sábado, 2 de julho de 2011

Sobra tanta falta

Há anos eu sonhava com o dia em que sairia de lá, finalmente estaria livre, o mundo pra mim, o céu seria o limite! Sairia daquela cidadezinha, aquele interiorzinho como outro qualquer: cidade parada, pessoas vazias que falam de pessoas, pré-julgamento alheio, falta de opções para tudo. Esse é um retrato dos interiores, o meu não era diferente. 
Enfim sai de lá, ganhei a "cidade grande" e uma estanha saudade daquela que sempre quis esquecer. Não sei o que aconteceu, de repente me vi ali, naquela correria, agitação sem tamanho... Tudo que eu queria era a calmaria da Terra Salgada de novo.
Ah... Terrinha Salgada! Depois que a deixei percebi tantas características boas: lá em tenho muitos por mim, eu vejo o pôr-do-sol mais lindo que se pode ter, lá posso sinto uma brisa ímpar, eu caminho tranquila nas ruas a noite. Lá é meu lugar! A capital é um bom lugar, ela me abrirá portas para meu crescimento que, infelizmente a Terrinha nunca faria. 
Mas o fato é que, depois que sai de lá, as coisas não seguiram o rumo que imaginei. Eu não estava feliz por ter ido embora, pelo contrário, acabei me tornando um pouco infeliz com isso. Aqui é tudo tão diferente, ninguém fala com ninguém, são todos mal educados, indiferentes com o próximo. Aqui são todos individualistas. Lá na minha terrinha todo mundo se conhecia. As vezes bate uma saudade e uma puta vontade de beber, mas desisto ainda em pensamento. 
Sinto-me deslocada, um europeu no Haiti, por exemplo. Não sei o que houve. Antes eu gostava desse lugar, agora só penso em voltar pra casa, minha casa de verdade. Mas não posso, isso seria admitir que minha mãe estava certa e eu não sou de dar a  mão à palmatória. Agora eu vou até o fim, ainda que sofra demais com essa estranha falta.
Aqui eu conheci muita gente e todos os dias aprendo algo novo, algo que me engrandece e eu gosto disso. Espero que consiga gostar tanto quanto gosto do meu interiorzinho ou do contrário, estarei condenada a morrer dia após dia de saudade da minha Terrinha Salgada.




"Aos olhos da saudade como o mundo é pequeno."
Charles Baudelaire

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