quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Sobre nostalgias, amassos e mágoas











Esses dias uma amiga veio me falar da saudade que sentia de um cara que lhe marcou. Pedi que não fizesse isso, mas ela insistiu. Não tive escolha, guardei meus anseios no bolso e a ouvi, afinal, quando amigos precisam falar a gente segura as nossas pontas e escuta. Bastou ela começar para que eu inevitavelmente lembrasse dele e de nossas aventuras.
Naquele tempo éramos tão imprudentes e sonhadores... Era muito divertido está com você. Falando com ela lembrei dos nossos tantos beijos intensos. Lembrei das vezes que meu quarto, meus pensamentos e meu corpo eram tomados por sua presença. 
Lembrei dos nossos carnavais, viagens e planos. Lembrei de tantas besteiras que fizemos e que foram se acumulando até culminar no fim irremediável. Dividimos muita coisa e um sentimento (Paixão? Amor?) tão forte que é difícil crer que se quer foi vivido em sua plenitude. 
Apesar de desafinado, lembro de cada música, cada trecho que você cantou para mim. Ainda lembro do teu gosto e do teu cheiro. Não esqueci dos teus gestos e teu sorriso torto, nem do seu jeito confiante e esperto demais (e você sabia disso!).
Como será que você está hoje? Será que já se apaixonou de verdade de novo? Ainda lembra de mim as vezes? Ainda mora nessa cidade? hahaha você ainda tem aquela cadela perturbada? Sua mãe ainda faz aqueles bolos de se comer rezando? Ah, são tantas coisas que eu gostaria de saber sobre você, sua vida... Tanta coisa deve ter acontecido ai desse lado.
De verdade, eu não queria mais escrever sobre você ou se quer pensar em ti, mas a verdade é que não consigo. Deixo ali, guardadinhas numa numa caixa imaginária no fundo das minhas lembranças, mas ao menor sinal de romance ou saudade todas elas voltam tão vivas quanto as recordações do dia de ontem.
Eu queria poder gastar esse sentimento todo através dos textos que escrevo mas parece que ele vai sempre existir em mim, como um objetivo nunca alcançado, uma meta inatingida, um riso que não veio, um brinquedo de natal que nunca apareceu embaixo da árvore.
Queria poder rasgar, te arrancar de mim, só por me atormentar vez por outra. Por mais que minha vida siga, por mais que conheça outros caras e viva outras histórias, as nossas sempre são lembradas. Você sempre é lembrado. Mas, com o passar dos anos, uma coisa boa aconteceu: Já não dói pensar ou falar de você. Acabou se tornando uma lembrança boa. Como umas ondas sabe, que de vez em quando chegam na praia. Nossa história vai, mas sempre volta aqui para me lembrar que já vivi um sentimento forte, porém não realizado ou parcialmente realizado pelo menos. (Vai ver eu deva dar nome a esse sentimento forte, mas qual? Será que foi amor ou uma paixão avassaladora? Acho melhor deixar sem nome mesmo...).

Espero, de coração mesmo, que a vida tenha sido gentil com você mas ainda espero um dia ter aqueeele meu amigo de volta. Quem sabe você até leia as tantas cartas que te destinei. Seria uma viagem no tempo, certamente, mas também acho que apagaria muitas mágoas e confusões, lacunas que ficaram pelo caminho.


"Foi tanta força que eu fiz por nada, 
Pra tanta gente eu me dei de graça 
Só pra você eu me poupei 
Será que o tempo sempre disfarça, 
Tomara um dia isso tudo passa 
Desculpa as mágoas que eu deixei"

Dublê de corpo - Leoni

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