terça-feira, 30 de junho de 2015

Resposta atrasada

Certo dia, entre amigos , me senti desrespeitada. De imediato fiquei sem ação, sem palavras. Apei o dia refletindo sobre aqui o que me fwa sentir muita raiva e revolta, de modo que não consegui articular palavras adequadas para uma resposta merecedora.
Como sempre acontece comigo, a resposta só veio depois de uns dias  e isso faz com que eu engula esse sentimento ruim e o guarde até sabe lá Deus quando.
Naquele momento eu deveria te exposto minha indignação, minha falta de compreensão diante de tamanho absurdo. Deveria ter perguntado: "hey, otário, me explica porque ela merece mais respeito do que eu. É porquê tem um namorado? Porque é cristã? Porque não fala palavrões? Porque eu devo ser menos respeitada que ela? Não entendi qual a sua... Sou menos garota que ela, mais vulgar, qual é? Esse decote sugere que você deve apertar meus peitos?" isso teria levado a um entendimento rápido da questão que se passava e seria resolvido ali mesmo, sem que eu tivesse a chance de pensar e ficar com essa raiva. Agora, há o risco de ela ir e vim a qualquer momento, sem aviso nem hora marcada e, hoje em dia já não sei esconder o que sinto, sou transparente. Posso até não falar com palavras, mas meu corpo, olhar, expressão... Todos falam e gritam aquilo que sinto.

domingo, 28 de junho de 2015

Fé e religião

Esses tempos de debates religioso, leis contra a intolerância religiosa e afins me trazem algumas reflexões. Sempre fui uma curiosa e apaixonada por saberes e culturas. Por causa disso já visitei catedrais, templos, igrejas históricas católicas, igrejas evangélicas, centros espíritas... E mais um monte! Fora os livros, claro. Sempre me interessou muito compreender as religiões que nos cercam e as que agem no mundo (inclusive o islã, óbvio). Acho que procurei muito, tanto para saber quando para descobrir se me achava em algumas delas, uma vez que já me senti estranha por não ter religião alguma. 
Na minha casa meus pais sempre foram muito abertos com religião, não nos forçaram a ir ao catecismo, nem a participar de nada de igreja, então crescemos com a visão ampla de todas as possibilidades. Tentei me achar de várias formas, mas até aqui, nada.
Sabe, cada religião tem sua forma de ver e apresentar o mundo para aqueles que as sigam, isso é fato. Acontece que sou pensante, nunca fui de aceitar um "porque sim" sem questionar, sem entender o porquê, é da minha natureza querer entender, o que não é muito fácil, principalmente no cristianismo. Não creio em santos, nem brux@s, não entendo datas festivas (católicas) ou as restrições (principalmente das protestantes), pouca coisa sei sobre o budismo, não entendo o poder das encruzilhadas nem das simpatias. 
Posso está falando absurdo aqui mas a verdade é que eu sempre acreditei em Deus mas não como o descrevem por ai, não o que está no livro sagrado cristão. Acredito que Deus é um ser humilde e simples, que deseja apenas que amemos uns aos outros; um ser que não exige um ele com E maiúsculo. Não é egocêntrico e por isso mesmo é um ser superior. Que não está só no céu, mas na terra, nos rios, mares, ar e no meio de nós. Ele se mistura para pregar o amor, trazer luz e paz de espírito. Eu acredito num ser maior que esse templos grandiosos, cheios de engravatados e suas esposas com jóias e perfumes caros, Deus é mais que isso, mais que tudo isso. 
Independentemente da religião, se todos buscam a paz, o bem e sem ferir ninguém no caminho de sua busca, não importa a religião ou senhor que seguem (e servem). O bem e o amor são essenciais. Não importa se você vai rezar, orar ou oferecer,  tudo é válido se você crer que aquilo é bom, que é para o bem e que não fere ninguém.
Em minha busca não encontrei uma religião que eu consiga seguir, que eu confie que poderei ser eu e pensar livremente estando com ela. Continuarei crendo no meu Deus e com fé em mim, nas minhas escolhas, nos meus caminhos e minha capacidade de resistir e superar. Até lá, sigo com bons amigos buscando o crescimento, formas de praticar o bem, levando luz e alegria para os outros sem me importar com suas religiões (ou ausência dela).
Creio que o mundo pode ser um lugar melhor se algum dia as pessoas se preocuparem menos em criticar e tentar mudar a religião do outro e se unirem por causas maiores e mais urgentes como a fome, abandono, saúde, violência... Tenho fé em mim. Ainda tenho fé na humanidade.




