domingo, 9 de dezembro de 2018

O redator - Zimbra

Eu vi você pulando a minha página
Talvez você só queira ler depois
Não fiz tanta questão de ser direto assim
Talvez você perceba isso depois
Eu sempre fui tratado muito bem
Nos meios dessas linhas que eu já fiz
Seguiam pelas coisas que eu falei
Mas a metade mesmo diz
Que é tudo versificação
De alguma história que eu refiz
Me lembro de ter que explicar
Como é que essas coisas funcionam
Evito de ter que pensar
Que as melhores frases se foram
E não voltarão pro lugar
Pro mesmo rascunho que entrega
Milhares das informações
Que nem todo mundo
Pensei em anotar tudo que você diz
Daria uma bela matéria no jornal
Na parte de entretenimento ou coisa assim
Já que você não chega até o final
Me lembro de ter que explicar
Como é que essas coisas funcionam
Evito de ter que pensar
Que as melhores frases se foram
E não voltarão pro lugar
Pro mesmo rascunho que entrega
Milhares das informações
Que nem todo mundo se apega
Tá tudo bem com você?
Faz tempo que você não escreve
Eu sinto tanta falta de ler
Seus textos fabricados em série
Escreva alguma coisa, por favor, meu bem
E lembra de assinar no fim da folha

A primeira vez com ele

"Já faz um tempo mas eu gosto de lembrar" 

Depois que transei primeira vez, esse trecho de "Não é sério", do CBJr., nunca mais foi o mesmo para mim, pois me remete àquela noite que eu gosto de lembrar. Aquela...
Estávamos junto há um tempo e eu já o queria mais para além dos beijos. Ele, queria bem mais que eu, porém era paciente e compreensivo, respeitando meu tempo. Eu pensava vez ou outra como seria, o quanto eu queria e o quanto poderia ser bom apesar de todas avisarem que era ruim a primeira vez, porque doía, contando suas experiências. Sim, não era só a primeira vez com ele, era também a primeira vez na vida!
Apesar de toda pressão que há sobre esse assunto tão polêmico e que deveria ser pessoal, eu estava tranquila. Ciente da possível dor eu não me "traumatizaria", nem iria com receios, "moça, só relaxa e..." vocês sabem.
Lembro bem desse dia: Eu coloquei aquele vestido canelado com listras que me veste bem apesar de estarem dispostas na horizontal (todo mundo sabe que engorda, mas eu estava plena mesmo assim), um sapato confortável, fiz uma maquiagem leve e amadora (ler-se batom e rímel) e arrumei a mochila: Nela estavam alguns itens de trabalho para realizar o atendimento agendado para o fim de tarde e o necessário para dormir fora, afinal, seria noite das meninas e assim que acabasse de trabalhar ia para a casa de uma delas para uma super noite de pizza, vinho, música, conversas e gargalhadas. E assim aconteceu.
A pizza estava ma-ra-vi-lho-sa! Para quem tinha trabalhado a tarde toda e pode desfrutar de uma bela massa com bordas recheadas... não tinha preço! A conversa, nem se fala, sempre é uma delícia estar com elas que tanto me fazem bem. O riso é sempre certo nos nossos encontros, mesmo que comece com frustrações o desabafos. Ah e claro, o vinho sempre será uma ótima pedida para nossos encontrinhos, mesmo que uma delas não beba.
Não lembro se foram uma ou duas garrafas mas sei que postei fotos, vídeos, em todas as redes sociais (coisa que eu nem costumava fazer, vale lembrar) fiz chamadas de vídeo... tudo que atestasse que eu estava ali, para poder fugir em paz, caso eu assim decidisse fazer.
Aproximando-se da meia noite alguém falou em ir para uma balada, acho que foi o irmão da amiga-anfitriã da noite. A possível balada seria numa região mais central da cidade, um tanto longe de onde estávamos. O povo começou a se animar, menos uma que teria aula no dia seguinte. Ai eu pensei "Que tal hoje?" Sim, eu havia decido e ele obviamente não acreditava nenhum pouco que eu iria para lá. A anfitriã e seu irmão já estavam prontos para pedir o uber, a moça da aula decidiu que ficaria lá mesmo para ir cedinho para a aula, dispensando a balada e eu disse que ia para a casa dele. Todo mundo ficou sem entender, porque eu disse do nada. O irmão da amiga ficou dizendo coisas do tipo "Que namorada massa, indo uma hora dessas pra casa do cara" e as meninas um tanto chocadas pois sabiam que eu nunca tinha feito isso e estava muito tranquila e decidia pelo mesmo motivo. Por volta das 2h pedir um uber para minha amiga e seu irmão irem para a balada e a amiga que ficou em casa pediu um uber para eu ir para a casa do sortudo da noite (nada de deixar rastros da fuga. Garota esperta.). Entrei no  uber e segui conversando normalmente, não me importando com os fatos que geralmente me preocupariam: (1) estar num carro sozinha com um desconhecido, (2) estar num carro sozinha com um desconhecido na madrugada e (3) estar num carro sozinha com um desconhecido na madrugada indo para um lugar que eu nunca fui. É possível que o álcool tenha dado uma dosezinha de coragem? Sim, é possível mas, até aquele momento eu não estava arrependida.
O motorista era um cara romântico e foi o caminho todo me contando a sua história de amor com sua esposa, desaprovada por seus pais. Mostrou-me fotos do filhinho deles e foi muito gentil por toda a viagem, que era um pouco longa mesmo sem trânsito e passando por todos os sinais. Deu até para apreciar a cidade: tranquila, iluminada na maioria dos trechos que passamos, pude notar algumas placas e fachadas que nunca tinha visto até então, mesmo já tendo passado por boa parte do caminho, coisas da nossa vida corrida. Ao me aproximar do destino final nos perdemos e isso me deixou um tanto preocupada, afinal, eu não estava num bairro tranquilo. O sortudo estava no meio da rua, aposto de incrédulo e assim facilitou o término da viagem. Cheguei, é isso.
Ele pegou minha mochila e entramos. Não dava para ver muitos detalhes mas uma espécie de vila, com alguns carros estacionados ali onde parecia uma ruazinha sem saída. Subimos vários lances de escada até chegar na varanda dele, que era bem arejada. Tinha uma lavanderia e um lugar para armar rede. Parecia ser um espaço bom para churrasco e reuniões reservadas. A porta era de vidro e havia uma pequena antessala. Subindo um degrau tinha-se a cozinha e depois, a suite. Coloquei minha mochila numa mesinha, avisei as minhas cúmplices que havia chegado bem e fui ao banheiro lavar as mãos para tirar as lentes. Feito isso, ele não perdeu tempo e começou a me beijar. Quando vi já estava deitada, e enquanto ele subia em mim, aquele calor subia junto. Meu vestido, pobre vestido, já estava amarrotado e eu só pensava em como ficaria mais confortável sem ele. Concordamos então o tirei. Enquanto tirava pude notar rapidamente que havia uma tevê ligada e que tinha um filme passando, perguntei qual era e comecei a rir ao notar que estava em outro idioma, mandarim  se não me falha a memória. Não lembro qual filme era mas acho que gostaria de assití-lo só para saber se era melhor do que o que estávamos fazendo ali. Duvido.
Ok, então, depois de nos livrarmos das roupas tão desnecessárias ali, ele me mostrou o quanto a boca dele pode ser boa quando usada para outras coisas além de falar e beijar minha boca. Ganhei beijos no pescoço, costas, barriga, pernas... Onde você imaginar e tudo era bom. Vez ou outra ele perguntava porque eu estava rindo, ora era porque estava bom e outras vezes por cosquinha (igualmente bom), eu estava feliz ali. Chegada a temida hora eu comprovei: sim, dói, mas nada de desistir. Eu fui lá para isso mesmo, certo? Pois bem, mostre que você é decida, garota! 
Ele tentava ser delicado e dizia coisa que me acalmassem mas eu sempre fui desbocada e dizia "C@r@lho, isso dói" e ele, na tentativa de amenizar minha tensão todo sem graça disse "tá, mas é um" eu, com toda minha delicadeza meio que gritei que, iria dar um "consolo" para ele de presente para ele saber como doía uma coisa dessas num lugar inexplorado. Ele teve crise de riso, eu tive crise de riso e a gente quase parou de tanto rir. Mas não paramos. Confesso que fiquei surpresa com o tanto de sonoplastia que proporcionei e com o volume também (por sorte não eram meus vizinhos).
Rimos a noite toda. Estava alvorecendo quando fomos tomar banho juntos para poder dormir. Acordei poucas horas depois, dentro do abraço dele, numa conchinha. Não imaginei que dormir junto seria bom, mesmo me mexendo muito consegui dormir bem (por sorte foi só o começo de nossas conchinhas).
Ao amanhecer, comemos alguma coisa e ele foi me deixar na parada. Peguei o ônibus errado, para variar e inventei uma história para justificar minha decida numa parada nada a ver. Cheguei em casa moída, da caminhada e da noite. Dormi logo e acordei com ele já na porta lá de casa, fingindo estar me vendo só agora. Cara de pau, não sei quem de nós dois era o melhor ator.
Sim, mesmo sendo a primeira vez, eu aproveitei a viagem, "cheguei lá" e depois disso as coisas só melhoraram, a cada dia que passa a gente descobre algo novo, testa e se diverte. Hoje em dia não é só transa, também tem amorzinho, sexo selvagem, sexo acrobático, para fazer as pazes... Podemos ter nossas brigas e divergências mas, nesse aspecto... sempre nos demos bem. E é bom lembrar de como tudo começou: foi um momento louco e de muita coragem por me aventurar noite adentro saindo de outra ponta da cidade, de muito riso, companheirismo e amor. Foi uma coisa beeeem aquariana? Foi.
Foi tão leve quando eu gostaria que fosse e, mesmo que terminemos algum dia, o que espero que não aconteça, eu sempre terei esse sorrisão no rosto quando lembrar da primeira vez com ele.



