quarta-feira, 19 de março de 2014

Eu mudei?

*Ao som de Matanza*

Com o passar do tempo, fazemos escolhas, seguimos caminhos e acabamos nos afastando. Nos afastamos de muita coisa (as vezes até de nós mesmos). Algumas vezes isso acontece de forma lenta e graduada, outras pode ser brusca e até dolorosa. No nossa caso nem sei dizer o ritmo que isso aconteceu.
Você diz que me conhece bem, no meu "Oi" ao atender o celular já sabe do meu humor, mas da última vez que te liguei você não conseguiu distinguir as lágrimas por trás das palavras. Você não sabe o quanto eu precisava de você naquele momento, te ouvir, falar... Acho que nunca me senti tão só, precisando de você... mas você estava ocupado. Te mandei váááários SMS e você não respondeu nenhuma. Que foi? Só porque eu não estou na igreja, não serei salva por Jesus, estou fora do arrebatamento? Só por isso você não pode responder uma mensagem que continha a palavra "carnaval" no seu contexto? Ora me poupe! Não quero passar seu passado na sua cara, mas você bem lembra dele, querendo ou não ele faz parte de você, moço. Não fui eu quem mudou aqui. Foi você.
Você se afastou. Você me afastou. Você mudou. Você não me conhece mais.
Antigamente eu sabia tudo sobre você, sua vida, hoje eu não faço ideia do que você faz no tempo livre, dos livros que gosta de ler, nas bandas que ouve. Não sei nada. Você ainda come macarrão instantâneo daquela forma ogra? Ainda ouve Adele? E as badaladas, como são hoje? 
Da mesma forma, você não sabe nada de mim. Não sabe das minhas conquistas, não sabe dos meus problemas, não sabe nada. Hoje você perguntou sobre novidades e eu disse que não tinha, não por não ter de fato, mas por não me senti à vontade pra dividi-las com você.  Não vi sentido em te contar sobre elas, não me sinto mais à vontade para te contar sobre minha vida, você não pode mais me entender.
Minhas amigas estranham o fato de eu não falar mais de você, ou te ver. Perguntam por você e eu digo que não sei. Me dói muito digitar a seguinte frase, mas, acha mesmo que ainda somos amigos (Melhores amigos)? Hoje sinto que somos apenas uma lembrança, uma saudade daquilo que de fato fomos. Éramos amigos, melhores amigos, éramos quase irmãos. Éramos.
Eu estou diferente sim, eu mudei também. Cansei de correr atrás das pessoas que não fazem o mesmo por mim. Você sabe que já me afastei de muita gente dos nosso tempos de escola, aquela galera que dizia que era "pra sempre", você lembra como eu me esforçava marcando encontros mas quando eu perdia a fé neles eu parava. Este ano eu comecei uma faxina interna que tem ido muito bem. Estou tirando da minha vida tudo que me causa dor, tristeza e me tira o riso. Tenho conseguido esquecer pessoas que me torturei a lembrar por anos, tenho rido mais, sendo mais simpática e falante (e não é forçado!). Tenho dado chances pro meu coração se animar de novo. Você adoraria me ver nessa fase mais leve! Teria orgulho do meu progresso, comemoraria comigo.
Eu senti sua falta, muita, no começo. Com o tempo fui me adaptando a sua ausência e hoje quase não dói. Só as vezes, quando lembro o que éramos e o que somos. Eu estou diferente, mais madura, mais certa de minhas escolhas e das pessoas que me cercam (e que quero que me cerquem). Tenho certeza que você também alcançou um amadurecimento nesse tempo. Sinto em você uma autoconfiança que antes dava lugar a insegurança. Fico feliz por você, de verdade.
Nós mudamos e, aparentemente, não fazemos mais parte das diretrizes um do outro. Tudo bem, normal, acontece. O que não pode é você me ligar depois desse tempo todo e fingir que nada aconteceu. É claro que as coisas estão diferentes, é claro que EU estou diferente, como não poderia está? Também tenho minha vida, coisas acontecem aqui. Agora, negar o óbvio é hipocrisia demais, senhor!