"Não é preciso que a bondade se mostre; mas sim é preciso que se deixe ver." 
(Platão)

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Fazer o bem


Outro dia, em mais uma das minhas várias observações do comportamento humano, percebi que a lei que vem predominando é a do "deixa se virar". Por exemplo, se tem alguém que precisa de ajuda mas nem sempre fez por merecê-la, simplesmente dizem, deixa se virar. Isso não me faz o menor sentido. Se eu posso ajudar porquê não fazê-lo? Nesse mesmo dia recebi ajuda duas vezes de pessoas desconhecidas, sem se quer pedir, mas de fato precisei então porque me negar ajudar se o mundo vem me ajudando dia a dia? 
Todo o bem que fazermos volta para nós, mas não é pensando no retorno que devemos ser solidários. Precisamos compreender que somos uma célula, parte de algo maior e mais lindo, precisamos entender aquele velho jargão que "juntos somos mais fortes". E somos mesmo. O apoio é essencial para o crescimento do grupo (seja ele qual for) e pessoal também. Faz bem fazer o bem. Saber que ajudou alguém, ainda que com um gesto simples nos enche de orgulho e aquece o coração, todo mundo deveria tentar.

É preciso entender que a raiz de todo o bem é o amor ao próximo, é fazer aquilo que você gostaria que fizessem (ou não fizessem) por você. Enquanto não compreendermos que precisamos nos unir e nos ajudar as coisas não vão mudar. Vamos continuar vendo de braços cruzados absurdos acontecerem sem fazer nada. As pessoas não são más, elas só estão perdidas. Ouvi isso em uma música de Criolo e desde então nunca saiu da minha cabeça e eu acredito nessas palavras. Acho que o bem pode mudar as pessoas e as pessoas podem mudar o mundo. Pode ser um sonho ingênio, utopia, sei lá...chame como quiser, mas é preciso ter fé e crê em coisas maiores se quisermos enfrentar esse mundo doente no qual vivemos. 
Seja a luz para alguém no escuro, seja a mão que ajuda alguém a levantar, seja a pessoa que diz "vai dar certo" para um desesperançoso, dê abraços apertados e sorrisos calorosos. Seja luz, leve amor. Ou o contrário: seja amor, leve luz.

sábado, 13 de junho de 2015

Coisa de preto


Hoje acordei com vontade de ser ainda mais negra. Após ouvir uma história africana e ter pesquisado um pouco mais no dia anterior (coisa de curiosa, não consigo me contentar com pouca informação) me vi cheia de sentimento pela mãe de todas as nações.
Ler a respeito das expressões, religião, costumes... Como é rico esse continente! Me enche de orgulho e tristeza. Se por um lado amo tê-lo em minha essência, através dos meus ancestrais, sinto muito por eles terem vindos cheios vigor e traficados, vindos à força para uma terra nova, sendo obrigados a trabalhar, esquecer sua língua, seus costumes e sendo maltratados. Dói imaginar o quanto sofreram, o quanto meu sangue foi derramado e quantas lágrimas ficaram pelo caminho. Dói ver que mesmo após tantos anos a população negra ainda é marginalizada e sofre tanto preconceito e racismo.
Nesse dia saí de casa com meu melhor turbante, com uma amarração diferente, coloquei brincos grandes e um batom vermelho. Nos fones ouvi uma playlist cheia de reggae, rap, samba e soul. Delícia de música. No caminho vi muita gente me olhar como se fosse coisa de outro mundo. Engraçado, um "pano" na cabeça chamar tanta atenção assim. Chega a ser cômico ver que a cultura negra é tão incomum e que elementos europeus ou norte-americanos fazem mais sentido por aqui. 
Que viagem! A umbanda e candomblé serem tratados de forma tão pejorativa por todos, inclusive negros, devido a falta de saber, de conhecimento da própria história, a história do povo que de fato construiu esse país juntamente com os índios.
Acordei orgulhosa de ser quem sou. Feliz pela cor, pelo gingado, pelo cabelo, pela capacidade natural de superação. Coisa de preto (e todo mundo tem).
Quero mais cabelo crespo nas ruas, quero cachos livres das chapinhas, alisamentos e a porra toda. Quero cores, tambores, (capoeira!) riso solto e orgulho das nossas raízes. Quero respeito e expansão da cultura afrodescendente. Resistência. 
Axé!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Acasos (?)

