segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Quando a presença pesa mais

É interessante como me sinto bem perto de você.
Sei lá, eu gosto de estar, mesmo quando há silêncio sem fim. Nós nos olhamos, depois olhamos para os lados, rimos e continuamos ali, contidos no silêncio, no abraço, no carinho. Quando a gente não fica muito à vontade perto de alguém e falta assunto, rola um silêncio constrangedor, irritante e todo mundo busca algum assunto, qualquer um, para matar o silêncio. Eu não, eu amo silêncio. Nos falamos sempre mas quase não nos vemos e quando isso acontece eu quero sentir sua presença. Ficar abraçados, fazer carinho, mexer no cabelo um do outro... não precisamos de palavas para sentir presença.
Lembro de uma vez que saímos, acho que foi a primeira (e única) vez que saímos de verdade, sem a pressa, sem olhar a cada minuto pro relógio. Éramos só duas pessoas se encontrando para passar um bom tempo juntos numa tarde de sábado. Nesse dia eu estava mais à vontade que nunca, minhas roupas falavam por si: short, camiseta básica e chinela. Depois fiquei pensando "Sério que eu sai como se fosse no supermercado?", sim, sai. E não estava largadona por não me importar mas sim por me sentir à vontade ali, com você. Não tinha aquela sensação de causar uma boa impressão, nem seduzir, nem da nada assim, só me sentia bem de um jeito que não precisava ficar desconfortável de forma alguma, nem pensar em cabelo, salto ou maquiagem. Bem de um jeito que eu só fico perto dos amigos e família, ou seja, dos que quero e me fazem bem.
Não sei você, mas eu me sinto bem com o silêncio entre nós, dá uma sensação de estar em casa após um dia cansativo. Sabe aquela paz de enfim chegar em casa após um dia ralado no qual você acordou tarde, perdeu ônibus, levou puxão de orelha do chefe, ficarou até mais tarde no trabalho, pegou busão lotado na volta e ao fim do dia (enfim!) poder tomar um banho, comer, deitar e assistir sua série favorita? Então, é isso que sinto. E é engraçado sentir isso com você mesmo com todas nossas diferenças, nos conhecendo há tão pouco tempo e nos vendo menos ainda. Não sei, só... parece tão certo estar ali!
Não entendo essa coisa toda e isso de distância... não sei lidar, mas faz assim ó, me aluga teu abraço para eu morar um tempo lá? Coisa pouca, bem simples, nem vai atrapalhar. Prometo ser uma boa inquilina, pago direitinho e faço a manutenção do espaço.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Já nem sei se tem fim

Já passa da meia-noite, então já é segunda e eu estou aqui, escrevendo sobre você quando deveria está dormindo, já que amanhã é dia de trabalhar. Para falar a verdade, tenho pensado muito em você, há dias e é confuso por eu mesma ter sugerido que nos afastássemos, eu sei, não deveria te enviar nada disso porque se é confuso para mim, imagina para você. Não quero que pense que estou brincando com você, mas é que eu sou essa pessoa contraditória mesmo: o que eu penso, falo, sinto e faço quase nunca estão em concordância, pelo contrário, é cada um por si e isso dá uma confusão... te contar viu?!, mas, tenho trabalhado para não ser tããão assim. Por isso não falo com você sempre que penso, estaríamos nos falando o dia todo se assim fosse.
Eu não queria te escrever, nem pensar em você mas eu não controlo e uma coisa leva a outra. Eu sinto falta de dividir meus dias contigo, ainda que à distância, pois eu sabia que você estava ali para ouvir, opinar, apoiar e sei que você vai dizer que continua ai, mas se eu disse que devemos nos afastar então devo manter, pelo menos até que tenha certeza que podemos de fato tentar algo (isso se algum de nós não conhecer antes alguém que mude tudo). Disse-te que tenho o hábito de estragar as coisas né?! Pois bem.
Pensando analiticamente ainda acho que não combinamos tanto assim. Mas, pensando com carinho, até que poderíamos caso eu me esforçasse um pouquinho. Aliás, ambos. Acredito que tudo é uma questão de encarar que, sim, somos diferentes e ter disposição para tentar entender o lado do outro, entrar um pouco nesse mundo novo e permitir a entrada também. A troca é mútua, mas entenda, é difícil para mim isso, de abrir as portas do meu mundo. Me fiz uma pessoa meio dura, desconfiada de tudo, cética e nada disso combina com relacionamentos. Já disse que gosto de você? Certamente não vai acreditar, mas é verdade. Nem sei porquê mas, sei lá, só gosto. 
Sabe, tanta coisa que eu queria te dizer esses dias que mal nos falamos e é engraçado pensar em quanta coisa quero dividir com você: Queria te contar que mostrei aquele texto para minha avó e ela chorou de tanta felicidade; que se aquela prova que fiz fosse sobre você eu certamente teria conseguido a vaga, porque... eu só pensava em ti, lembrando das vezes que nos vimos e das suas piadas ridículas; que estou "montando" meu livro; que sinto falta do seu "bom dia bb"; queria te contar que já sonhei com você, não uma, nem duas mas várias vezes; te contar dos meus sonhos, projetos e metas; queria te mostrar uns trechos de um livro que eu amo e, quem sabe, te convencer a lê-lo; queria te contar das histórias dos tempos da faculdade, dos amigos que perdi, dos amores que passaram, das cicatrizes que carrego. Queria que soubesse que sempre leio nossas conversas e acordo ouvindo as músicas que você me mandou (inclusive, pode mandar mais se quiser), ah, que sinto falta dos teus abraços e carinhos. Queria dividir tudo isso e que você dividisse sua vida comigo também. Queria te ajudar a ser mais confiante, a resolver suas questões com seus amigos, entender seus pensamentos e te fazer bem.
Só queria te deixar ciente que eu pedi para nos afastarmos mas não consigo te afastar e nem sei se quero de verdade também. Aproveitando o ensejo, quero te deixar ciente que não precisa ficar esperando eu resolver minha vida, até porque nem sei como fazer isso, e que torço para que essa situação se resolva logo, seja lá como for, não gosto dessa sensação.
Provavelmente não te enviarei isso e talvez seja melhor assim, para não gerar expectativa (ou raiva mesmo rs).
Mas se eu enviar... desculpa não te deixar me esquecer.
Fique bem, sinto sua falta.
Beijo.
(E quando mando beijo é na boca mesmo)