domingo, 9 de dezembro de 2018

O redator - Zimbra

Eu vi você pulando a minha página
Talvez você só queira ler depois
Não fiz tanta questão de ser direto assim
Talvez você perceba isso depois
Eu sempre fui tratado muito bem
Nos meios dessas linhas que eu já fiz
Seguiam pelas coisas que eu falei
Mas a metade mesmo diz
Que é tudo versificação
De alguma história que eu refiz
Me lembro de ter que explicar
Como é que essas coisas funcionam
Evito de ter que pensar
Que as melhores frases se foram
E não voltarão pro lugar
Pro mesmo rascunho que entrega
Milhares das informações
Que nem todo mundo
Pensei em anotar tudo que você diz
Daria uma bela matéria no jornal
Na parte de entretenimento ou coisa assim
Já que você não chega até o final
Me lembro de ter que explicar
Como é que essas coisas funcionam
Evito de ter que pensar
Que as melhores frases se foram
E não voltarão pro lugar
Pro mesmo rascunho que entrega
Milhares das informações
Que nem todo mundo se apega
Tá tudo bem com você?
Faz tempo que você não escreve
Eu sinto tanta falta de ler
Seus textos fabricados em série
Escreva alguma coisa, por favor, meu bem
E lembra de assinar no fim da folha

A primeira vez com ele

"Já faz um tempo mas eu gosto de lembrar" 