Acordei correndo, mais uma vez atrasada. Por sorte não trabalho hoje (folga no meio da semana, uhu!). Desde que consegui (enfim) tirar minha habilitação, meu despertador deixou de funcionar, é impressionante como consigo perder a hora! Hoje marquei de ir para a praia com as meninas, e sabendo que elas são tão atrasadas quanto eu, é capaz de eu chegar antes delas. 
Começa a tocar uma música MA-RA-VI-LHO-SA no som e eu me empolgo, como sempre. Acontece que eu sou do tipo que fechas os olhinhos quando canta empolga, algo não muito bacana de se fazer quando se está dirigindo. Não deu outra, o sinal abre e quando vou trocar a marcha, sei lá o que acontece, e o carro morre. Nisso o carro que vinha atrás, bate. Ah, lá se vai minha manhã na praia.
Desço descalça e com um vestidinho de praia branco, que por sorte não é transparente, imediatamente paro ao olhar para a cara do furioso (e agora confuso) homem que bateu na traseira do meu pequeno cherry vermelho.
Ele usava um terno cinza muito bem passado, um relógio bonito e uma barba cerrada bem cuidada, dirigia um C4 e ainda usava aquele perfume. Poderia não o ter reconhecido, se não fossem os olhos puxados e os dentes levemente tortos que ele não corrigiu. Agora, me olhando a raiva sumiu um pouco e deu espaço ao espanto e curiosidade. Despertamos do transe com as buzinas e logo fizemos o que qualquer pessoa envolvida numa batida faz: discutimos. Eu começo;
- Ah, maravilha! Bom dia para você também!
- Você não viu que o sinal abriu, qual o seu problema?
- Bom, o carro estancou. Isso acontece. Você, com pressa quis passar por cima. Deu no que deu. E agora, como resolvemos? Meu seguro cobre esse tipo de coisa.
- O meu também
Ótimo então, problema resolvido, certo? Cada um conserta o seu e fim de papo. Agora, eu preciso correr.
- Vai trabalhar assim? - disse ele sorrindo debochado e com malícia 
- Ha-ha, engraçadinho. Tenho folga hoje, um pequeno privilégio, e estou indo a praia.
Ele riu mais ainda e disse: - Bom, acho que você vai atrasar um pouco mais. Olha, o pneu furou.
Era tudo que eu não precisava agora. Além de está ali, falando com ele depois de anos como se nada tivesse acontecido, ainda tinha que trocar pneu. Eu nunca troquei pneu na vida!
Ok, ok eu aprendi isso na auto escola, não deve ser tão difícil assim: step, macaco, chaves, tudo bem.
Comecei a abrir a mala e tirar o material, totalmente desajustada. 
- O que foi, não tem mais o que fazer não? - Perguntei ao ouvir uma gargalhada dele.
- Tenho, e muita, mas eu precisava ver você tentar fazer isso. Vai, sai daí. - E veio jogando o paletó em cima de mim, dirigindo-se para a troca de pneu.
Enquanto ele cuidava do pneu, peguei minha bolsa, procurei o celular e avisei que iria demorar (se ainda fosse) e expliquei por alto a situação.
Ao terminar de trocar o bendito pneu, ele estava todo sujo e decidiu avisar que não poderia ir ao trabalho naquela manhã. Fiz o mínimo que podia fazer.
- Muito obrigada, acho que eu teria demorado um pouco mais para fazer isso,
- Um pouco? Você não teria feito, admita.
- Qual é? Vai tripudiar agora? Bom, muito obrigada! Como já perdi minha praia e você o trabalho, aceita sair desse sol e tomar uma água pelo menos? 
- É, pode ser. - Disse olhando para o relógio.
Não muito longe dali havia um quiosque e umas mesinhas. Pedi uma água de cocô e ele uma coca. Quebrei o silêncio chato.
- Hey, soube da OAB, parabéns! - ele ficou visivelmente surpreso, mas tentou desfaçar.
- As mães trocaram informações né?
- Bem, sim, mas quando ela me contou eu já sabia. Vi a lista no dia que saiu.
- Viu? Porque?
- Oxi, lembrei que você faria esse ano e você não é a única pessoa que conheço que faz direito!
- Desculpa, é que eu não esperava... Já faz tanto tempo que nos afastamos.
- Faz mesmo, mas nem por isso sou alheia a vocês. Lembro dos aniversários, torço pelas conquistas... Só não estou perto. A vida tem dessas.
Longo silêncio. Ele recomeça.
- Me conte, como você está? Me atualize.
