezes. Acontece que na maioria delas esbarramos com obstáculos muitas vezes intransponíveis como ser subordinada, ter pouco tempo para ajudar determinada pessoa, questões puramente burocráticas e querer ajudar quem simplesmente não quer ajuda. Penso que, se não consigo ser feliz com isso e aceitar essas questões agora, como raios vou conseguir exercer essa profissão? Como serei daqui a 5 anos se a seguir ou não?

Feliz, conformada, amarga, chata? São tantas perguntas sem respostas que tento escrever para esquecê-las. Se algum dia eu descobrir as respostas volto para contar.

Cega


Desde que nascemos, começamos a desenvolver os cinco sentidos e, a partir deles, acumulamos memórias. A visão é, para os nós, seres humanos, um dos mais importantes (se não o mais). Nascer sem esse sentido significa aprimorar os outros quatro, para compensar a falta.
Fico imaginando como será só ouvir sem conhecer o mar, ou nunca ver um sol se pôr. O que eu seria hoje sem o mar e todas as sensações que ele me causa, mexendo com todos os meus sentidos? Como seria não assistir desenho animado na infância? Essas perguntas me assustam e em levam a outras.
O que é pior, nascer sem visão ou perdê-la com o tempo?
Há alguns anos venho perdendo a minha e a sensação de não mais conseguir ver rostos ou identificar pessoas em uma foto é agoniante. Já não consigo fazer coisas básicas como ver a hora no relógio da parede ou ler um bilhete. Agora mesmo, sentada de frente ao mar, não consigo olhá-lo devido a claridade causada pelo reflexo do sol sobre ele.
É tão desesperador sentir-se impotente ao ponto de pedir ajuda algum desconhecido para ver se seu ônibus está chegando na parada; pensar que logo mais talvez eu não possa andar só definitivamente. Perder a visão agora seria automaticamente a perda da minha sonhada e amada liberdade. Como ganhar o mundo com uma mochila nas costas sozinha e sem enxergar? Como verei o tais novos horizontes, as novas paisagens?
Tento não me importar e fazer de conta que depois tudo de ajeita mas a verdade é que não sei. Não sei como, quanto isso acontecerá, mas a perda é diária. A cada dia um pouco mais se vai. E eu fico louca com isso.