domingo, 19 de junho de 2016

Piadinhas de Hipnos e Morfeu

Acordei me sentindo quente. Normal, já passava das 10 horas e aqui no nordeste tá quente mesmo. Mas não era apenas isso, tinha a ver com a piadinha sem graça que meu subconsciente fez te trazendo pro meu sonho. 
Já se somam duas noites de visitas suas e por mais que faça muito tempo, isso ainda me incomoda. Incomoda porque me afeta. Sabe, sonho mesmo é com o dia que sonhar, pensar ou falar sobre você não mexa tanto comigo. Eu não sei dar nome ao que tivemos mas sei que até hoje "isso" levanta voou das borboletas que tenho no estômago, as quais sempre pensei que morriam após 24 horas de vida. Imaginar te encontrar por acaso me causa aflição, tremor e um gelo que percorre toda minha coluna vertebral. Sonhar com você traz muitas lembranças, não que sejam ruins (de forma alguma) mas também não precisa ser tanto assim. Depois que acordo me sinto mal. Mal por isso tudo ainda parecer tão real. A vida segue, as coisas mudam e isso permanece. É frustrante!
Desde a última carta que fiz para você, já sonhei outras vezes mas me recusei a dar dimensão a isso, preferi abafar, sufocar e agora, depois desse sonho, sinto-me sufocada, prendendo a todo custo as tantas palavras que guardei para ti. Como se as imagens que vi fossem aquelas que eu queria ter visto, vivido. Como se com aqueles jeitos eu quisesse ter me comunicado, te falado nas entrelinhas.
Por falar nisso, recordo-me agora que recentemente, em uma aula, descobri que tenho alguma alteração na vesícula biliar sem nenhuma causa aparente. Estudando metafísica descobri ainda que as vezes algumas emoções afetam determinados órgãos. O desejo de falar algo e deixar a oportunidade passar afeta por exemplo, olha que interessante, afeta a vesícula biliar. Justo ela? Quando li pensei logo em você. Aliás, principalmente em você, tenho muita coisa guardada para falar pra muita gente, mas nesse quesito, meu caro, você ganha em disparado. Tanto pelo tempo quanto pela quantidade de palavras destinadas.
Queria ter deixado claro o quanto me sentia bem com você, o quanto eu gostava de você quando éramos criança, o quanto quis morar mais perto de você; depois morar em você, queria fazer minha casa no teu cangote, e dizer ainda o quanto eu tinha preguiça de sair dali.
Eu queria sentir menos, mas eu sinto muito.
Sinto tanto que sonho demonstrar "essa coisa" tão abertamente. No da última noite nós estávamos rindo, tranquilos nos abraçando de vez em quando e trocando carinho de dedo e olhares sem que nos importasse quem estava perto, olhando. Na última noite sonhei com os beijos que outrora foram reais e que já procurei em tantas bocas algum, unzinho se quer, melhor melhor que o seu. Nunca vou saber explicar aqueles beijos mas sempre tinha algo mais, sempre eram mais que apenas beijos. A melhor definição que encontrei é que "eram beijos do tipo que davam vontade de tirar a roupa". Simples assim. Intenso assim.
Depois do sonho acordei me sentindo quente, mas não era apenas pelo calor do nordeste. Hipnos e Morfeu te trouxeram pro meu sonho. Um me botou para dormir e o outro colocou você ali, só de pirraça para me perturbar.
Aliás, a culpa foi sua. E eu sinto muito por isso também.

*Na mitologia grega Hipnos é o deus do sono e Morfeu dos sonhos

domingo, 12 de junho de 2016

O inverno está chegando

(Quem assiste Game of Thrones entenderá o título)

No dia eu fiquei chateada. Bem chateada. Hoje me sinto indiferente, tão indiferente que nem sei mais se vale a pena escrever esse texto sobre essa situação, esse cara. Sei lá, ele conseguiu deixar as coisas tão frias que não serve nem como inspiração para desabafo. Na real, vou te contar (senta aí, quer um café? Tá quentinho) depois você me diz se tenho razão ou não, vai vendo.
Com trilha sonora fica mais gostoso haha