- Estou bem, tenho dois empregos, estou terminando minha especialização e pretendo começar meu mestrado ano que vem. Depois da formatura fiz um estágio voluntário e intercâmbio. Moro só, quer dizer, com meus filhos, duas cadelinhas lindas.
- Você com cachorro, intercâmbio? Uau, agora fiquei impressionado!
- hahaha, besta! Você não sabe como mudei.
- Curioso eu já estou. - ele ficou sério - O que aconteceu naquela época?
Eu sabia do que ele falava e tentei escolher as palavras. Por mais que eu tivesse ensaiado esse momento durante anos, elas nunca vinham de iguais. Cada tentativa um texto novo.
- Aquele foi um tempo complicado, Era um período de transição e muita coisa estava acontecendo ao mesmo tempo. Eu não soube me organizar em meio a tudo isso. Acabou que te deixar de lado pareceu a melhor opção no memento, mas não foi fácil. E talvez nem tenha sido a melhor.
- Pareceu fácil.
- Mas não foi. Acha que não sei dos erros que cometi?  Sei de todos e sinto muito. Não sou tão insensível, afinal. As coisas não saíram como eu esperava. Tudo virou uma confusão sem tamanho e por isso hoje estamos como estamos, conversando como desconhecidos. E nem precisa dizer, eu sei que boa parte da culpa foi minha. Veja bem, não toda. Você deveria se posto no meu lugar uma vez ou outra. Eu sei que você fez bem mais que sua parte para as coisas darem certo... Só que não era o meu momento, eu não estava em ordem com meus pensamentos e sentimentos.
- E agora?
- Agora estou. E já faz um tempo.
- Eu passei meses tentando entender o que aconteceu. Você nunca falava nada e agora falou mais frases juntas do que consegui ouvir sair de uma vez só de você desde que nos conhecemos, e isso é muito tempo, você sabe. Eu passei dias e noites reavaliando tudo que lembrava até encontrar pontos negativos, coisas que eu tenha feito para te afastar, mas não achei. Acabei desencadeando uma raiva que já não cabia em mim. Vê você em qualquer lugar me irritava, pela mágoa que você deixou. Perfeito eu sei que não sou, mas fui um cara legal com você, - tentei falar, mas ele não deixou, estava botando pra fora anos de mágoa acumulada então deixei que falasse. Ele precisava daquilo tanto quanto eu no fim das contas.- não merecia que você resolvesse pular fora, sem uma breve explicação ao menos. Acho que merecíamos um fim mais amigável. Me senti um cachorro velho e de rua. - Ele suspirou profundamente e continuou - Se você não estava bem era só falar. Você só precisava conversar comigo, eu poderia ter ajudado, ter entendido. Acha que eu consigo adivinhar? Esse era o maior problema: você nunca falava, guardava tudo para si, e eu ficava de fora tentando consertar tudo que eu conseguia ver mas, você nunca me deixou ultrapassar suas barreiras, te entender de fato. Acho que eu estive sozinho desde o começo, tentando (em vão) nos fazer funcionar.
Eu não podia descordar de nenhuma palavra, afinal ele estava certo mesmo. Nunca fiz nada por nós. Após um longo silêncio falei:
- Eu sinto muito por tudo, de verdade. Tudo me serviu como um aprendizado e se não tivesse passado por tudo isso não seria quem sou. Espero que o mal que te causei não tenha te tornado um homem frio ou insensível. Espero que não tenha se fechado. Como disse, eu mudei muito, mas uma coisa que se mantem é minha paixão pela literatura, que você nunca soube. Ler e escreve é um binômio que me fascina e me ajudar a entender o mundo externo e interno. Ao longo desses anos escrevi muito sobre nós e sobre você.
- Como é a história? hahaha (Essa frase é muito a cara dele!)
- É são cartas, pensamentos soltos... besteiras minhas.
- Eu gostaria de ler.
- Eu também gostaria que você lesse. Quem sabe um dia.
Conversamos sobre amenidades até que o tempo voou e a vida de gente grande nos chamou. Trocamos contatos e saímos com a certeza de enfim ter nos livrado das mágoas e virado uma página, além da promessa vaga de um reencontro.
Eu sabia que não ia acontecer, ou pelo menos achava que não, até chegar em casa e vê o paletó dele no banco de trás.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