Esse é um texto da série que faço com a Liz, onde escrevemos o mesmo tema sob a perspectiva de cada uma. Para ler o texto da dela clica aqui.

sábado, 27 de outubro de 2018

Ansiedade

Os dedos doem pelas unhas exacerbadamente roídas, as vezes sangram, inclusive.
Meu rosto entrega as seguidas noites mal dormidas.
A playlist "Na bad" já triplicou seu número de canções.
As pessoas notam minha boca calada e esse riso amarelo no lugar da gargalhada sempre alta.
O que não como já faz falta nas minhas roupas, cada dia mais vazias de mim.

A mente, outrora ágil e ativa, hoje mal consegue produzir além das frases melancólicas sobre esse tema batido:
Ele, eu, nós.
Fico pensando nas brincadeiras, nos planos feitos e não concretizados, nas viagens que não fizemos, mas vitórias que não comemoramos, nos amigos e familiares que não conhecemos, histórias que não dividimos e tudo isso só me deixa assim, sem cores, com essa palpitação que não me deixa dormir (presença cativa aqui), junto com o aperto no peito, falta de ar... então eu roou mais uma vez as unhas que já não tenho.  

E como explicar que eu quero ficar mas preciso ir?
E como mudar sem nos ferir?
Como continuar sem achar que estamos nos prendendo por medo de ficar sem o outro?
São tantas dúvidas, tantas perguntas sem respostas que eu fico assim, nesse mundo meio cinza pensando em tudo isso que tem a ver com nós.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Merthiolate

A gente não foi a Pipa, Galinhos ou Monte das Gameleiras.
Não fomos a Argentina, Canadá ou Japão.
Não fomos a nenhum casamento de amigos nossos.
Você não me deu um anel de cocô ou de ouro.
Não comemoramos aprovação e posse em algum concurso.
Não comemoramos sua habilitação.
Não conheci sua filha.
Não conhecemos a família distante um do outro ou as histórias que nos fazem.
Tanta coisa não vivemos e queríamos ter vivido que dói pensar e mais ainda se pensar no que ainda poderíamos sonhar. O difícil não é tomar decisões e sim sustentá-las quando se ama, quer bem, se importa. 
Não pense que tá sendo ótimo do lado de cá. Cada pensamento nostálgico, seja do passado ou do futuro, é como se fosse Merthiolate (dos meus tempos de infância obviamente) num arranhão dos mais enormes que já consegui: Arde e faz chorar.

sábado, 20 de outubro de 2018

A Raiva que deu

Estávamos deitados numa rede naquela sala pequena pós almoço de domingo. Não dava para nos mexer muito pois minha cabeça poderia bater na estante, as costas dele no sofá... então ficamos quietinhos, aguardando o tão esperado momento.
A semana toda, duas semanas da verdade, caiu de mim uma venda que eu mesma havia posto e, ao me dar conta disso não me senti confortável com tudo como estava. As coisas precisavam mudar e tinha quer ser logo se não eu mesma me mudaria. Fiquei dias e dias pensando na vida, distante, estranha. Ele estava com muito receio, prevendo o fim assim como eu, que tentava ao máximo encontrar um momento certo, as palavras certas, e já era domingo de tarde e nada havia sido dito. Em poucas horas eu viajaria e nada mudaria.
Ele me beijou e depois de um tempinho, eu cedi ao beijo e foi bom mas começou e me subir uma... uma raiva, e eu comecei a bater nele com uma almofada (e não só ficou por ai, boatos que teve até paus e pedras) por me fazer gostar tanto mesmo sendo tão diferentes um do outro. Ele, por sua vez não estava entendendo nada e só conseguia rir, porque eu estava engraçada (já ouvi isso outras vezes, que quando eu estou irritada fico engraçada pois começo a falar alto, gesticular demais...)
Na verdade, minha raiva maior era de mim mesmo, por estar numa situação desconfortável e não conseguir mudar ou sair. Não gosto de me sentir vulnerável e gostar dele faz isso comigo, me deixa de uma situação que eu não aceitaria de forma alguma em outros tempos, uma eu de uns anos atrás. E o que fiz com essa raiva? Dissipou mas a venda caída me deixa a cada dia um pouco mais desgostosa com tudo isso e as possibilidades de futuro com tamanhas diferenças.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Cores e concreto

