sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Filhos? Melhor não, obrigada!

Eu acho que seria uma boa mãe. 
É, acho que eu seria sim. Seria daquelas que conversa numa boa, sem diminuir os filhos contando com o grande argumento "eu-sou-sua-mãe-ponto". Iria brincar como se tivesse a mesma idade, estimular a leitura e, principalmente, ajudaria a desenvolver o pensamento crítico e reflexivo. Acho que eu conseguiria formar homens e mulheres de bem e de valores afinal.
Mas não, decidi há algum tempo que não quero filhos. Se eu encontrar algum cara que me faça querer dividir a vida com ele, espero que também não queira espalhar seus genes por aí. Não é uma questão egoísta, eu até queria mesmo ter algumas crias (isso mesmo, no plural, todo mundo tem que ter irmãos), mas acho injusto e desumano condenar alguém propositalmente para viver nesse mundo. Temo o que será da minha vida nos próximos anos: Escassez de água, empregos, calor excessivo, violência crescente, descaso com educação e saúde, fanatismo, corrupção, alienação... São tantos absurdos que não consigo aceitar uma "mini-mim" solta e desprotegida por aí, sem a liberdade de ser feliz como se deve ser. Quero que este Ser seja tão feliz que não quero que venha e encontre esse mundo doente de tudo.

Parece que abriram a caixa de Pandora e perderam a tampa. 
Ter filhos é de uma responsabilidade tão grande que desde já não cabe em mim, não posso garantir liberdade, segurança e saúde para uma pessoinha nesse mundo que vivemos, infelizmente. Nessas horas penso em meus sobrinhos, nos filhos dos meus primos e nos dos meus amigos... Quero tanto bem a essas crianças que sou/serei uma tia fantástica. Todo amor, carinho e proteção que não usarei com os filhos que não espero ter será revertido para esses anjinhos que não saíram de mim mas que também serão motivos dos meus sorrisos.
Sei que ser mãe não é só parir. É criar, cuidar, proteger, pensando assim já poderia ter vários filhos mas, acredito que gerar um ser é uma experiência à parte. Saber que fecundei, desenvolvi, pari, eduquei e vi crescer uma criança que saiu de mim é algo que não posso sequer imaginar a sensação. Saber que o mundo que estamos deixando para as próximas gerações é tão caótico e absurdo que não posso conceber a ideia de passar meu DNA, o DNA da minha família à diante. No que depender de mim, acaba aqui. Vou cuidar dos meus sobrinhos (de sangue ou postiços), vou criar animais, talvez até adote algumas crianças que não tiveram culpa por nascer e por algum motivo não terem pais para cuidar delas. Vou orar para que o mundo seja um lugar melhor, não para mim, mas para os pequenos que estão vindo. Que o universo conspire à favor deles. Amém.

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