domingo, 9 de março de 2014

Reconciliação

Era uma sexta-feira como outra qualquer, eu havia passado no supermercado e estava indo para casa após um longo dia quando o vi. Estava meio sentado, meio deitado na mesa de um barzinho aqui perto de casa. Fiquei na dúvida se era ele mesmo ou não, afinal, meus óculos não estão valendo nada. Cheguei mais perto e confirmei, era ele mesmo. Perguntei ao garçom o que tinha acontecido com ele, o rapaz falou "ah, ele tá assim faz um tempinho, Veio com uns amigos na hora do almoço e ficaram ai bebendo ai os amigos pagaram a conta e ele quis ficar pra beber mais, ai ficou assim." ótimos amigos, pensei. 
Meu plano era ligar para um dos irmãos dele e avisar onde ele estava para buscá-lo já que ele não tinha a menor condição nem de andar, quem dirá dirigir mas, acabei não resistindo e me aproximando. Tantos anos sem nos falar, depois de tanta confusão e lá estava eu, tentando acordá-lo.
Ele foi acordando aos poucos e quando se deu conta que era eu quem estava ali, ficou confuso. Expliquei que ele havia bebido a mais e que ligaria para o irmão dele. Ele pediu um tempinho para melhorar, mas eu sabia que não seria assim tão rápido. Pedi uma água para ele, paguei a conta, avisei pro irmão dele onde o carro estava e onde eu morava e o trouxe para casa. Ele conseguiu ficar em pé (Graças a Deus) e eu consegui o trazer, já que era bem pertinho. Ele ficou calado a maior parte do tempo mas de vez em quando perguntava porque eu estava fazendo aquilo.
Nem eu sabia ao certo, mas me sentia na obrigação, afinal, ele já fez tanto por mim... eu não poderia dar as costas agora que ele estava precisando de alguém.
Chegando em casa o joguei no sofá e dei um copo grande de água-de-coco, depois empurrei chocolate e mais água e então esperei, deixei ele descansando no sofá e fui guardar as compras. Ele foi tornando e me chamou "Sabia que hoje faz 3 anos que tudo acabou pra gente?". Eu congelei, revi o calendário mentalmente, era isso mesmo. 3 anos. Três anos que eu havia estragado tudo sem nenhuma explicação decente. Ah, quanta besteira eu havia feito, logo com ele que tanto me fez bem. Depois de alguns segundos que mais pareceram horas respondi: "é, eu sei. Tenho muito a conversar com você sobre aquilo tudo, mas agora não é momento, mas tenha em mente que eu sinto muito por tudo e que foi uma grande confusão. Você deve está sóbrio, então depois a gente vai conversar sobre tudo isso, tudo bem?".
Dez minutos depois, dois irmãos dele chegaram, me agradeceram e o levaram, passaram no barzinho e levaram o carro dele também. Daí não vi mais nenhum dos três...


Duas semanas depois, dei de cara com ele na frente da minha sala de aula. Perguntei se estava tudo bem com ele e se tinha acontecido alguma coisa, ele respondeu com um olhar profundo e depois disse "a gente ainda tem que conversar". Ele lembrou disso?

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