terça-feira, 22 de setembro de 2015

Olhos fechados, mente aberta

Esses dias tantas coisas têm passado por minha mente que fica difícil acompanhar as ideias e mais difícil ainda, é fazer essa transição do pensamento para o papel. Novos caminhos, metas a traçar, angústias, medos... tanta coisa que o melhor seria escrever, porém não é mais tão simples assim.
Ultimamente minha visão tem estado pior, bem pior. É gradativo. Meus olhos têm me traído. O simples ato de enxergar essa tela me cansa a ponto de dificultar a escrita completa de um texto. Mesmo usando óculos constantemente preciso fazer caras e bocas para ler uma ou duas linhas e isso me cansa muito. Não só os olhos, mas a musculatura da face de modo geral e é claro, psicologicamente. E os amigos, muitas vezes sem querer, perguntam se eu tô vendo tal coisa numa distância ridícula de tão perto mas a reposta é quase sempre negativa, quase absurdo não vê algo tão evidente em uma distância tão pequena.
Tá, é bem engraçado, confesso. Todo mundo rir e eu, como gosto de fazer piada, escracho-me um pouco mais. Rio, mas no fundo sei que as coisas não vão bem.
Ok, pode parecer um auto boicote, não está desesperada procurando médicos com urgência. Mas... não sei. Minha família já tem tantas preocupações, minha mãe tem um psicológico tão fraco, que temo muito contar a real situação e ela surtar como em outras ocasiões. Eu sei que ela ama os filhos como uma leoa e sofre por antecipação. Claro que vou procurar um médico logo mas não desesperada, não parecendo frágil, causando pena. Odeio pena. Uma coisa é compreensão e empatia com problema do outro e outra bem diferente é pena. Sentir pena é ver a outra pessoa como uma coitadinha que não tem forças ou apoio (moral ou emocional). Pena diminui as pessoas. Já sou fisicamente pequena, não aceito que tente diminuir meu ser.
Sinto que meus olhos estão desistindo da luz. Por vez se fecham, vencidos pelo cansaço, embora eu não queira parar de tentar tão cedo. Vai chegando o momento que os outros sentidos se desenvolvem. Por vezes fecho os olhos para tatear, para cheirar e ainda para ouvir.
Fui para um show dia desses e meu óculos quebrou. Tudo bem, eu já não estava enxergando bem mesmo, mas ficou pior. Pensa que eu fiquei mal humorada por não poder mais ver o show? Não mesmo. Não desisti do meu show, fechei os olhos e me concentrei nas canções; Senti o arrepio causado pelos acordes, senti alegria. Sorri. Mesmo sem ver aproveitei tanto quanto pude e os amigos vez ou outra me chamavam para uma localização melhor, para ver o músico principal, mas na real, eu nem me importava. Ouvir era mais importante naquele momento.
Vejo tanta gente por ai em situações tão piores. Não, não penso que só por isso devo ignorar a dimensão do problema mas também não quero colocar esse problema como o centro dos meus dias, minha grande preocupação e objetivo de vida.
Por mais que faça essa pose de durona e tudo mais, me incomoda. É claro que me incomoda não poder ler meus livros como antes, ver alguém a distância, escrever... Porra, até flertar é difícil. Mas creio que há um tempo certo para todas as coisas.
No tempo certo encontrarei a solução e, quem sabe um dia, possa enxergar razoavelmente bem. Vai saber, né? Não é isso para isso (também) que a fé existe? 

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