Depois que transei primeira vez, esse trecho de "Não é sério", do CBJr., nunca mais foi o mesmo para mim, pois me remete àquela noite que eu gosto de lembrar. Aquela...
Estávamos junto há um tempo e eu já o queria mais para além dos beijos. Ele, queria bem mais que eu, porém era paciente e compreensivo, respeitando meu tempo. Eu pensava vez ou outra como seria, o quanto eu queria e o quanto poderia ser bom apesar de todas avisarem que era ruim a primeira vez, porque doía, contando suas experiências. Sim, não era só a primeira vez com ele, era também a primeira vez na vida!
Apesar de toda pressão que há sobre esse assunto tão polêmico e que deveria ser pessoal, eu estava tranquila. Ciente da possível dor eu não me "traumatizaria", nem iria com receios, "moça, só relaxa e..." vocês sabem.
Lembro bem desse dia: Eu coloquei aquele vestido canelado com listras que me veste bem apesar de estarem dispostas na horizontal (todo mundo sabe que engorda, mas eu estava plena mesmo assim), um sapato confortável, fiz uma maquiagem leve e amadora (ler-se batom e rímel) e arrumei a mochila: Nela estavam alguns itens de trabalho para realizar o atendimento agendado para o fim de tarde e o necessário para dormir fora, afinal, seria noite das meninas e assim que acabasse de trabalhar ia para a casa de uma delas para uma super noite de pizza, vinho, música, conversas e gargalhadas. E assim aconteceu.
A pizza estava ma-ra-vi-lho-sa! Para quem tinha trabalhado a tarde toda e pode desfrutar de uma bela massa com bordas recheadas... não tinha preço! A conversa, nem se fala, sempre é uma delícia estar com elas que tanto me fazem bem. O riso é sempre certo nos nossos encontros, mesmo que comece com frustrações o desabafos. Ah e claro, o vinho sempre será uma ótima pedida para nossos encontrinhos, mesmo que uma delas não beba.
Não lembro se foram uma ou duas garrafas mas sei que postei fotos, vídeos, em todas as redes sociais (coisa que eu nem costumava fazer, vale lembrar) fiz chamadas de vídeo... tudo que atestasse que eu estava ali, para poder fugir em paz, caso eu assim decidisse fazer.
Aproximando-se da meia noite alguém falou em ir para uma balada, acho que foi o irmão da amiga-anfitriã da noite. A possível balada seria numa região mais central da cidade, um tanto longe de onde estávamos. O povo começou a se animar, menos uma que teria aula no dia seguinte. Ai eu pensei "Que tal hoje?" Sim, eu havia decido e ele obviamente não acreditava nenhum pouco que eu iria para lá. A anfitriã e seu irmão já estavam prontos para pedir o uber, a moça da aula decidiu que ficaria lá mesmo para ir cedinho para a aula, dispensando a balada e eu disse que ia para a casa dele. Todo mundo ficou sem entender, porque eu disse do nada. O irmão da amiga ficou dizendo coisas do tipo "Que namorada massa, indo uma hora dessas pra casa do cara" e as meninas um tanto chocadas pois sabiam que eu nunca tinha feito isso e estava muito tranquila e decidia pelo mesmo motivo. Por volta das 2h pedir um uber para minha amiga e seu irmão irem para a balada e a amiga que ficou em casa pediu um uber para eu ir para a casa do sortudo da noite (nada de deixar rastros da fuga. Garota esperta.). Entrei no  uber e segui conversando normalmente, não me importando com os fatos que geralmente me preocupariam: (1) estar num carro sozinha com um desconhecido, (2) estar num carro sozinha com um desconhecido na madrugada e (3) estar num carro sozinha com um desconhecido na madrugada indo para um lugar que eu nunca fui. É possível que o álcool tenha dado uma dosezinha de coragem? Sim, é possível mas, até aquele momento eu não estava arrependida.
O motorista era um cara romântico e foi o caminho todo me contando a sua história de amor com sua esposa, desaprovada por seus pais. Mostrou-me fotos do filhinho deles e foi muito gentil por toda a viagem, que era um pouco longa mesmo sem trânsito e passando por todos os sinais. Deu até para apreciar a cidade: tranquila, iluminada na maioria dos trechos que passamos, pude notar algumas placas e fachadas que nunca tinha visto até então, mesmo já tendo passado por boa parte do caminho, coisas da nossa vida corrida. Ao me aproximar do destino final nos perdemos e isso me deixou um tanto preocupada, afinal, eu não estava num bairro tranquilo. O sortudo estava no meio da rua, aposto de incrédulo e assim facilitou o término da viagem. Cheguei, é isso.
Ele pegou minha mochila e entramos. Não dava para ver muitos detalhes mas uma espécie de vila, com alguns carros estacionados ali onde parecia uma ruazinha sem saída. Subimos vários lances de escada até chegar na varanda dele, que era bem arejada. Tinha uma lavanderia e um lugar para armar rede. Parecia ser um espaço bom para churrasco e reuniões reservadas. A porta era de vidro e havia uma pequena antessala. Subindo um degrau tinha-se a cozinha e depois, a suite. Coloquei minha mochila numa mesinha, avisei as minhas cúmplices que havia chegado bem e fui ao banheiro lavar as mãos para tirar as lentes. Feito isso, ele não perdeu tempo e começou a me beijar. Quando vi já estava deitada, e enquanto ele subia em mim, aquele calor subia junto. Meu vestido, pobre vestido, já estava amarrotado e eu só pensava em como ficaria mais confortável sem ele. Concordamos então o tirei. Enquanto tirava pude notar rapidamente que havia uma tevê ligada e que tinha um filme passando, perguntei qual era e comecei a rir ao notar que estava em outro idioma, mandarim  se não me falha a memória. Não lembro qual filme era mas acho que gostaria de assití-lo só para saber se era melhor do que o que estávamos fazendo ali. Duvido.
Ok, então, depois de nos livrarmos das roupas tão desnecessárias ali, ele me mostrou o quanto a boca dele pode ser boa quando usada para outras coisas além de falar e beijar minha boca. Ganhei beijos no pescoço, costas, barriga, pernas... Onde você imaginar e tudo era bom. Vez ou outra ele perguntava porque eu estava rindo, ora era porque estava bom e outras vezes por cosquinha (igualmente bom), eu estava feliz ali. Chegada a temida hora eu comprovei: sim, dói, mas nada de desistir. Eu fui lá para isso mesmo, certo? Pois bem, mostre que você é decida, garota! 
Ele tentava ser delicado e dizia coisa que me acalmassem mas eu sempre fui desbocada e dizia "C@r@lho, isso dói" e ele, na tentativa de amenizar minha tensão todo sem graça disse "tá, mas é um" eu, com toda minha delicadeza meio que gritei que, iria dar um "consolo" para ele de presente para ele saber como doía uma coisa dessas num lugar inexplorado. Ele teve crise de riso, eu tive crise de riso e a gente quase parou de tanto rir. Mas não paramos. Confesso que fiquei surpresa com o tanto de sonoplastia que proporcionei e com o volume também (por sorte não eram meus vizinhos).
Rimos a noite toda. Estava alvorecendo quando fomos tomar banho juntos para poder dormir. Acordei poucas horas depois, dentro do abraço dele, numa conchinha. Não imaginei que dormir junto seria bom, mesmo me mexendo muito consegui dormir bem (por sorte foi só o começo de nossas conchinhas).
Ao amanhecer, comemos alguma coisa e ele foi me deixar na parada. Peguei o ônibus errado, para variar e inventei uma história para justificar minha decida numa parada nada a ver. Cheguei em casa moída, da caminhada e da noite. Dormi logo e acordei com ele já na porta lá de casa, fingindo estar me vendo só agora. Cara de pau, não sei quem de nós dois era o melhor ator.
Sim, mesmo sendo a primeira vez, eu aproveitei a viagem, "cheguei lá" e depois disso as coisas só melhoraram, a cada dia que passa a gente descobre algo novo, testa e se diverte. Hoje em dia não é só transa, também tem amorzinho, sexo selvagem, sexo acrobático, para fazer as pazes... Podemos ter nossas brigas e divergências mas, nesse aspecto... sempre nos demos bem. E é bom lembrar de como tudo começou: foi um momento louco e de muita coragem por me aventurar noite adentro saindo de outra ponta da cidade, de muito riso, companheirismo e amor. Foi uma coisa beeeem aquariana? Foi.
Foi tão leve quando eu gostaria que fosse e, mesmo que terminemos algum dia, o que espero que não aconteça, eu sempre terei esse sorrisão no rosto quando lembrar da primeira vez com ele.



Esse é um texto da série que faço com a Liz, onde escrevemos o mesmo tema sob a perspectiva de cada uma. Para ler o texto da dela clica aqui.