domingo, 29 de novembro de 2015

Bebo porquê... Porquê... Ora, porque sim!

Meu primeiro pensamento do dia foi "nunca mais beberei". Sentia-me tonta e sem apetite, ou seja, a velha ressaca, uma lembrança que extrapolei na noite anterior.
Tenho um suave probleminha quando bebo: esqueço algumas coisas que faço ou digo e geralmente são coisas que eu não faria ou diria em um estado normal. Claro que os amigos me zoam por isso e acabo com uma ressaca moral também, mas já não me importo com esse tipo de coisa. Não tanto quanto antes pelo menos. 
E assim passei o dia me perguntando porque raios bebo. 
O álcool sempre foi presente na minha casa e na história da minha família. Meus pais bebem desde que me entendo por gente. As vezes é irritante e por mais que tentemos não acreditar, a verdade é que meu pai é um alcoolista e isso já se tornou um problema de saúde na minha casa. Meus tios bebem, um deles, inclusive, foi uma vítima fatal do alcoolismo e não pode acompanhar o crescimento de sua filha. Meus avós também bebiam e, atualmente alguns primos também bebem. Enfim o álcool faz parte, mas isso não é o meu motivo. Achei que fosse, mas não é. A maioria dos meus irmãos cresceram no mesmo meio e são aversos ao consumo de álcool e fico realmente feliz por isso.
Por quê bebo? Já passa do meio dia e a resposta não me vem. Talvez lembrado do começo possa responder.
Lembro que durante o ensino médio umas amigas e eu íamos estudar e acabávamos provando as bebidas que nossos pais armazenavam em casa por pura curiosidade de saber o que os atraía tanto no álcool. O gosto era horrível e queimava a garganta enquanto descia, ainda assim continuamos para provar uns aos outros que éramos resistentes (coisa de moleques, concordo). Nessa brincadeira de quem aguenta mais vieram vários porres e ressacas violentas, mas sobrevivemos para contar histórias (as melhores por sinal). Depois de passar muita vergonha e de, de certa forma, envergonhar meus pais, tornei-me mais moderada quando aos efeitos do álcool em mim.
Passei um bom tempo sem beber e então voltei, só que desta vez mais regrada e seletiva. Não saio bebendo qualquer coisa ou com qualquer pessoa. Meu nível de consumo de álcool depende de onde e com quem estou. Hoje me sinto mais responsável e consciente de tudo com relação ao álcool e isso com consegui conquistar depois de quebrar muito a cara (e a moral).
Mas então, por quê bebo? 
Acho que descobri.
Quando bebo descanso a mente, dou folga à algumas partes do meu cérebro que trabalham incessantemente. Eu penso demais, em tudo, à todo momento. As vezes viajo muito em meus pensamentos, passo muito tempo com ideias fixas e por vezes já me perguntei se tenho algum problema por ser assim. Quando bebo me desligo um pouco. Perco metade dos meus inúmeros filtros. Quando bebo meus riso fica mais solto, meu corpo fica mais leve e eu danço sem me importar com o que falarão, fico mais engraçada e faço piadas ridículas. Aliás, falo o que me vem a boca antes mesmo de pensar sobre. Beijo sem me importar se estão olhando... Me permito fazer tudo que meus mil pensamentos não deixam. 
Eu sei que isso as vezes é mal interpretado, me traz alguns vexames mas, como posso ficar realmente chateada se fui eu mesma? Quando bebo sinto-me mais eu porque não me sinto oprimida nem do lado de fora nem no de dentro. Só penso em me divertir e por isso mesmo hei de continuar, sem tornar isso um vício mas me permitindo ser uma versão minha sem filtros de vez em quando.
Por isso bebo. 
E assim vou vivendo até mudar de opinião.

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