Eu fui dormir com a cabeça cheia. Muitas ideias, sonhos, projetos e o duro baque da realidade "não da tempo", "não tem grana para isso", "vai ter que esperar", "onde está seu juízo, criatura?"
Foi muita coisa para um único dia e eu resolvi não conversar com ninguém, ficar na minha um tempinho (já alugo muito meus amigos com minhas neuras) e então apaguei.
O dia começou e apesar do peso, o lado sonhadora falou mais alto. Comecei a cogitar ideias, conversei com minha mãe e ela, que sempre espera mais de mim, ficou preocupada com o tanto de ideias boas e grandes, oportunidades que estão me surgindo e disse "apoio tudo que você quiser fazer, mas não se cobre para dar conta disso tudo. Não se mate, olhe por usa saúde, sua alimentação". Ok, ponto para ela, nessa altura no ano e o tanto de coisa que deve ser finalizado em outubro e até dezembro, qualquer pessoa pode duvidar da minha capacidade. Eu mesma, inclusive.
Até ai, tudo bem mas falar com ele foi o que me deixou assim, o que me botou aqui para escrever e tirar isso de mim (só assim volto para os projetos). No começo ele até tava na minha vibe, com ideias e tal, mas rapidamente a coisa muda quando ele diz (usando fala mansa e tentando amenizar as palavras) que eu estou fazendo muitas coisas e não me especializando em nada, que assim eu nunca vou ser boa em uma coisa, não dar o meu melhor em algo porque divido meu foco em muitos assuntos.
Eu, que estava verborrágica na hora do almoço, calei. E estou assim ainda, em poucas palavras, pensando no que está acontecendo comigo, com esse tal relacionamento. Eu não sei, mas não é de hoje que tenho receio em dividir minhas coisas com ele, que é tão "realista" e um tanto pessimista também. Não vibramos na mesma frequência. Eu, que tanto sonho fiquei assim, com essa sensação estranha de uma tristeza comigo mesma por me questionar sobre o que estou fazendo, por ter conversado sobre minhas metas de vida as quais obviamente ele não tem visão para visualizar esses sonhos comigo e, principalmente o que nos prende um ao outro.
Pode ser a TPM atacando? Pode, mas não acho que seja só isso.


******

Nota Mental: Não dividir meus sonhos com quem não sonha comigo. Não ter filhos com gente negativa. Pensar muito antes de casar (tipo, muito mesmo. Aliás, se puder nem casar! Obrigada, de nada).

sábado, 25 de agosto de 2018

A luz que o outro traz

Acordei já me sentido cansada, assim como ontem, anteontem, semana passada... Os dias não têm sido como eu imaginava. As vezes me pergunto se estaria me sentindo assim se tivesse feito outras escolhas, sei lá, nem vale muito a pena né?! É aqui onde estou agora.
Saio cedinho e as alegrias do dia ainda estão em ajudar os outros, ainda bem que posso, mesmo que o tanto que eu faça não seja reconhecido e eu seja tratada com mais desdém que uma aluna de primeiro período e não como a profissional que me esforço para ser.
Fiquei feliz que esse dia chegou, cheio de atividades externas, o que me proporciona sair daquele ambiente que me desanima. Mesmo tento um turno lá pelo menos eu estaria bem ocupada dessa vez.
Cheguei para meu atendimento no horário habitual, organizei minhas coisas, vesti o jaleco e esperei os prontuários chegarem. Enquanto não vinham, observei a sala. Um espaço de mais ou menos 3m², teto alto, paredes pintadas de amarelo com várias partes caindo, deixando transparecer o branco de uma tinta anterior e cheias de infiltrações. A iluminação também não é muito boa e há um cheiro de mofo e insetos quando ligo o ar condicionado (antigo, barulhento e que pinga dentro da sala), o que deixa o ambiente pouco confortável até mesmo para mim que mal noto o lugar hoje me dia. Acho que me habituei. 
As cadeiras são antigas, de metal, pintadas em um tom marfim e se arrastadas fazem um barulho bem irritante. A mesa á minha frente tem um tampo de granito cinza e é instável, de modo que se eu não me apoiar corretamente quando for escrever ela fica pendendo para um lado e para outro. Por mais que eu soubesse (ou achasse que soubesse) da realidade da atenção básica no país, não imaginava que estaria numa lugar assim. Dei mais uma rápida olhada, suspirei e decidi que já era hora de começar.
O primeiro caso foi uma senhorinha fofa, com cara de vó que faz bolo e crochê pros netos, sabe?! A consulta foi proveitosa pois vi nela vontade de mudar e permissão para que eu possa ajudar e isso vai me dando doses de alegria, por saber que estamos plantando uma boa sementinha ali, que o tanto que estudei e estudo vai servir para dar qualidade de vida a alguém que pouco conheço mas me importo.
Parcialmente revigorada, chamo o segundo paciente do dia, e ai vem ele. Mal sabia o que me esperava: um rapaz educado, inteligente, de 6 anos, acompanhado por sua mãe. 
Ele usava um óculos com armação estilosa, tipo de nerd e estava todo arrumadinho. Uma graça. Contou-me sua história muito bem e sozinho, conversava bem e eu já estava animada com aquela criança. Sabe, materno-infantil é uma área que eu gosto bastante e pretendo seguir; atender crianças me faz entrar num outro modo da minha profissão, no qual eu tento deixar essa criança o mais confortável possível, não usado palavras difíceis, brincando e respeitando suas preferencias dentro do possível para exercer meu papel.
Em determinado momento a mãe me contou que ele havia comentado em casa que, caso eu o restringisse de algo que ele gosta muito, não ia querer me ver mais e, por mais que fosse algo que eu não indico, era algo que poderia ser mantido por enquanto. Com isso ganhei a confiança do rapaz a minha frente. Ponto pra mim.
Terminei minha avaliação, sondando o que ele gostava e não gostava e fiz alguns acordos, tentando melhorar o que ele gostava. Ao final ele parou, solenemente, e disse: Tudo bem, eu vou fazer tudo isso que você pediu, estou fazendo um juramento com você." Nesse momento ele estendeu a mão direita com quatro dedos flexionados, mantendo apenas o mindinho estendido. Sim, ele estava fazendo um juramento do dedinho (aliás, do mindinho, como ele mesmo me corrigiu) comigo.
Aquilo me pegou de surpresa. Aquela inocência e seriedade que ele estava depositando no nosso momento me desconcertou de um jeito que eu não estava preparada, só em lembrar sinto as lágrimas arderem nos olhos. Sabe quando você esta fazendo um esforço colossal para se manter firme e vem alguém sorrindo e diz algo que lhe conforta de algum modo? Foi tão revigorante, tão belo, mesmo naquela sala de pouca ambiência, mesmo no local que eu pouco sou reconhecida pelo meu trabalho, ali com o dedinho estendido aquela criança brilhou. Brilhou de um jeito que na simplicidade (para muitos) do seu gesto foi a luz que eu precisava e não sabia, ou sabia e fingia que não precisava por não saber onde encontrar.
E quantas pessoas a gente encontra disposta a iluminar nossos dias, não é?! Quantas vezes a gente corre da luz com medo de cegar, nos acostumamos a sofrer calados ou reclamar sem ação, sem tentar mudar.
Crianças são a representação do recomeço, esperança, são verdeiras, tão e transmitem sinceridade. Nos últimos dias eu me encontrava num estado de cobrança e autocobrança frequente, pensando no futuro e me sentindo inerte, sem certezas. Tenho me desgastado com situações que me fazem mal e por mais que eu tente não pensar, hora ou outra elas vêm. Momentos como esse, com essa criança de 6 anos, que durou menos de um minuto, mudou minha energia e eu duvido que em sua inocência ele soubesse que poderia tanto com aquele dedinho solene.
Segurei-me para não chorar ali, mas em casa me permiti senti, deixar ir o que me incomodava e não merecia estar mais em mim. Fiz um juramento comigo mesma: lembrar daquele momento ou similar, quando me sentir esgotada. Buscar pessoas que transmitam luz e levar aos outros também. Estar entre iluminados nos afasta das sombras e reacende o caminho que vez ou outra some.
Rapazinho, muito obrigada por confiar em mim e me relembrar do bem que uma criança pode fazer. Já estou ansiosa por sua próxima visita.