P.S.: Eu havia me prometido que não escreveria mais pra você, mas depois que você ligou, não consegui controlar as palavras gritando na minha cabeça nem meus dedos inquietos sobre esse teclado. Foi mal, não deu.

terça-feira, 11 de março de 2014

Caminhos

É triste ver o fim, sempre é. Fim de relacionamento, de um emprego, de uma história que você acompanhou por muito tempo, de um ciclo, fins. Só não imaginei que viria um fim para nós, logo nós, que tínhamos uma amizade tão sólida.
Nem sei ao certo quando começamos nosso fim, mas já faz um tempo. Bem, era de se esperar que isso fosse acontecer: seguimos caminhos tão diferentes, com ideologia, princípios e prioridades diferentes... Realmente era bem difícil manter aquele castelo lindo em pé.
Percebi nosso fim quando tive novidades para contar e o seu nome não me veio a mente de imediato; quando eu soube de um grande acontecimento da sua vida a partir de outras pessoas (que viram em redes sociais); percebi que não éramos mais aquela unidade quando deixamos de sentir falta um do outro e a não contar mais, a não fazer diferença.
Por isso, para marcar nosso fim eis minha última carta. Não farei mais cartas para você, nem te ligarei ou mandarei SMS´s, sinta-se livre de mim. Mas, não fique mal, nosso afastamento foi uma consequência de nossas escolhas. Acontece. Não guando mágoas, nem te quero mal. Fique bem meu querido amigo, trilhe bons caminhos, faça muitas conquistas, torço por você. Um dia talvez nos reencontremos.

Forte Abraço.

domingo, 9 de março de 2014

Carnaval, carnaval

Senti saudades de você este carnaval. Estou cansada de sentir sua falta, mas não consigo controlar. Antigamente era mais intensa, hoje dói pouquinho, só de vez em quando. A última vez foi no carnaval.
Lembra que sempre saíamos juntos? Todos os dias, o dia todo, lá estávamos nós, eu segurava sua bebida e você minha cintura. Eu tomava conta de você e você de mim, sempre perdíamos alguém do grupo no meio da muvuca mas nunca um do ao outro. Éramos assim. Éramos.
O carnaval acabou sendo para mim a nossa festa, nossa data comemorativa, a época em que passávamos mais tempo juntos. Quando passamos perdi o gosto pelo carnaval. Não tinha mais graça sem você, não era a mesma coisa. Ai parei de brincar.
Esse ano eu cansei de sofrer no carnaval, vesti minha roupa e fui atrás do trio. Foi muito, muito bom, mas ainda havia lá no fundo aquela saudadezinha chata de você. Quando ela vai me esquecer, hein?! u.u 
Fiz um monte de coisas que eu não fazia na nossa época, como dançar muito, rir descontroladamente, beijar sem me importar com quem estava olhando, o que diriam ou se minha mãe saberia... essas coisas.
No penúltimo dia de festa conheci um carinha que me lembrou muito você: não tão alto, magro (mas não magricela, fortinho), branquinho e com um sorriso bobo. De cara fiquei besta, alguns minutos depois lembrei de você. Mas as semelhanças não pararam por ai... Você tinha que ver como ele cuidava de mim, você teria feito o mesmo, tenho certeza. No fim, não poderia ser diferente: fiquei com aquele cara da forma que deveria ter ficado com você nos nossos anos de carnaval. Andamos de mãos dadas, rimos juntos por tudo (e por nada também), dançamos...
Apesar de ter lembrado muito de você, joguei as nossas lembranças do lado e fui aproveitar. Eu consegui, enfim, entender que eu ainda posso aproveitar muita coisa, mesmo sem você. Eu ainda posso curti e até me apaixonar outra vez (a melhor parte). Me senti tão bem naquele momento, como se uma nova fase começasse ali, espero que seja isso mesmo porque, nós já passamos há muito tempo, acho que eu também tenho o direito de tocar a vida, conhecer mais gente, escrever outras cartas para outras pessoas. 
Espero que seu carnaval tenha sido tão bom quanto o meu e, se você tiver lembrado de mim, que não tenha sido com mágoas. Te quero bem, apenas o bem.
Fique bem, Beijo!

