segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Tão Diferente


Hoje fui à um luau super animado numa das praias aqui da cidade (sim, moro numa cidade privilegiada com praias lindas, :*). O lugar era simples mas com visual deslumbrante: Ondas batendo forte (causando seu som característico ao quebrar), sol se pondo e lua surgindo, brisa do mar, bons amigos, música boa. Não tem como não ser bom, correto? Corretíssimo. O repertório era excelente e acabou me lembrando que a música é um portal poderoso. 
Através da música podemos recordar com precisão fatos, histórias, cheiros, sorrisos, sensações. No decorrer da apresentação cantei Primeiros Erros, do Capital Inicial, com um sorriso nos lábios recordando minhas amigas da 7ª série que quando se juntavam só queriam cantar essa música (uma delas extremamente engraçada nunca sabia a letra mas amava "cantar"). Lembrei de um olhar que pedia que eu dissesse que o queria como ele me queria enquanto cantava para mim Luz do Olhos, do Nando Reis. Naquela noite eu realmente queria dizer essas palavras para ele, mas não consegui nem naquele dia, nem depois. Provavelmente ele pense que nunca o quis de verdade, mesmo com a história que tivemos. Nessa música a sensação foi de reconhecimento de um erro e que cometi e também de perdão. Perdoei-me por isso, afinal, não há motivo para carregar um fardo assim. Já superei isso \o/ ~fazendo a dança da vitória~
Lembrei ainda de uma viagem "ducaralho" que fiz com uns amigos quando ele tocou uma do Natiruts. Fomos para uma casa de praia e tivemos um dos melhores feriados da minha vida: leve, divertido, simples e feliz (feliz demais). Deu mais saudade ainda dessa viagem porque aquele tempo passou e a vida de todos que estavam naquela casa de praia, cantando ao som do violão disputando redes, mudou. Hoje cada um seguiu seu caminho e voou para aquilo que acredita ser o melhor para sua vida (e desejo do fundo do coração que nesses voos encontremos a tal realização pessoal e profissional).
Quando o show estava acabando o artista tocou Por Enquanto, do Nando Reis (mas que se popularizou mesmo na voz da Cássia Eller). Ali foi para matar. Todo mundo cantou com vontade e de olhos fechados na maior parte da música, inclusive eu. Lembrei de tanta coisa, tanta gente. Lembrei dos meus amigos do ensino médio que adoravam matar aula para tocar violão na quadra da escola (esta música inclusive), lembrei da viagem de despedida na qual dissemos coisas lindas e sinceras uns para os outros. Nos divertimos, rimos e na volta para casa choramos muito, pois, mesmo que todos dissessem que seria para sempre, sabíamos que seria difícil com o novo ciclo que se iniciaria nas nossas vidas. 
Mas o que doeu mais ao ouvir por enquanto foi lembrar daquele que costumava ser meu melhor amigo. Mesmo com as discussões, com as opiniões contrárias, mesmo com as religiões distintas, éramos amigos e cuidávamos um do outro. De repente ficou tudo assim, tão diferente. Sim, com ele eu achava que a amizade seria realmente para sempre, que ele iria me ver apaixonada (do tipo brega mesmo) por um cara bacana, que me chamaria para ser sua madrinha de casamento e ele seria padrinho de batismo do meu primogênito. Eu acreditava que sentaríamos com os filhos na sala de estar em um belo fim de tarde e contaríamos as nossas histórias (contáveis) de adolescentes. Mas o pra sempre, sempre acaba. É verdade, o cantou me contou. Então sentada ali, olhando aquela lua e ouvindo a galera cantar em uma só voz o finalzinho da música ("Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está e  nem desistir, nem tentar, agora tanto faz, estamos indo de volta pra casa") senti o olho marejar e a garganta apertar mas o sorriso também veio junto com a lembrança que a amizade foi sincera e recíproca até certo ponto, foi sim. 
E ao fim de tudo fiquei pensando como talento pode ser "palpável!". Um músico habilidoso munido "apenas" de voz e violão, cantando músicas escrita por compositores igualmente habilidosos formam um binômio potente capaz de tocar a região mais escondida do nosso âmago, mexer nas profundezas nos nossos pensamentos e fazer transbordar sensações e emoções. Eu poderia ir lá na frente cantar também, mas seria péssimo (sincero sim, mas com certeza péssimo), não sou artista da música. O artista, independentemente de sua área de atuação, tem esse dom de tocar as pessoas, de emocionar de levar vida. Isso é o que diferencia um artista de uma estrela: o poder sutil de sensibilizar multidões, e eu amo tudo aquilo que me faz sentir.

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