"Vamos fazer o juramento do dedinho mindinho

Juntar o meu mindinho com o seu mindinho 
Então fechou o trato tá feito."

Mercúrio em Peixes

Depois que eu comecei a estudar astrologia passei a encontrar um autoconhecimento que eu nem sabia que poderia existir nos astros. Quadraturas, sinastria, mapa astral, evolução, revolução solar, casas, planetas... é tanta coisa nesse meio que as vezes me perco, viajo.
Um dos aspectos que achei mais interessante no meu mapa, até agora, foi esse mercúrio logo em peixes, tudo fez sentido depois que o descobri em mim. Mercúrio fala sobre raciocínio, comunicação, tem um quê de lógica e racionalidade. Peixes é da água, pura emoção, vai do 8 ao 80 em segundos. Eis o meu racional: cheio de uma emoção visceral.
Eu faço, entendo e falo coisas com muito mais emoção do que precisaria ou deveria. Não significa que eu choro ou escandalizo, mas eu sinto, sinto muito. Tudo. Se eu leio um livro eu imagino cada detalhe descrito; se ouço uma música eu imagino o contexto que foi escrita, a sensação de quem escreveu e quem serviu de inspiração; se alguém me conta uma situação que passou eu me vejo naquele lugar ou consigo visualizar perfeitamente aquela pessoa lá; eu tenho imaginação aguçada e as vezes me ponho em situações hipotéticas e consigo sentir dor, até mesmo física. 
Empatia eu tenho, e muita, nem queria ter tanta pois acabo me envolvendo em histórias que nem me cabem, não consigo ver um problema e não querer ajuda, não me preocupar. 
Mercúrio em peixes é confuso pois, o que era para ser razão é emoção que não se contém. Quando eu lembro de um fato o que vem a minha mente primeiro é o que eu senti ali, se foi divertido, lembro dos cheiros, das pessoas... Não me pede para contar algo pb, eu gosto de cores, vida. Vivo numa intensa contradição entre enfeitar o mundo com palavras e formas inspiradoras de o ver e a realidade cinza que nos cerca. É difícil sonhar aqui, sabia?! Por isso eu vivo me ausentando, viajando pro meu mundinho que funciona no seu próprio tempo, bem aqui na minha cabeça, basta eu olhar pro nada por dois minutos e já estou lá, caçando a mim mesma, numa busca sem fim.
Isso pode ser bom ou ruim, depende do momento. 
As vezes me frusto quando não entendem que as coisas são mais do que preto no branco, quando não entendem minha inquietação com o que não é o X da questão, quando tento explicar que vejo que vejo as coisas de forma bem mais ampla que esse pontinho para o qual todos apontam e é obvio, então desisto, canso e fujo.
As vezes a gente tem que tá aqui, mas insiste em fugir.
Eu me refugio na minha mente e nas palavras que escrevo ou leio. Na minha bagunça eu me perco e me acho, me organizo no meu caos. Cresço nos conflitos que só eu vejo e sinto. Na arte eu me fico à vontade, todas começam de uma viagem do artista.  
Por ser movida a emoções minhas certezas são meio instáveis, dependem muito do que estou sentido, dos meus dias e essa é uma característica que eu não gosto tanto mas é bem forte no meu comportamento, no que me faz ser quem sou. Meu instinto também é muito forte, e eu posso me fazer de doida, mas sei que ele esta certo, quase sempre está mesmo que eu não queira. 
Mercúrio em peixes me joga numa viagem da imaginação no terreno da razão, do sentimento no racional, do abstrato no concreto. É doido, instável, entranho, belo, confuso, inspirador e fascinante. É multiplicar tudo, potencializar o ponto, a vírgula e a exclamação. 
Exclamar cada sentimento. 
E sentir tudo que nem sempre é sentido.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Parto (e não sei se volto)

Esse não será um texto fácil de parir.

Eu tentei ficar.
Desde o começo eu tento.
Hoje acho que não consigo mais, não é justo conosco.

Oi, chegou bem? Já tá deitado? Cá estou no meu antigo quarto sem sono, acho que não deveria ter tomado aquele café forte... agora estou aqui sem ter muito o que fazer e inevitavelmente penso em nós e nesse futuro tão mais incerto.
Desde aquele dia despertaram em mim dúvidas que eu só senti no começo de tudo, coisas que ignorei para poder continuar o que nem tínhamos ainda. Fechar os olhos ajudou muito a chegarmos até aqui mas, não sei se posso continuar com eles assim, ainda mais quando você fala em casamento. Casar é um ato tão sério, e que envolve muito mais gente que apenas dois, que até pouco tempo atrás eu nem ousava pensar sobre. Quando você começou eu surtei pois não conseguia nos ver nessa posição e não entendia porque já que o amo, isso é uma consequência óbvia do amor, né? Talvez não devesse ser. Começo a ver que amor é muito importante mas só ele não basta para manter duas pessoas juntas para sempre, há outros aspectos tão importantes quanto: valores, gostos, opiniões, religião, hábitos, hobbies... quando mais pontos em comum mas fácil seguir a relação. A vida já é tão difícil, o mundo já anda tão complicado, porque complicar mais?
Se eu algum dia casar, quero que seja com alguém que eu me sinta à vontade para falar sobre tudo sem que haja uma briga depois; quero não ter restrições de temas porque sei que não vamos a lugar nenhum com o debate; quero que tenha opiniões parecidas com as minhas, até porque, se vierem filhos, como vai ser? Eu não quero filhos que pensem que discussões raciais ou feministas são mimimi; não quero ter que chorar sempre com minhas amigas porque a pessoa que “está” comigo não consegue me entender e dar o suporte que preciso.
Sabe, e isso tudo vale para você também. Você precisa de alguém que fique bem com você, uma amorosa, carinhosa, que vá para a igreja junto, sonhe em casar e ter uma dúzia de filhos. Por mais que a gente se ame seria egoísmo seguir sem questionar esses pontos. Eu não gosto de seus posicionamentos sobre questões que julgo importante e você não tem que mudar por mim, até porque isso está enraizado em você e eu não posso mudar isso.
Tentei de te trazer para minha vida e entrar na sua. Tentei me entregar com tudo que posso, das qualidades aos defeitos, das histórias boas às ruins, do corpo a mente. Por mais que seja bom, e realmente é, não é o suficiente para me manter segura e bem. Eu sempre fico com isso martelando na minha cabeça e é tão perturbador!
Eu não sei o que vamos fazer com isso, mas sei que não dá para seguir em frente com esse tanto de sirene e alarmes de segurança apitando em mim, não é bom para nenhum de nós dois continuar com isso ressoando e lá na frente não ser mais suportável. Não da p empurrar com a barriga ou fechar os olhos, não quero mais fazer isso e nem posso. Não poderia ter feito mas já está e agora... E agora?


