domingo, 30 de setembro de 2012

Dia Branco

Eu nem acreditei quando ouvi que o rádio anunciava um show do Geraldo Azevedo na minha cidade. Só de ouvir que ele estaria aqui me lembrei de um monte de músicas e meus olhos logo brilharam. Eu precisava ir para aquele show.
Aproximando-se da esperada noite, comecei a ficar aflita, afinal, o evento seria num lugar de difícil acesso e eu não havia arranjado companhia ainda. No dia eu já estava sem esperanças, então postei no facebook que não ia para o show por falta de companhia. Alguém viu e me convidou para ir com ele. Aceitei sem pensar duas vezes e em menos de 3 horas estávamos lá, prestes a ver o velho Geraldo Azevedo.
Éramos velhos conhecidos dos tempos de escola. Nos falávamos pouco, mas tínhamos certo carinho um pelo outro, uma vontade de estreitar os laços de amizade talvez.
Nem acreditei quando o Geraldo entrou cantando “Dona da minha cabeça”, meu coração quase saiu do peito! Meu amigo logo notou minha alegria, talvez por minha cara de criança feliz. Ele não parava de olhar pra mim.
Após as músicas “Caravana”, “Canção da despedida”, “Ai que saudade d´Ocê” “Você se lembra”, “Adoro Você”, “Moça Bonita” eu já estava completamente rouca! Gentilmente ele me trouxe algo para beber e comentamos um pouco sobre o show. Eu estava completamente extasiada, mas notei que ele me olhava diferente. Quer dizer, lembro-me dele me olhando daquela forma na escola, mas no meio de toda minha felicidade por esta ali, naquele show, percebi que era um olhar diferente, de cachorro pidão talvez. Voltei minha atenção pro Geraldo.
Nos primeiros acordes deduzi qual era a seguinte música, a mais linda em minha opinião. “Cara, eu amo demais essa música”, confessei. Ele se aproximou um pouco mais, já que o som estava bem alto, e me falou “É realmente uma das mais lindas, minha preferida se quer saber. Tem algum motivo especial pra você gostar tanto dela?” Sorri e respondi que não. Apesar de gostar muito ela não trazia lembranças muito fortes, me lembrava das rodas de viola na escola.
A música começou. Se você vier pro que der e vier comigo, eu lhe prometo o sol, se hoje o sol sair, ou a chuva se a chuva cair... Cantávamos bem alto, como se estivéssemos lavando a alma com aquela canção, quando notei ele se aproximar mais, querendo me dizer algo. Abriu a boca e disse “Sabe, não posso perder a oportunidade de tornar essa música muito especial pra nós dois” e antes que eu dissesse qualquer coisa ou tivesse qualquer reação ele me beijou. O beijo era intenso (libertador talvez?) e por alguns instantes não ouvi a multidão cantar, só ouvi o Geraldo cantar “se você quiser e vier pro que der e vier comigo”.
Ali eu entendi tudo, as rodas de viola, o olhar de cachorro pidão, está ali naquele show... Tudo fez sentido. Mas eu já não estava preocupada com o sentido das coisas. Nosso dia tornou-se tão branco quanto se poderia está numa noite estrelada como aquela. Abraçamo-nos e continuamos a ouvi aquela que passaria a ser nossa canção. 
Obrigada Geraldo Azevedo.



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