sábado, 25 de abril de 2015

Cara de paisagem

Passei por ele com passo todas as manhãs, porém fui mais polida e me restringi ao "bom-dia" seguido de "precisamos conversar mais tarde". Ele já sabia do que se tratava e já imaginava o que ouviria.
Passei o dia ensaiando o que diria, mudando palavras, entonação e nada ficava bom o suficiente. No momento oportuno, já não sabia nem por onde começar. Então guardei meu coração no bolso, apertei as mãos (antigo hábito para disfarçar o tremor incontrolável) e fui.
Sentei, olhei para ele e comecei da melhor forma que consegui.
- Eu nunca esperei ter uma conversa como essa com você. Com ninguém, na verdade. O que aconteceu ontem foi um erro, um absurdo  Somos amigos há muito tempo, ou pelo menos eu achava que éramos.
Quando foi que você confundiu tudo? Passei a noite me perguntando se eu te fiz entender errado ou se você se confundiu sozinho. Sabe, eu achava nossa amizade tão bonita, pura e simples mas, só eu via as coisas assim, né?! Você desrespeitou sua família, meu namoro, nossa 'amizade', você me desrespeitou.
Se eu gostei? Não, não gostei de me sentir pressionada e forçada. Não me agradar ter meu espaço invadindo de forma tão rude. Você me magoou e é óbvio que vou ficar com era cara de paisagem para você. Como você acha que eu agiria depois disso? Que ia sorrir e pedir bis? 
Achei que me conhecia melhor, deveria saber que não sou assim.
E eu também admito dois erros: Errei ao pensar que o conhecia e que éramos amigos.
Mas, no fim das contas, isso é bom sabe?! Agora, mais do que nunca, compreendo que as pessoas interpretam muito mal e vêem aquilo que querem ver. Agora eu sei que até mesmo entre os "amigos" preciso estabelecer limites claros.
Agora, sei que preciso conhecer melhor aqueles que chamo de amigos 

Sai da sala pisando firme e com as mãos tremendo, tal como entrei. Não olhei para trás, mas sei que ele passou um bom tempo sentado, certamente olhando para o nada.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Caminhos a seguir

Esses dias eu estava pensando sobre umas sensações estranhas que venho sentindo. Hoje, com 22 anos me sinto de novo com 17. Me vejo no último ano da escola, época que me aproximei de um monte de gente, que fiz/reconheci amigos em pessoas que estavam ali o tempo todo, época que vivi coisas inesquecíveis, que fiz escolhas,  escolhas essas que me trouxeram para onde estou agora.
Minha vida poderia ter sido diferente, eu poderia ter ido para uma faculdade em outra cidade e conhecido pessoas diferentes. Quem eu seria se tivesse seguido outros caminhos? Será que eu teria crescido o quanto cresci, será que teria passado por situações que me formaram a pessoa que vós escreve? Não vale a pena pensar sobre isso por que, afinal, nunca terei essas respostas mesmo.
Hoje tenho novos amigos, sou uma pessoa diferente, melhor, mais leve? não sei bem qual adjetivo usar e agora tenho novas escolhas a fazer, novas possibilidades de caminhos à seguir e me sinto perdida com tantas portas. Temo seguir por caminhos muito "quadrados" que obriguem a ser alguém muito diferente do que sou, que me obrigue a me adequar a um padrão engessado, correto como um relógio britânico, chato. 
Quero algo que me permita ser quem sou e que eu possa tirar um tempo pra mim, nada que me obrigue a ser um robô, alguém que só pensa e fala sobre trabalho. Quero ser livre para exercer a profissão que escolhi e ainda viver uma vida de hippie. Dá pra ser? hahaha
Enxergar além das aparências, compreender aquilo que é distante da minha realidade, conseguir viver com o necessário, o suficiente para viajar e encontrar amigos de vez em quando. Ser dona do meu tempo. Não é muito o que Lhe peço.

O que me atrai

Esses dias estava lembrando, sem saudades, dos tempos em que éramos "nós". Eu via você chegar com aquela cara de sono e cheirinho de banho recém tomado para me dá um beijinho de bom-dia. Não, você não era bonito, mas eu gostava daquela sensação de casal antigo, sabe?! Não algo sem graça, mas algo habitual, algo concreto apesar de tudo. Morria de rir quando você vinha me vê assim com uma cara de quem não quer nada, mesmo que ambos soubéssemos muito bem o que queríamos. Era divertido, leve. E mesmo você não sendo nada parecido com os padrões que eu buscava num cara, eu gostava de você. 
Havia um charme que me atraia, não sei se eram os dentes levemente tortos, a autoconfiança que transparecia na sua postura (mesmo com a hipercifose torácica) ou seu jeito de andar. Ríamos juntos, partilhávamos momentos, amigos, músicas, desejos. Mesmo com o fim irremediável, vejo que fomos felizes dentro dos nossos dias limitados.
Hoje vejo que o que me atrai num cara não são os músculos salientes, nem o sorriso branco e impecável. Isso hoje mais me parece um boneco de plástico. Acho bonito mas não desejo do meu lado para dividir meus dias. Não faz meu tipo, e nunca fez na verdade.
Gosto dos caras divertidos, que gostam de música e tem algum hobbie (seja lá qual for, desde que seja algo que ele goste muito. com paixão), dos que não se importam com o superficial, dos que sabem do charme que têm mas não se acham por isso. Gosto dos caras, inteligentes, com um papo envolvente (daqueles que te mantem pressa da conversa por horas e horas), simples, completos.
Um cara que confie em si e saiba fazer uma garota sorrir não deve ser tão difícil de achar, certo?