P.S.:Um pequeno esboço desse texto foi escrito e esquecido há muito tempo e achei que nunca o concluiria pois as coisas fluíram entre nós. Fiquei triste em vê que ele era válido.

terça-feira, 31 de julho de 2018

Casa

Acordei no horário habitual, li algumas notícias e levantei para me cuidar para ir pro trabalho e resolvi caprichar um pouco, só para chegar diferente. 
Coloquei uma playlist que gosto e deixei no aleatório, até que tocou aquela música, aquela, e me trouxe a discussão de ontem com meu namorado por causa da minha mãe, da discussão com ela há alguns dias, e do tempo ruim.
Trata-se de uma música cristã que questiona Deus como pode nos amar tanto mesmo sendo o que somos. Ela sempre me emociona muito e hoje não foi diferente, fui as lágrimas.
Lembrei do tempo que frequentava casa dEle como visitante, claro. Nunca foi minha morada também. Lembro que no tempo ruim eu gostava de ir lá, orava, chorava, cantava e me sentia bem, preparada para a semana pelo menos. Minhas válvulas de escape já não eram suficientes e eu me sentia uma senhora de 89 anos quando tinha apenas 15, 16, cansada como se carregasse o mundo nas costas (e era mais ou menos isso mesmo, meu mundo, o que eu conhecia, dependia muito de mim). 
Em casa haviam muitos problemas e cada um lidava como conseguia, eu assumi características permanentes como um ar de independência que chega a incomodar e dificultou algumas coisas na minha vida. Como não teria essa característica se eu tinha q assumir responsabilidades, se não tinha como contar com outros, para quem justificar? Pai, mãe? Não eram opções. Irmãos mais novos? Eu era a referência...
Frequentar a casa dEle me fez bem e eu até chamava minha família e até que eles foram algumas vezes, mas... o problema do meu pai com álcool me afastou de lá. 
Ele começou a ficar diferente, querendo ser todo certo mas n conseguiu vencer o vício então deixou de frequentar. Na igreja começaram a me perguntar por ele, porque ele não estava indo e até comentando que o haviam visto (eu bem sei o estado que ele estava quando o viam baseando-me pela forma que ele chegava em casa) aí eu parei de ir. Não quero parecer ingrata após ser acolhida mas  sentia-me envergonhada por ele ter chamado tanta atenção e logo saiu, por todos olharem para mim perguntando por ele.
Passei muito tempo sem entrar em uma igreja novamente e das vezes que entrei não me senti bem como antes. Não culpo minha família também, eu não quis mais ir no fim das contas, mas, ali na cozinha ouvindo aquela música enquanto fazia vitamina e chorava me lembrou da igreja e da sensação de estar lá e me senti abraçada a todo instante. Acolhida, consolada em paz. Mesmo que tivesse que voltar correndo para casa ou passar a noite acordada num hospital, imaginando uma diferente, ou lembrando coisas.
O que somos hoje é consequência de uma série de erros e acertos, escolhas, pessoas e situações. 
Como pode me amar, Deus?
Fui para o trabalho pensativa e acho que agora, após escrever, acalmarei um pouco minha mente.

 A música: 

Como pode me amar, Deus?
Conhecendo o meu pecado
Sabendo o que eu faço de errado
Como pode me amar assim?

Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu sou falho
E que o meu coração já não bate
Mais como já bateu?

Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu fugiria
Se a porta estivesse aberta
Como pode em mim confiar?

E ainda me pega quando estou caindo
E me abraça quando estou chorando
E segura as minhas mãos
E me leva pra perto das chamas de amor
Que ardem em Teu coração e não se podem conter

Como uma flecha que estoura em meu peito
E me traz de joelhos enquanto eu choro
Tenha o meu coração
Minh'alma soluça
Quando eu percebo o contato de Seus olhos com os meus

Como pode me amar, Deus?
Sabendo o que eu diria
Sabendo que eu me frustraria
Como pode me amar assim?

Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu Te culparia
Pelo que não foi como eu queria
Como pode me amar assim?

Como pode me amar, Deus?
Sabendo que eu me fecharia
Quando Você quisesse entrar
Como pode em mim confiar?

E ainda me pega quando estou caindo
E me abraça quando estou chorando
E segura as minhas mãos
E me leva pra perto das chamas de amor
Que ardem em Teu coração e não se podem conter

Como uma flecha que estoura em meu peito
E me traz de joelhos enquanto eu choro
Tenha o meu coração
Minh'alma soluça
Quando eu percebo o contato de Seus olhos com os meus

Me leva pra casa
Eu quero voltar
Pois longe de Ti
Não é o meu lugar

Eu corro depressa
Pra Te encontrar
De braços abertos
Como alguém que esqueceu

Me leva pra casa
Eu quero voltar
Pois longe de Ti
Não é o meu lugar

Eu corro depressa
Pra Te encontrar
De braços abertos
Em meu lugar

Me Leva Pra Casa - Israel Subirá

Adulteci?

A palavra é nova, o corretor do google não reconhece mas o significado não é difícil de imaginar. Em essência a maioria das pessoas acima de 20 anos, entende.

Adultecência é uma fase da amadurecência que vem depois da adolescência, compreendeu? Parece nome de doença, mas não é. Adultecer significa acordar já pensando no almoço e já ir tirando algo para descongelar porque o dia vai ser corrido; é sentar para calcular as contas do mês, fazer planilha e planejar a semana; é acordar uma hora mais cedo para escrever um texto como esse e ainda tomar café durante o processo para não se atrasar; adultecer significa que, não importa o quanto você chore, mês que vem as contas chegarão, bonitinhas como sempre.