Eu achei que aquilo não ia passar, aquele sentimento que ainda não dei nome que senti pelo destinatário das tantas cartas que escrevi e nunca mandei. Achei mesmo que carregaria a culpa e a sensação de "E se?" por muuuito tempo, e de fato carreguei. Foram anos até me senti enfim livre e pronta para tentar algo novo, sério, real. Eis que pouco tempo depois que essa sensação me encheu, alguém bate a porta. Tá, ele já havia batido algumas vezes, mas não dei muita atenção. Dessa vez resolvi atender e ver o que era, quem era. Um rapaz tímido (bem tímido), porém muito determinado e direto. De cara disse que tem tentado ter coragem para falar comigo há tempos (tipo anos) e eu, que poderia ter cortado ele desde ali achando que era algum tipo de psicopata, fiquei encantada. A determinação, coragem, insistência e sinceridade das primeiras conversas me fizeram querer conhecê-lo tanto quanto ele me permitisse, afinal, não era missão muito fácil. Sei lá, eu sou tímida também, demais, mas quando quero que me conheçam esforço-me para tal. Enquanto eu me mostrava mesmo sem que fosse questionada ele permanecia mudo. Eu cheia de monólogos e ele, monossilábico. Eu cores e risos, ele cinza e sério. Eu correndo e ele numa redoma.
Tudo bem, verdade seja dita, desde o começo ele disse que as intenções dele eram sérias e eu deixei claro que não estava disposta a me jogar em um relacionamento assim, do nada. Mas com o tempo as atitudes dele demonstravam pouco interesse enquanto eu estava ali de verdade. Quando eu me esforçava mais a conversa fluía, rolava até uns debates sobre temas polêmicos mas fui cansando, sabe?! Era uma discussão rasa, com argumentos fracos e sem fim. 
Passei uns dois meses nessa porque pensava "poxa, ele não deve ser muito bom em conversa, será timidez?". Saímos, conversamos mas não rolou aquela boa dose de ocitocina, entende?! E para completar ele veio com perguntas absurdas alegando que "meu jeito" deixava transparecer. Acredito que meu jeito é de uma pessoa bem resolvida, que não se faz de menina boba para seduzir, que não se passa de frágil e indefesa. Não, não preciso de um namorado para viver e não fico em depressão por isso. Tenho personalidade forte e teimosia de sobra também. Penso muito e acredito que uma boa conversa me seduz mais que um sorriso lindo e um gesto fofo. Eu gosto de quem soma e multiplica. Não gosto de caras que esperem fofura de mim, não gratuito, sem conhecer, não sem sentir algo. bom. Não quero filhos e casamento não é minha meta de vida. Não sou uma "Amélia". Sou meio ogro, meio doce. Tipo ogrodoce, bruta com coração de mocinha :)
Olha, nesse meio tempo já tentei de um tudo: fiz mil perguntas, falei minha vida toda, até aqueles testes psicológicos e de personalidade eu mandei. Essa semana sugerir que fizéssemos listas de coisas sobre nós (ele disse que não gostava dessas coisas e não continuou a conversa). Ai cansei mesmo. De chato já basta o mundo/sociedade. Vi que simplesmente não vale a pena insistir, não adianta desperdiçar meu tempo, minha profundidade em prato raso. 
Desistir não foi uma decisão tão difícil no fim das contas, porque somos praticamente desconhecidos um pro outro (ou melhor, ele para mim), não é difícil desprender do que não te prende. Não fui cativada, nem quero mais ser. Não por ele. O mais engraçado nisso tudo é que de fato ele despertou minha curiosidade e interesse inicialmente. Eu realmente queria saber até onde isso ia, até cogitei relacionamento sério. Hora certa, pessoa errada. 
Na boa, para ficar nessa lenga-langa sem sal e sem cor eu prefiro ficar na minha, em minha companhia, com meus livros e músicas. 
Que ele passe, eu passarinho.
E você, Sr. Stark, continue com sua pedra (de gelo) estacionada que eu vou voar por aí (e não volto)! :*


Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

A Seta e o Alvo - Paulinho Moska