"Mas como começar de novo
Se a ferida que sangrou

Me acostumou a me sentir prejudicado?
É só você lavar o rosto
E deixar que a água suja
Leve longe do seu corpo
O infeliz passado (...)
E viveram felizes... para sempre
E eles estavam livre da perfeição que só fazia estragos"

A minha gratidão é uma pessoa - Nando Reis


Reconciliação

Era uma sexta-feira como outra qualquer, eu havia passado no supermercado e estava indo para casa após um longo dia quando o vi. Estava meio sentado, meio deitado na mesa de um barzinho aqui perto de casa. Fiquei na dúvida se era ele mesmo ou não, afinal, meus óculos não estão valendo nada. Cheguei mais perto e confirmei, era ele mesmo. Perguntei ao garçom o que tinha acontecido com ele, o rapaz falou "ah, ele tá assim faz um tempinho, Veio com uns amigos na hora do almoço e ficaram ai bebendo ai os amigos pagaram a conta e ele quis ficar pra beber mais, ai ficou assim." ótimos amigos, pensei. 
Meu plano era ligar para um dos irmãos dele e avisar onde ele estava para buscá-lo já que ele não tinha a menor condição nem de andar, quem dirá dirigir mas, acabei não resistindo e me aproximando. Tantos anos sem nos falar, depois de tanta confusão e lá estava eu, tentando acordá-lo.
Ele foi acordando aos poucos e quando se deu conta que era eu quem estava ali, ficou confuso. Expliquei que ele havia bebido a mais e que ligaria para o irmão dele. Ele pediu um tempinho para melhorar, mas eu sabia que não seria assim tão rápido. Pedi uma água para ele, paguei a conta, avisei pro irmão dele onde o carro estava e onde eu morava e o trouxe para casa. Ele conseguiu ficar em pé (Graças a Deus) e eu consegui o trazer, já que era bem pertinho. Ele ficou calado a maior parte do tempo mas de vez em quando perguntava porque eu estava fazendo aquilo.
Nem eu sabia ao certo, mas me sentia na obrigação, afinal, ele já fez tanto por mim... eu não poderia dar as costas agora que ele estava precisando de alguém.
Chegando em casa o joguei no sofá e dei um copo grande de água-de-coco, depois empurrei chocolate e mais água e então esperei, deixei ele descansando no sofá e fui guardar as compras. Ele foi tornando e me chamou "Sabia que hoje faz 3 anos que tudo acabou pra gente?". Eu congelei, revi o calendário mentalmente, era isso mesmo. 3 anos. Três anos que eu havia estragado tudo sem nenhuma explicação decente. Ah, quanta besteira eu havia feito, logo com ele que tanto me fez bem. Depois de alguns segundos que mais pareceram horas respondi: "é, eu sei. Tenho muito a conversar com você sobre aquilo tudo, mas agora não é momento, mas tenha em mente que eu sinto muito por tudo e que foi uma grande confusão. Você deve está sóbrio, então depois a gente vai conversar sobre tudo isso, tudo bem?".
Dez minutos depois, dois irmãos dele chegaram, me agradeceram e o levaram, passaram no barzinho e levaram o carro dele também. Daí não vi mais nenhum dos três...


Duas semanas depois, dei de cara com ele na frente da minha sala de aula. Perguntei se estava tudo bem com ele e se tinha acontecido alguma coisa, ele respondeu com um olhar profundo e depois disse "a gente ainda tem que conversar". Ele lembrou disso?