Eu adulteci? Sim, e foi tão natural que mal me dei conta. Custei a entender que isso chegaria e depois que era real, que almejei isso minha infância inteira e agora uma das minhas metas e ter uma casa ampla e planejada com um jardim e varanda gourmet.

Adultecer é compreender os esforços dos nossos pais, é valorizar as coisas pequenas não pelo valor em si mas pela representação dos nossos esforços. Se orgulhar de um carro velho ou apartamento pequeno? Só entenderão os que sabem quanto custa cada horinha trabalhada num mês.

Mas calma, adultecer não é só labuta, desculpa me expressar assim. Também tem várias partes agradáveis, a maioria na realidade é boa. Liberdade para fazer escolhas de acordo com o quanto você está disposto a se esforçar por aquilo, encontrar paz em uma tarde para hobbies ou em ouvir uma musica boa, cozinhando na sua casinha que tem sua cara. É uma delicia saber que os esforços até aqui lhe proporcionaram momentos assim, de alegria e plenitude, momentos que só lhe resta o sentimento de gratidão à tudo, inclusive aqueles perrengues para ir para a faculdade em dia de chuva e perder o ônibus, ou chorar por uma nota baixa, ou ter que aguentar aquele colega de trabalho chato.

Adultecer é atingir uma maturidade que te permite aproveitar mais a vida, a vida que construiu para si e se alegrar com cada pedaço dessa construção.

Não posso negar que foi e ainda está sendo ralado, tem dia que eu só queria sentar na frente da tv e assistir desenhos, mas não consigo imaginar alcançar o que tenho e ainda quero ter sem essa maturidade que venho conquistando. Na real só consigo agradecer por ter chegado até aqui bem e disposta a continuar em ascensão. Rumo a melhor idade!

(Ó Pai, agradeço por me permitir crescer à tua sombra, de acordo com seus planos que sempre são melhores que os meus [não canso de repetir]. Posso não ser filha mas sou uma criatura muito obediente. Obrigada!)


quarta-feira, 11 de julho de 2018

O abraço dele

Há tempos quero escrever sobre esse que considero um tema muito importante. Sempre que eu o encontro, o abraço apertado e as vezes ele fica sem entender o porquê, fica preocupado achando que tô chorando desesperada ou coisa assim, mas não (nem sempre, pelo menos) é só porque eu gosto do abraço dele.
A gente mora longe e isso por si só já é motivo suficiente para abraçar apertado, de olho fechado quando encontra, mas acho que entendo o motivo da surpresa dele quando isso acontece. Quando nos conhecemos eu não era essa pessoa que agora escreve, acho que ontem mesmo eu não era essa, pois evoluo dia a dia. No início eu era uma pessoa muito desprendida, do tipo que acha que nunca vai se apaixonar ou desejar tão desesperadamente ter alguém por perto, um alguém específico, ah menina boba!, só achava mesmo. Hoje sente, sente tanto que quando encontra tal alguém, não solta.
Amo tanto abraçá-lo! Abraço quando o encontro, quando estamos dormindo, quando ele esta fazendo o almoço, no supermercado, parada de ônibus... Não sou louca mas, em minha defesa, ele tem um abraço com cara de casa, entende?!
Ao abraçá-lo eu sinto coisas tantas coisas boas que nem minha melhor descrição seria fiel ao que sinto: uma paz ao ouvir os batimentos dele (vantagem de ser uma pessoa compacta), conforto (ele é macio), uma paz tão grande que as vezes da vontade de chorar, como se eu tivesse andado muito e já perdido a esperança de chegar, então cheguei, entende? Como se eu ansiasse por esse momento a minha vida toda, mesmo que só tenham se passado algumas horas que o vi. Nesse mesmo abraço sinto segurança acolhimento, amor. São braços quentes que quero que estejam ao meu redor o máximo de tempo possível. Quero tanto que mesmo quando brigamos eu o puxo para perto de mim e enlaço os braços a minha cintura, mesmo dormindo eu o quero perto, quero o abraço, quero estar no meu melhor lugar, minha casa.

Prelúdio

Eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor
Tristeza que vai
tristeza que vem
Sem você meu amor eu não sou
ninguém

Samba em prelúdio - Vinícius de Moraes


Eu tenho me sentido assim, como o Vinícius cantou há tantos anos, com relação à escrita. Ultimamente, sucumbida em uma rotina de trabalho, nas preocupações cotidianas, não consigo me dedicar a este que é muito mais que um hobbie, é minha terapia, meu momento de organizar as ideias, os sentimentos.
Tenho estado um tanto perdida, um misto de "hein?!" com "O que está acontecendo?!", nem sei mais escrever, não me sinto segura para tal e procrastino tanto! Há tantos assuntos relevantes para mim que não saíram da minha cabeça ainda... Tanto a dizer, refletir, desenvolver!
Fico na expectativa de logo mais ter algum tempo e me organizar melhor para ter uma rotina mais flexível para ter meu tempo de fato, mas vejo que quanto mais o tempo passa mais isso parece distante de uma realidade palpável. Isso me entristece tanto, fico perdida "Um barco sem mar, um campo sem flor". 
Quem sabe, depois desse, eu consiga empurrar mias algumas palavras, frases, parágrafos para fora (esses cativos de mim). Preciso gritar o que não cabe.
Espero conseguir.
Veremos. 

sábado, 30 de junho de 2018

Nota para não esquecer

Possíveis planos profissionais para 2019:

- Passar num concurso 30 ou 40H/semana;
- Consultório;
- Atender a domicílio;
- Dar aulas em faculdade ou ser preceptora;
- Ministrar capacitações e palestras voltados a educação permanente em saúde;
- Mestrado;
- Fazer 2 ou 3 cursos de extensão durante o ano;
- Residência;
- Escrever mais;
- Trabalhar em clínica.