A saudade que não cessa

Ai, aí, você não sabe como foi estar aqui hoje, comemorando nossas conquistas, sem você presente. Estar nesse lugar que você tanto amava, com pessoas tão queridas por você dói e chega a causar a queda de duas ou três lágrimas.
Você sempre nos dizia para ter calma e esperar pois os bons dias logo chegaria. Bem, eles enfim chegaram, mas estamos sem você para comemorar junto conosco.
Aquele lugar não teve a mesma luz que a comemoração anterior; não te ouvir brincar comigo por minha distração deixou um silêncio no ar e a sensação de que algo está faltando. Falta você. Faz muita falta, não só para mim, mas também para muita gente que encontrou em você uma palavra amiga, um gesto de carinho e apoio. Faltou você no primeiro dia do início do nosso esperando fim, a conclusão de um ciclo que iniciou-se há mais de  quatro anos, uma época tão esperada.
Eu sei que onde quer que você esteja, está feliz por nós e nos abraça em silêncio e diz "olha aí, eu não disse? Tudo vai dá certo, está dando. Tenha um pouco mais de paciência e isso passará. Aí você vai comemorar e poderá fazer aquele monte de coisa que você me disse que faria". Sim, meu amigo, farei sim, correrei atrás dos meus sonhos e buscarei ajudar muitas pessoas dentro daquilo que acredito e me preparei para fazer durante esses anos. 
Esteja onde estiver, receba meu obrigada mais sincero por todo o apoio incondicional e por ter me ensinado em tão pouco tempo que ajudar o próximo faz muito bem pro nosso espírito, que quem dá o bem, recebe o bem em dobro e que nada é, tudo está.

Palavras inquietas

Oi, como vai? 

Você não sabe como foi difícil tentar não te escrever mais uma carta. Resisti em quanto pude, mas a verdade é que eu já não podia aprisionar essas palavras que são tão suas quanto minhas. 
Ontem saiu o resultado de uma prova importante que há anos você se preparava para fazer, desde o nosso tempo e agora vi que você passou. Não sabes o quanto fico orgulhosa por você! 
Sempre soube do seu esforço e dedicação para alcançar seus objetivos e sei também da sua ganância e desejo de reconhecimento. Sei que vai chegar exatamente onde queres na vida, pois, você sempre batalhou por seus sonhos. Queria poder te abraçar e comemorar junto mais essa conquista mas esse  (nosso) tempo já passou. Um tempo que não devia ter existido, se é que de fato existiu, vai saber.
Pensar nisso me fez lembrar de você naquela época: sempre focado nos estudos, sempre dando orgulho a sua mãe e mesmo cursando duas graduações como um CDF conseguia me fazer bem e até saia com os amigos de vez em quando. Um menino prodígio.
Soube também, através das nossas mães, que você passou com pontuação máxima e quase cai da cadeira, tamanha minha necessidade ficar em pé, como se eu fosse correr ao teu encontro para te parabenizar. Não fiz isso mas mentalmente fiz. Sorri por tua vitória e pedi silenciosamente por sucesso em seus caminhos. Que sejam prósperos e que te levem a felicidade e grandes realizações.
Fiquem bem, muita luz.

