Há menos de um mês soube que
minha irmã está praticamente namorando, pela terceira vez. A diferença é que
agora ambos moram na mesma cidade e nossos pais sequer sabem da existência do
rapaz, o que faz de mim a grande pessoa responsável e que os acoberta. Acontece
que isso já está me deixando doida.
Sabe, ela chegou bem cedo na
minha vida e foi minha primeira representação e entendimento do que é amizade.
Embora nunca a tenha chamado de amiga, ela é minha irmã e isso basta. Supre a
palavra amiga. Eu sei que muita gente talvez não entenda ou não teve a
oportunidade de ter uma amiga oriunda dos mesmos pais e morando na mesma casa
(quem nunca sonhou em morar com sua melhor amiga?). Eu tive esse presente da
vida. Sempre cuidamos uma da outra, desde sempre dividimos brinquedos e
preocupações (antes era o esconder o vaso que quebramos jogando bola, hoje é
para esconder o namorado, sabe como é, tudo evoluiu), dividimos músicas e
ídolos. Com o tempo aceitei que dividíssemos os amigos externos; dividimos
roupas, sapatos, sonhos e domingos. Somos assim, sempre fomos.
Agora, namorando novamente vejo
que ela não se importar com o cansaço dos longos dias após dois cursos, com a
alimentação desregulada. Vejo que mesmo exausta ela não se importa em passar
das 4 da manhã, nem que seja só conversando com ele. Me preocupa porque ela não
parece muito preocupada com si e me sinto na obrigação de cuidar dela, afinal
sempre cuidamos uma da outra. Queria que ela entendesse que pode ficar com ele
o tempo que quiser, desde que não se ponha e situação complicada, que não
prejudique o sono ou estudos.
Não sei, mas desde ela saiu da
casa dos nossos pais e veio morar comigo, me sinto meio que mãe dela. Sou a
figura para quem ela diz os horários, pede dinheiro, conta como foi o dia e
pede a toalha quando a esquece na hora do banho.
Além de mãe, irmã e amiga. São
muitas funções e atribuições entre duas pessoas e, não que eu achei que todo
mundo é secretamente devasso, mas confesso que quando a encontrei na escada
esperei ver qualquer coisa mais obscena, menos vê-los conversando tão
amigavelmente. As 4h da manhã? Nunquinha!
Tudo que quero é que ela seja
responsável e feliz. Meu coração de mãe/irmã/amiga não aguenta fortes emoções
ainda.
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