domingo, 24 de junho de 2018

Ela e Eu por mim



É engraçado como começou isso tudo. Lembro que a conhecia da escola e até estudamos numa mesma turma por vários anos e, mesmo tendo amigos em comum e frequentando os mesmo lugares, só nos aproximamos no último ano da escola e isso só cresceu quando acabou, o que também é curioso já que a tendência é se afastar depois que a rotina muda, os hábitos, ares. Mas nós não, somos do ar e isso nos une, quero dizer a astrologia foi um dos assuntos que nos trouxe para perto uma da outra, assim como música, vinhos, escrita, livros, mar, fotos, crises existenciais e conversas profundas noite a dentro. 
Na escola não éramos amigas. Ela era do tipo popular enquanto eu tentava passar despercebida, mas confesso que sempre achei que seria uma amizade interessante porque eu curtia as ideias dela, a vibe. Ela parecia ter uns pontos de vistas mais elaborados que o resto da turma e dava para imaginar as conversas indo longe a partir daquele ponto. Hoje em dia somos amigas do tipo “muito amigas”, do tipo que conversa sobre cada acontecimento relevante não importa o dia nem a hora. Do tipo que eu considero a voz dela como a da minha consciência e, se eu tiver meio desorientada falo com ela, o que ela aconselhar eu faço sem questionar o que é interessante porque sou do tipo rebelde e questionadora, mas não com ela. Por que eu confio, sabe? Acho que ela me conhece como poucas pessoas, pois tem uma sensibilidade aguçada (acho que é esse Marte, mercúrio...) tem interesse. Ela funciona como um diário que fala e anda, qualquer coisa de mim, acredite, ela sabe. E minhas viagens, ela entende (nem eu sei como, já que nem sempre eu mesma entendo).Mesmo com a rotina diferente, mesmo com profissões diferentes e morando e cidades diferentes, somos amigas-irmãs.
Da escola para cá muita coisa aconteceu, muita coisa mudou. Hoje eu consigo ser mais aberta, sincera, contar mais com as pessoas. Hoje eu a vejo feliz apesar dos perrengues, vejo a mulher forte, que ela sempre foi, enfrentando um leão por dia e rindo. Vejo ela ficar cada vez mais serena e em paz com sua espiritualidade e é feliz ver isso pois eu acompanhei uma parte de seus obstáculos até aqui, e sei que não foi fácil. Espero estar presente em mais momentos, seja para comemorar ou para consolar, chorar junto, porque somos assim: estamos e somos uma para a outra, não importa o dia ou hora.
Gratidão a Deus e a vida por ter alguém assim no meu caminho, na minha história. Amo você, viu?! 💗
O outro texto, na versão dela, está aqui!

P.S.: Amiga, desculpa a demora, no WhatsApp o porquê.
P.S 2: Sou muito sem jeito para falar de mim, cês entendem, né?!

terça-feira, 19 de junho de 2018

Variações do mesmo tema

Ooooi!

A partir de hoje estarei alimentando um novo marcador Variações do mesmo tema em conjunto com a Liz, do Fazendo Morada
Funcionará assim: Escolheremos títulos/temas para escrevermos, cada uma a partir de seu ponto de vista, sem muita conversa a respeito previamente, e depois colocaremos o link do texto da outra nos comentários, assim podem ler um e em seguida já ver o próximo. Nossa intenção é comparar nossos pontos de vista, não de forma competitiva para ver quem é melhor ou pior e sim para visualizar as diferenças de acordo com a história e experiências de vida de cada uma porque, ter a mesma idade, nascer na mesma cidade, ter amigos em comum, gostos comuns, signos do ar e etc, não é suficiente para prever certos posicionamentos a respeito de algo.
Então é isso, espero que esse marcador seja muito alimentado e que sempre seja uma experiência interessantes descobrir coisas novas, tanto em mim quanto nela.

Ótima leitura a todos, ótima escrita para nós!


segunda-feira, 18 de junho de 2018

"Quer casar comigo?"

Meu amor, eu te amo tanto e já to com tanta saudade! Imagina quando eu voltar mais tarde pro almoço e ter que comer sozinha (se eu fizer almoço). Você é tão bom (e isso nada tem a ver com emprego, qualificações profissionais ou formação) que as vezes acho que não mereço tanto. Você é honesto, justo, atencioso, perseverante, motivador, paciente, carinhoso e a cada dia me aproxima mais de Deus (vc e Ju), e isso é muito bom.
Cada dia te admiro mais por saber de tanta coisa que você passa/passou e ainda continuar sendo doce, como um menino. Meu menino.
Eu te amo muito e quero que continue contando comigo nessa fase difícil. Logo estaremos juntos agradecendo e comemorando suas conquistas que serão muitas e seguidas, muitas bençãos para nossa família. Eu sei que você vai passar por isso e será um novo homem num novo emprego, com uma nova visão do valor e importância dele em sua vida, será o melhor em qualquer coisa que for fazer. E vai estudar p ser cada vez melhor, por que vc merece, sua filha merece, sua mãe merece.
Eu amo muito você e responderia essa sua pergunta mil vezes até que seja a real-oficial, aquela acompanhada de um anel de noivado na mão direita e depois uma aliança na esquerda. Quero quero sua força motivadora todos os dias da minha vida e quero que a gente cresça junto, por que além de tudo você consegue me fazer rir, expressar sentimentos, faz com que eu me sinta bem para ser eu mesma (inclusive brega), me motiva quando eu me sinto cansada e desestimulados, me consola e chora comigo, ora por mim, ora comigo, por ser minha melhor companhia, seja para um filme no cinema ou para andar de busão com as passagens contadas.
O amo tanto que tantas linhas que escrevi e não consegui chegar na a expressar bem isso, não consigo te fazer entender o tamanho disso, só de pensar na dimensão... sinto uma coisa estranha no meio do peito e da vontade de chorar. É tão grande o que eu sinto e só aumenta!
Eu amo você todos os dias (até com raiva) e amo cada vez mais, meu amor.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Casamento não

Hoje amanheci com a garganta doendo, como se estivesse em processo inflamatório, o que é curioso visto que tenho me sentido bem, sem febre ou dor de cabeça, me alimentado bem, comendo frutas ricas em vitamina C inclusive. Na verdade eu até sei o que pode estar causando tais sintomas, viva a metafísica!
Foi a conversa antes de dormir, claro.
Porque o assunto casamento é tão recorrente e causa tanto reboliço? É sempre assim! Eu já disse que não pretendo tal ato mas confesso que posso parecer confusa quando digo que gosto das cerimônias em si, gosto de casamentos (dos outros).
Fui comentar que serei madrinha de mais uma amiga, que dei um empurrãozinho fundamental digamos assim, aí o assunto veio todo novamente.
Eu não sou contra o casamento de modo geral, não saio por aí esbravejando "não sejam idiotas, casar não presta, só perda de tempo!" só não acho que isso seja para mim  isso me faz pensar se eu realmente não quero casar ou se não quero casar com esse tal que tem passado uma temporada em meu coração. 
Antes de conhecê-lo lembro que já não queria, estava me curando de alguns processos e talvez está tenha sido uma consequência mas, antes desses processos, em um tempo que parece outra vida, eu queria casar. 
Casar num lugar bonito, com muitas cores, um dia de alegria, celebração, união. Um dia, que seria um dos mais lindos da vida, que duraria para sempre em minha memória, com a família lá, amigos, depois fotos, discurso, choro dança, festa, vida... Amor! Eu estaria tão feliz que ia ficar com os músculos da face doídos de tanto sorrir e gargalhar, aquela  gargalhada gostosa de fazer chorar, sabe?! E depois isso um casamento tranquilo, feliz e próspero.
Hoje, não sei. Quando penso em casar com este rapaz só me vem à mente uma ida ao cartório no intervalo do almoço, usando jeans e camiseta (tá, pode ser uma camisa de botão) para deixar minha certidão de nascimento e pegar uma de união estável ou coisa assim. Algo abominavelmente sem graça para uma sonhadora como eu. Não sei se isso é o que se chama de maturidade, rabugem ou só não gostar dele. Será que isso é crescer ou dá para ter um romance de “adolescente” na “fase adulta”? Não consigo visualizar diferente e quando tento colocar isso num lugar bonito, tipo uma praia, me vejo séria, rezando para acabar logo a cerimônia, sem dança. Não é feliz e isso me entristece de um jeito que ainda não sei explicar mas dói e cria um nó na garganta, uma vontade de chorar, gritar e depois calar sem forças para sair do lugar.
Eu não sei se algum dia casarei, muito menos se casarei com ele mas, ideializar isso na minha mente é incômodo de modo que prefiro evitar se quiser continuar relacionamento que estamos. Mas aí mora o perigo: será que espero que esse desejo floresça ou estou apenas empurrando um problema com a barriga por puro comodismo ou covardia?

