Eu sempre levei uma vida de liberdade e pensando “ah,
enquanto eu tiver liberdade pra fazer o que eu gosto, tudo certo”, acontece que
atualmente sou escrava de uma rotina que se quer me permite fazer uma boa
refeição ou assistir um filme ou passar a tarde papeando com algum amigo. Logo
eu, que odiava a mesmice das rotinas. Eu que nunca gostei de relógios, só pelo
fato deles regrarem o tempo, me vejo com um o tempo todo. Um reflexo, uma marca
simples, uma algema requintada que me prende pelo pulso esquerdo á essa vida louca de horários que não posso
perder mas, por que tanta pressa? Para onde, de fato, tudo isso me leva? E se
for para uma rotina tão rígida quanto a que estou agora?
Penso que deveria seguir caminhos que me alegrassem. Claro
que eu escolhera a trilha na qual estou mas, não imaginei que ela me
transformaria naquela que nunca quis ser: alguém que esquece-se de si, que não
sai, que não faz coisas novas ou diferentes ou até mesmo as coisas que a fazem
bem; alguém que apaga ao dormir ou invés de sonhar ou lembrar das coisas boas
do dia ou rever o dia como um filme no teto do quarto.
Mal o dia começa e já acaba, não o vejo passar. Mais um dia
perdido e por quê?
Pra onde essa onda me leva?
“Vida louca, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve.”
Cazuza
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