E você, meu ex-sempre-grande-amor, fique bem e espero que ainda conserve seu charme e confiança. Tenho certeza que há alguém por ai que gosta deles tanto quanto eu gostei um dia. 

Kiss

Gosto de beijos demorados, daqueles que parecem não ter fim, os que nos fazem esquecer do tempo, da noção. Aqueles que te prendem numa bola impenetrável, sabe?! (Nada de selinho! "isso nem é beijo") Então... é disso que eu tô falando. Os melhores, os mais inesquecíveis, com certeza. Me perco e me acho ali mesmo. Acabo cativa por opção. Aceito me prender a ti sem o menor desprendimento, receio ou ressalvas. Eu, tu, nós... Posso conjugar a noite toda, principalmente usando o nós. A noite toda, a semana toda, o mês, a vida, o infinito e além. E tudo começa assim, de um simples beijo.

Por que não tenho um namorado

É comum as pessoas estranharem eu não ter um namorado. Não dizem, mas demonstram. Os íntimos perguntam sem cerimônias mesmo (acham que sou assexuada!) Não julgo meus amigos, podem mesmo questionar isso, mas o fato é que tenho mesmo motivos. Não que eu tenha que me explicar pra ninguém, mas hoje me bateu vontade de falar sobre isso.
Nos tempo de escola, quando a galera estava descobrindo o que era beijo, todos beijavam descontroladamente. quanto mais e mais demorado, melhor. Quem não beijasse era uma espécie de aliem, Por sorte, nunca me importei em ser diferente da grande maioria.
Nunca liguei muito para a aceitação nos grupos "tops" sempre fui na minha. Era uma careta, mas fazia tudo a minha maneira. Nunca gostei de usar roupas, ouvir músicas, falar gírias ou ir a festas só porque estavam na moda. Vestia, falava e ouvia aquilo que eu gostava, e até hoje sou assim (conservo no meu vocabulário palavras como bacana e brotinho).
Não cedi a essa pressão dos "amigos", é tanto que vim beijar com 16 anos. E não foi pra galera aplaudir, nem pra impressionar, foi porque eu gostava mesmo do cara e ele de mim. Parece absurdo mas... sei lá, essa ideia de seguir tendências por seguir nunca combinou muito comigo. E mesmo que digam que eu sou estranha, eu não me abalo, porque no fim das contas me importo comigo, com minha consciência e mantenho minha paz de espirito. 
Se eu quero um namorado? Com certeza! Se fico louca com a espera? De forma alguma!
Eu quero alguém comigo, pra dividir momentos, viagens, partilhar músicas, rir! Mas não faço essa busca um propósito de vida, sabe? Tenho muito planos para minha vida, embora não sabia o que farei nos próximos dias. Um de cada vez. Estou aberta às possibilidades. Se o cara estiver à dois passos, ótimo! Se tiver em outra cidade, tudo bem! 
Acredito que tudo tem o momento certo para acontecer. Se ele tivesse aparecido há uns 2 anos, provavelmente eu não teria o visto (será que ele passou por mim em alguma rua dessas?), eu estava fechada para esse sentimento. Se ele parecer agora, a história certamente será outra, afinal eu me sinto livre, leve, pronta para ele, o amor (ou o que quer que seja). 
Por muito tempo eu idealizei o cara ideal, sabe? (Culpa da disney e seus príncipes). Hoje eu sei que todos trazem seus defeitos e suas marcas, aquilo que nos torna diferentes uns dos outros. Eu sou um conjunto de defeitos ambulantes, confesso. Já melhorei muito mas sempre há algo que permanece, querendo ou não. 
A ideia de perfeição atrapalha muito, queremos ser perfeitos e queremos que os outros também sejam. Mas isso é uma viagem sem fim, porque a perfeição não existe. E as vezes, o que alguém considera um defeito, eu posso considerar o Sex appeal do cara.(Por exemplo um sorriso torto, pés tortos, timidez...  tenho uma amiga adora vesgos!)
A real é que eu não me importo em esperar o que for valer a pena. E espero o quanto eu quiser e isso não é da conta de ninguém (a ainda que seja, já sabem: Não, Ligo.)



"E nossa história 

Não estará 

Pelo avesso assim 
Sem final feliz 
Teremos coisas bonitas pra contar 
E até lá 
Vamos viver 
Temos muito ainda por fazer 
Não olhe pra trás 
Apenas começamos 
O mundo começa agora, ahh! 
Apenas começamos"
Metal contra as nuvens - Legião Urbana.