domingo, 25 de março de 2018

Nota sobre despertar

Oi amor,

Sei que já faz um tempo que não te escrevo, também, com essa correria toda, sorte a nossa ainda nos vermos, com mais frequência até. Na estrada fiquei pensando sobre o início do dia então resolvi escrever.
Hoje, acordei várias vezes na madrugada, o que é incomum quando bebo alguma delícia etílica antes de dormir, mas acho que isso aconteceu porque você estava do outro lado da parede e eu queria estar lá, com você. Então fui, meio sonâmbula pouco antes de amanhecer e deitei, já me encolhendo perto de você. Eu gosto dos seus braços ao meu redor, teu queixo no meu pescoço, teu corpo colado no meu. Quando acordei, quando acordamos de verdade, fiquei pensando em como é bom acordar do nosso jeito. Como nos fortalecemos no bem que fazemos um ao outro e assim, nos preparamos para o dia, seja ele leve ou desafiador.
Eu amo tanto dormir e acordar com você que as vezes me pergunto se isso vai ser sempre assim, será que dá? Para sempre? Velhinhos e tudo? hahaha
Eu gosto dos seus braços ao meu redor, teu queixo no meu pescoço, teu corpo colado no meu. Eu gosto quando nossos corpos nos obrigam a acordar e por nosso bom-dia ser tão nosso. 

(Já) Estou com saudade.
Amo você. Muito.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

O que eu quero antes dos 30

A ideia veio de uma amiga e eu me empolguei na hora com a pergunta, primeiro porque eu gosto de pensar na vida, traçar metas, planejar. Segundo por que amo listas. Então, vamos?
Quantas vezes na vida perdemos uma oportunidade por não estarmos prontos para ela? Traçar metas é mais que sonhar, é dá subsidio aos sonhos para que eles sejam projetos. Projetos realizáveis. E eu amo isso. Amo ter uma lista de coisas tracejadas por já ter realizado, cumprido e é por isso que estou sentada aqui agora, para traçar alguns planos para os meus próximos 5 anos. Graças a Deus, já alcancei algumas coisas que eu queria para minha vida quando mais nova, então acho que estou no caminho.

Em 5 anos quero:
- Estar concursada;
- Ter meu próprio negócio;
(com esses dois já dar para ter a sonhada estabilidade financeira, né?!) 
- Fazer meu curso de microfisioterapia;
- Fazer cursos na minha área, pelo menos um por ano;
- Mais uma pós graduação ou mestrado;
- Ter minha casa/apartamento projetado, com móveis sob medida, varanda com plantinhas, piso porcelanato, uma adega com os mais variados vinhos, cozinha com cooktop e panelas antiaderentes da polishop kkkkk, tudo bem lindo *-*;
- Fazer viagens para lugares novos, uma ou duas vezes por ano e pelo menos uma grande e inesquecível viagem;
- Aprender idiomas. Português e mais um ou dois (Não me julgue! Vai dizer que sabe usar aquelas orações subordinadas?! Seeeei...)
- Estar no casamento das minhas amigas, se possível como madrinha;
- Casar? Será? Pode ser, né?! É uma boa ter alguém por perto para dividir a vida
- Ser mãe de uns 3 ou 4 bebês de 4 patas *-*
- Falar nisso... ser mãe já não me parece algo tão absurdo, mas veja bem, realmente não é uma das minhas metas de vida, eu já falei sobre isso aqui. Porém... Se algum dia eu ficar doida e tiver um, que seja antes dos 30, ah! e ele(a) não poderá ser filho(a) único(a), porque acho crianças assim muito sós e ter irmãos é uma verdadeira benção por inúmeras razões.
- Me envolver ativamente em algum projeto social, tenho algumas ideias já mas não defini bem ainda, espero firmar e executar as ideias até os 30.
- Escrever e publicar um livro, nem que seja uma tiragem baixa, só pros meus fãs de carteirinha (ler-se amigos e família).
- Poder olhar essa lista e ver os itens riscados por estarem cumpridos.

É isso, vou ficar voltando aqui de vez em quando para rever os itens e se possível marcar como feito. E você, o que quer antes dos 30?

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Aconchego

Cheguei tão cansada da viagem que acabei dormindo sem estudar, jantar ou falar com ele.
Acordei na madrugada com sede e com a consciência pesada por não ter estudado. Fui beber água, fui ao banheiro e ao voltar para o  quarto e deitar, percebi a cama tão maior! Bateu saudade. Saudade dele, claro.
Inevitavelmente lembrei das noites anteriores nas quais dormimos dividindo um colchão pequeno e é tão engraçado perceber que, logo eu, que nunca gostei de grude, que nunca fui muito chegada a longos abraços apertados, me vejo assim: amando dormir junto dele, dormir enrolando braços e pernas,toda entrelaçada, tão juntos que mal se pode respirar. E eu me sinto bem, em casa, em paz.
É engraçado como eu gosto de estar entre os braços dele e como encontrei em seu peito o melhor lugar para tirar um cochilo: é macio, quentinho e eu fico ouvindo coração dele batendo numa sincronia certinha, sístole, diástole, sístole, diástole... Às vezes até nossas respirações se sincronizam e eu então percebo o quanto estamos cada vez mais alinhados.
Pensar nessa sincronia toda me faz pensar como tem acontecido tanta coisa em nossas vidas, tantas mudanças que eu não tenho escrito, não tenho conseguido pensado e quando lembro me assusto as vezes ("Como chegamos aqui?"). Não raramente me perco no quanto nos aproximamos, no quanto estamos bem e como eu gosto de estar com ele. Eu não imaginei em nenhum momento que ficar junto assim me faria tão bem e faria tanta falta também! Justo comigo, a rainha da independência, a aquariana livre, leve e solta nesse mundão, doida para voar.

Enfim, ao deita na cama tentei da melhor forma possível substitui-lo com um travesseiros e almofadas, mas nem deu, né?! Não tinha aquele aconchego, nada tinha o calor dele. Ai resolvi ligar e dizer isso, aposto que ele ia gostar de acordar no meio da madrugada assim. Ou talvez amanhã, meu sono está voltando.

*Durmo e sonho com ele, alguma coisa que não lembro, mas sei que ele estava. Como sei? Bom, ele foi a primeira pessoa que lembrei, antes mesmo de abrir os olhos e acordei leve. É, certamente ele estava por lá sim.

Nem preciso dizer que amo você né?!