domingo, 7 de junho de 2015

Não sei ser morna

Minha gente, pessoas queridas, vocês precisam aprender: eu sou esquisita. Já tentei não o ser e isso não funcionou. Hoje em dia até acho bom, me sinto livre para ser a estranha que sou sem dever explicações. Mas nem todos sabem, nem todos entendem então preciso dizer que quando eu me afasto, realmente quero me afastar. Isso não é uma forma de pedir adulação ou chamar atenção. Só quero ficar só, na minha. Quando estou irritada fico extremamente chata e por isso prefiro ficar só. É um ciclo. Basta me deixar com meus pensamentos e minhas músicas que eu logo volto ao "normal" (o que é normal?). Como não sei guardar coisas ruins, logo melhoro e já esqueço.
É que não sei ser morna: ou quente ou fria. Não sei fingir estar bem, sou autêntica e extremista, ou 8 ou 80, sabe?! Desde sempre fui esse redemoinho de emoções gritantes que me fazem essa estranha oscilante que sou. Mas não é de todo ruim e sempre há um motivo, nem que seja um pensamento, uma manchete na TV, um fato aparentemente banal e despercebido em uma roda de amigos, mas sempre há. Mas, como disse, basta me deixar em paz. Logo passa.

"É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?"
A via láctea - Renato Russo

Azeda

E assim um belo grupo se desfaz. Após um breve e feliz momento de troca e união entre pessoas até então estranhas umas para as outras, após muito riso e aprendizado a fase acaba e, naturalmente,  da um segue seu caminho. Deveria ser um período de transição, com aumento do tempo entre os encontros, para nos acostumarmos com a saudade mas a verdade é que não será bem assim. Por uma brincadeira aparentemente boba isso será feito de forma brusca e com um tiquinho de mágoa, de minha parte pelo menos.
Respeito é algo que fazemos por merecer e manter. Todos sabem quando e com quem fazer certos tipos de brincadeiras, as vezes vemos abertura para outras brincadeiras mas, em respeito, não fazemos.
Pena que nem todos têm essa noção e acabam se excedendo. E por mais que você saiba que trata-se de uma brincadeira o desrespeito fica. Respeito é base de todo e qualquer relacionamento, isso é fato. E em respeito a minha pessoa corto (ou mudo, ainda não sei) minha relação com alguém que poderia ser um bom amigo. Sei que isso pode desfazer laços recém criados mas respeito é coisa séria.
Eu bem que poderia sentar e discutir com ele sobre isso, mas para alguém acostumado a levar tudo na brincadeira isso viraria uma piada e, se eu preciso sentar para falar sobre isso, talvez não valha a pena perder tempo.
Mesmo ainda irritada e sabendo que posso mudar de ideia arrisco dizer que as coisas não serão mais como eram hoje à tarde.
Ah, como me irritou e me fez pensar sobre tantas coisas... Agora simplesmente não quero nenhum tipo de brincadeira com tal pessoa e como não sei direcionar meu mau humor, fico azeda para todos. 
Com raiva fico ácida, azeda e língua afiada. Sabendo como sou, me Isolo para não descontar no mundo as frustrações que me colocam ali e faço dos fones, com heavy metal em volumes máximos, meus melhores amigos.  É irritante, eu sei, mas não consigo ver outra maneira de não destilar raiva na direção de todos ao meu redor. O melhor é me trancar no meu quarto, mas já não tenho esse luxo, a vida de gente grande não permite.
No mais, espero que a raiva se dissipe. Talvez eu até esqueça isso tudo, ou talvez não (vai saber).